21 - Hesitar

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                             Melissa

                             Hesitar

Do Latim haesito.

Significado:

O mesmo que vacilar ou não ter certeza; demonstrar indecisão; permanecer em estado irresoluto.

Expressar dúvida em relação a algo; demonstrar insegurança; expressar-se de modo confuso; ter muita dificuldade para se comunicar.

Eu não tinha dificuldade em me comunicar, tinha? Talvez sim, talvez não. Quanto a dúvidas em relação a algo, inseguranças e indecisões, isso eu tinha com certeza. E algumas delas me assolaram quando após se ausentar por alguns dias, Théos me alcançou no corredor da escola e me interrogou sem hesitar:

— Me conte tudo que aconteceu com você e Chase no sábado.

— Não tem o que contar, Théos. Ayo me convidou para ajudá-lo com as crianças, Chase foi um ótimo anfitrião, e nós conversamos civilizadamente. — Diminuí os passos para conversarmos melhor.

— Contando com o domingo, faz quatro dias que só nos falamos por mensagens, e nessas mensagens,  você não comentou sobre seu sábado atípico, sobre Chase, nem sobre a estupenda cozinha dos Larkins, e você adora admirar a decoração de cozinhas. Sua preocupação foi por eu faltar a escola. — Théos estalou a língua. — Não acredito que não tenha nada para contar, vocês ficaram sozinhos por horas, e não fizeram nada além de assar biscoitos? Duvido. Sei que Chase se irritou por eu te beijar — afiançou. — Ele não comentou nada sobre isso? Por que ele não reagiu com raiva ou demonstrou ciúmes?

— Ultimamente você tem usado muito a palavra ciúmes — comentei enlaçando a mim mesma.

Não ousei olhá-lo, se o fizesse, ele pescaria que desviei o assunto propositalmente, visto que eu ainda não sabia como reagir ao assunto Chase.

— Falo de ciúmes quando vejo demonstrações dele, e Chase se portou como um típico ciumento — contrapôs no instante em que chegamos a sala de aula.

Para mim o ciumento da história era ele, contudo, não expus meu pensamento.

— Ciúmes do bebê que você pegou do meu colo, eu até compreendo, afinal Chase cuida daquelas crianças como se fossem dele, agora, ciúmes de mim? Você viajou. — Torci a boca chateada com o disparate do nadador e caminhei rumo a sala de aula.

— Se você acredita que o ciúme foi do bebê; quem sou eu pra contrariar? — zombou. — Agora me dê o que eu quero, me dê detalhes. Quais foram as palavras, os olhares e gestos que Chase fez?

O nadador jogou sua mochila na mesa do canto e igualmente se jogou na cadeira.

— E como eu identificaria esses olhares? E qual olhar você quer que eu descreva? — Pus meus materiais na mesa e sentei na cadeira ao lado da sua.

— Olhares quentes — taxou.

Levantei as sobrancelhas e as franzi em seguida. A hesitação ganhou o pódio no meu coração.

O que direi a Théos?

Que Chase despertou um lado meu, desconhecido até para mim mesma?

Não. Explanar informações será o mesmo que pedir para Théos surtar. Então não, não direi nada a ele, decidi, abri a boca e o contrariei:

— Chase não me parece o tipo que lança olhares quentes às amigas do filho. Creio que o melhor a se fazer é respeitá-lo. Não quero sujar a imagem dele, sujá-la seria o mesmo que destruir a amizade que construí com Ayo — articulei clarificando a ideia.

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