27 - Raciocínio

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                              Melissa

                           Raciocínio

Do Latim Ratiocinium.

Significado:

Faculdade, ação ou maneira de raciocinar.

Concatenação de proposições deduzidas uma das outras para chegar a uma demonstração.

Gaia, “a de seios fartos”, é o nome dado à Terra pelos gregos, também o nome da casa noturna em que fomos.

O local era onde os mortais, vulgo humanos, festejavam, se divertiam, comiam e bebiam. Mas, ao analisar a fila de entrada quilométrica, meu raciocínio me levou a crer que as pessoas buscavam algo a mais do que beber, comer e dançar naquele lugar.

Raciocínio à parte, eu e minha família fomos conduzidos por Chase a um lobby onde algumas mulheres entrevistavam alguns dos clientes, e uma delas carimbou minha mão. O símbolo carimbado era como uma flor, e ele brilhou prateado no meu dorso.

A mulher não carimbou Chase, nem Estrelícia. Margot recebeu o mesmo carimbo que eu, e quanto a James, recebeu um belo V com tinta branca.

Desejei perguntar o motivo da ausência de identificação de Estrelícia e de Chase, contudo não tive tempo, mamãe puxou James e Margot para longe, me deixando à própria sorte, ou seja, com o Olhos de Lobo. Constrangida, não soube como agir, então coloquei para fora o que me incomodara desde que conversáramos no restaurante:

— Me desculpe pelo que aconteceu. Eu não sabia que você foi casado, nem sobre a incubadora... se soubesse, não teria levantado o assunto pai. — Embora não tivéssemos entrado na casa noturna, o burburinho em volta me obrigou a me pôr na ponta dos pés para falar no seu ouvido.

Chase segurou minha cintura me ajudando a manter o equilíbrio, e quando ameacei me apartar ele não deixou.

— Tudo bem, não tinha como você saber que fui casado. E após anos, é natural pensarem que superei o que passei, logo, as pessoas falam naturalmente sobre o assunto. — Ele copiou meu gesto falando bem próximo a meu ouvido.

— Não sei o que dizer, nunca passei por sofrimento semelhante, mas sinto muito pelo seu.

— Esquece, vamos curtir a noite. — Deslizou a mão da minha cintura até a base da minha coluna.

Eu vestira a jaqueta antes de sair do restaurante, portanto, não senti seu toque, e isso não mudou o fato que cada pelo do meu corpo se eriçou ao sentir seus dedos, mesmo sob o tecido.

Adentramos a casa noturna, e o clima do ambiente, o cheiro de bebidas, cigarros, a mistura de perfumes e outros cheiros nos assaltou. A lotação do local me intimidou, provavelmente eu seria pisoteada naquele lugar em algum momento, entretanto, não ficamos juntos a multidão.

Chase me conduziu até um mezanino que dava acesso a vários camarotes, e ele me guiou até um deles. A iluminação amarelada da sala era intimista, em certas superfícies dava a impressão de ser dourada e causavam um efeito na cor dos sofás e poltronas Chesterfield. Os sofás eram verde-floresta, mas a iluminação escurecia os móveis deixando-os como piche. Essa decoração resultou num ambiente harmonioso, deslumbrante e elegante, digno de uma área VIP.

Havia mesas bistrôs espalhadas no camarote, homens e mulheres descansavam seus copos de bebidas nelas, e algumas dessas mulheres cravejaram Chase com olhares predatórios. Não era para eu reparar nisso, nem para me incomodar, mas não sei porque reparei, nem o porquê me incomodei, e por não saber lidar com minhas emoções, me encolhi no sofá de veludo ao qual ele me levou.

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