Capitulo 83

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INGRA

Uma semana depois e eu estou aqui,três da manhã e eu acordada pra me arrumar pra ir ver a Marcela. Já orei muito pelas nossas vidas,fiz propósito pra ela não cair em nenhuma tentação.

Comecei a fazer o pré-natal e perguntei ao médico se podia ir,ele disse que não me aconselhava mas que eu não corria risco. Eu tô aqui me arrumando pra ir!

Já escutei tantas coisas nessas quase duas semanas que só Jesus na minha vida,sério muita coisa ruim!Saiu em fake tantas coisas,que eu tinha armado pra Marcela ir pra cadeia e não me deixar,que a Marcela que não me deixou ir presa e assim foi.

Um verdadeiro inferno eu posso dizer! As vezes eu me pergunto se eu aceitasse calada onde a gente estaria agora,em casa provavelmente dormindo mas não eu com a minha boquinha abençoada fez ela ir até lá e o fim da história todos já sabem...

O Yuri se ofereceu pra ir me levar,disse que ia se sentir mais seguro ir me levar e esperar lá pra me trazer,eu disse que não precisava mas não adiantou de nada.

Ingra:Yza,Yza!-balancei ela.-Eu tô indo,tá? Eu volto logo,ele só acorda depois das doze.-ela confirmou.

Peguei os documentos e desci já o Yuri estava lá. Entrei no carro e quase comi as unhas toda,uma ansiedade imensa! Parece que é a primeira vez que a gente vai se ver,Deus me livre. Chegamos lá e já tinha fila.

Yuri:Tu aguenta ficar em pé esse tempo todo?-confirmei.-Cuidado ai,tá suando já! Comeu as unhas pra caralho,esquece que meu sobrinho tá aí não.

Ingra:Deixa de ser chato!-ri.-Tô indo lá,volto logo.

Abria sete e meia e são cinco e quarenta e eu já estou aqui,uma coisa é certa: a gente paga a língua! Eu bati no peito falando que nunca ia visitar ela se ela caísse aqui,que mesmo amando eu ia viver a minha vida aqui fora e olha onde eu tô.

Mas as circunstâncias são outras,a vivência é outra e eu não sou doida nem maluca de deixá-la sozinha,é a minha mulher. Eu não ligo pra quem vai rir e julgar não,quer postar em porra de fake? Posta! Posta ciente que eu tô grávida e só dura nove meses.

Que humilhação pra entrar em um presídio,gente! Fico puta porque pelas conversas que eu escutei teve gente que nem dormiu pra preparar comida quentinha e eles reviram tudo sem nem saber,eu hein.

Como se alguém fosse idiota de entrar com uma faca,celular ou qualquer coisa pela comida e tendo o detector de metal,vai ver aí são eles mesmo que dão e fica nessa de bom moço.

Entrei procurando pela Marcela,tanta gente que foi um sufoco de verdade. Vi ela no banco sozinha de cabeça baixa e fui na reta dela.

Ingra:Cadê tu que não me esperou lá na porta?-ela olhou e deu um sorrisinho mas o rosto machucado não negava que estava sofrendo.-Quem fez isso aí com você? Tá infeccionado,precisa limpar!-fui tentar topar e ela virou o rosto.

Hacker:Senta aí,po!-sentei olhando pra ela.-Tem como limpar não,Maria. É esculacho vinte quatro por quarenta e oito.-bufei.-Me conta de vocês,po.

Ingra:Saulo pergunta por você todos os dias...-ela sorriu amarelo.-Fica difícil arrumar tanta resposta. Eu tô bem,to levando na medida do possível.

Hacker:O advogado falou o que? Tem que botar os papos tudo em dia hoje que eu não quero você vindo não,aqui não é lugar não.

Ingra:Quem tem que decidir isso sou eu! Venho e vou vim todas as visitas,não me conhece mais?-me olhou com reprovação.-Sou tua mulher no mel e no fel,esqueceu?

Hacker:Tu é foda!-rimos.-Acho que não ficar aqui,tô numa cela de pessoal que eu já conhecia...-olhei pra ela.-Tava limpa,tô limpa! Fizeram isso de burcha,não vou da brecha não. To aqui pagando pelo o que? Nada a ver,tô de ficha limpa.

Ingra:O advogado já está cuidando de tudo,tu nem adianta bater cabeça,tá aqui dentro e pode fazer o que? Nada! Deixa que isso eu resolvo,se preocupa em ficar bem e não cair em tentação.

Hacker:Não,ué! Não te disse que seria a última? Foi,tô limpa,Maria! To vivendo como qualquer outra detenta porquê avisei lá na cela que não tô mais.

A gente começou a falar sobre tudo,ela perguntou de todo mundo e a parte mais difícil foi a da vó dela,não queria contar mas não quero fazer segredo não. De qualquer jeito ela ia descobrir mas tranquilizei falando que já estava todo mundo melhor,ninguém tinha aceitado ainda mas era isso.

Ingra:Marcela?-ela olhou.-Eu tô grávida....deu certo,eu tô grávida.-falei baixinho e ela meteu o olhão.-Eu tô  quatorze semanas.

Hacker:Fala aí na linguagem certa,tá de quanto tempo?

Ingra:Três meses e duas semanas!-ela riu olhando pra mim.-Eu sei que não tem motivo pra comemorar mas não conseguia nem pensar em não contar.

Hacker:Como não tem,po? Tu tá grávida de um filho nosso,mãezona do caralho! Tô feliz pra caralho,Maria.-a emoção era grande mas não podíamos nem nos abraçar.-Tu é foda de verdade.

Não pude dá um beijo,um abraço pra comemorar,dói muito mas eu entrego nas mãos de Deus,a vida é um restaurante e ninguém sai sem pagar não. Era toda hora um agente em cima,não podíamos nem tocar na mão.

Resto do tempo foi chamego mais,disse que podia me ligar a qualquer hora que precisasse. Hora lá passa voando,pessoa nem sente e já foi.

Entrei no carro calada e sai calada,pedi muito obrigada. Cheguei em casa e o meu bebê tinha acabado de acordar,dei beijo e fui fazer o café da manhã.

Única distração é o Saulo mesmo,ele que não deixa minha peteca cair,sabe? Quando eu penso "hoje eu não quero sair da cama" lembro dele,precisa de mim.

O resto da quinta foi pura preguiça,eu não queria nem sair do sofá mais. Passei o resto do dia na puta preguiça,queria levantar nem pra beber água. Tô uma verdadeira piranha,cansada pra caramba de fazer nada!

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