50 - Traçando Planos

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                                Chase

                      Traçando planos

De fato a conversa começou no instante em que Byron separou os lábios e proferiu a primeira pergunta:

— Você gosta da menina Fitzgerald? — questionou tirando o curativo da ferida de uma vez.

— Sim. Ela é filha da minha amiga, pai.

— Você entendeu minha pergunta, não foi, filho? — Byron ergueu as sobrancelhas.

Cogitei mentir, ele recostou-se no espaldar da cadeira, pôs o cotovelo no braço dela, apoiou o queixo na mão e me visou argutamente, sendo assim, optei pela evasão.

— Na época em que me dispus a trazer Estrelícia para o seio da família novamente, eu a encontrei num trailer úmido e mofado nos limites de Blossom. Ela me levou até o quarto para conversarmos, e Melissa ficou na sala-cozinha assistindo desenho. Melissa comeu praticamente um pote de pasta de amendoim, e se eu não tivesse percebido seu silêncio, teria anafilaxia, teria morrido. Administrei um anti-histamínico nela sem prescrição médica, pois não daria tempo de chegar ao hospital com vida. A ruiva melhorou, mas segui para o pronto-socorro mesmo assim, e fiquei com ela durante todo o atendimento, pois Estrelícia não confiava em nenhum dos médicos do Health and Life Medical Center. A Ruiva era praticamente um bebê na época, e após quatorze anos do sucedido, não tem cabimento eu desejá-la como mulher. Há uma diferença de idade de dezesseis anos entre nós. — Um suspiro longo e ruidoso escapou das minhas narinas.

— Confesso, eu esperava outra resposta, mas seus pretextos satisfez minha dúvida. — Byron capturou minhas orbes âmbar tão parecidas com as suas. Não suportei seu olhar e desviei a mirada. — Eu só não compreendo a razão de Marcus Sempsen me ligar contando que, Isobel disse que você insinuou que em breve se comprometerá com a neta deles. — Meu pai enrugou o nariz. — Isso é verdade?

— Claro que não! De onde eles tiraram isso?!

— Parece que vocês almoçaram juntos, conversaram sobre casas, candelabros, presentes, etc.

— Nós não almoçamos juntos, elas se auto convidaram para almoçar comigo, e eu tinha companhia na ocasião. E sim, eu falei sobre casas, candelabros, sobre tudo isso, e tudo não passou de curtição com a cara delas. Eu não propus casamento a ninguém. — Mordi a língua, pois eu propusera casamento a alguém, a Melissa Fitzgerald. A proposta fora uma brincadeira, e ela não levara a sério, muito provavelmente a garota me achara um idiota imaturo.

Sorri internamente, mais uma vez relembrando nossos encontros.

— Você não vê que sua mania de brincar para disfarçar suas emoções te prejudicam? Isobel quer porque quer mais ações do hospital, e um casamento entre você e Natalya resolveria isso. Fora que há outro problema...

— Por mim Isobel ficará com os mesmos vinte e cinco porcento. Isso não mudará.

— O outro problema é que na última sexta-feira, ela comprou mais três porcento das ações — informou, me surpreendendo, e ele percebeu minha surpresa.

— Como eu não soube disso? — Levantei-me, e nervoso, andei de um lado para o outro.

— Você não é dado a burocracias, quando está trabalhando com suas crianças esquece do mundo, e nos últimos dias, tem se distraído muito mais. Seus pensamentos andam por outras terras. — Esticou o canto da boca num esgar.

— Melissa Fitzgerald não tem nada a ver com minha dispersão, Byron — fui um tanto ríspido, mas meu pai gargalhou, e ele raramente gargalhava.

— Acredito em você, filho. — Ele não acreditava. — Pense, Chase: parte do hospital é seu, mas se os Sempsen adquirirem mais ações...

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