No Próximo Verão

30 - Constrangimento

                          Melissa

                    Constrangimento

Derivado da palavra constranger do Latim.

Significado:

Ação ou efeito de constranger, ou de se constranger.

Ação ou consequência de diminuir o volume de um composto (ou substância) através da utilização da pressão; compressão.

Uso da violência física contra outra pessoa, coação.

Circunstância vergonhosa, situação de completo embaraço, aquilo que é desagradável.

Após meu final de semana repleto de emoções avassaladoras, o constrangimento foi a experiência emocional que tive na segunda-feira na escola. Meu embaraço devia-se à perspectiva quanto a opinião do filho do Olhos de Lobo e dos meus amigos sobre meus atos, eu tive medo deles descobrirem e me condenarem, — embora eles não soubessem o que eu e Chase fizéramos. Então me esquivei deles por boa parte da manhã, mas não era como se eu pudesse fugir para sempre.

— Até que enfim te encontrei! Parece que você está fugindo de mim — Théos vomitou ao me alcançar junto aos armários.

O nadador se jogou de costas no mobiliário ao lado do meu e escrutinou minha face. Eu não desejava ser escrutinada, e decidi que vasculhar meu armário e manter a porta aberta para tapar meu rosto era a melhor solução para evitar a análise.

— Impressão sua. Por que eu fugiria de você?

Mexi e remexi nos meus pertences, bagunçando-os mais do que já estavam bagunçados, e quando não deu para sustentar o disfarce, aspirei bem fundo, soltei o ar silenciosamente, fechei a porta e encarei Théos.

— Costumamos fugir quando devemos algo a alguém — acusou o nadador que rodava um chaveiro pela argola parecendo agitado.

— Eu não sabia que desejar ficar sozinho por um tempo era sinônimo de dívida. — Enfrentei-o cruzando os braços, e obviamente meu gesto foi para esconder o tremor das minhas mãos.

— Preciso conversar contigo, mas não aqui, não no Goodfellow, na cabana. Lá, me sinto mais eu — justificou seu pedido.

Aliviada liberei o ar que temerosa prendi. A cobrança de Théos não envolvia Chase.

— Théos, você ainda não entendeu, não é? Eu não voltarei à cabana. — As pupilas do nadador dilataram, e ele disfarçou a surpresa pela minha determinação com um olhar fugidio. Ele coçou a cabeça. — Entenda, o último verão... o último verão foi estressante para mim.

— Escuta, sei que a visita de Ayo foi uma surpresa, que você não curte novas amizades, mas após conhecê-lo, sabe que ele é legal e que seus avós são legais. Através de Ayo, você conheceu Chase, o cara mais legal do mundo! — Torceu a boca, ele nem percebeu que demonstrou desagrado.

Por que Théos não simpatiza com Chase?

— Não sei o que o pai do nigeriano tem a ver com meu verão — usei o substantivo para delimitar minha relação com Chase.

Eu e Théos não éramos exclusivos, todavia revelar o que sucedia comigo e o pai do nigeriano sem antes prepará-lo não seria legal. Até porque, eu não definira as emoções em relação ao Olhos de Lobo, fora que não tínhamos um relacionamento, nós apenas nos beijáramos.

— Nas nossas férias, quando sentava no deck, você contemplava o chalé do outro lado do lago. O chalé é de Chase, e a impressão que tive naquele almoço, foi de que vocês se conheciam antes de serem apresentados — conjecturou.