Notas finais

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Depois do final escrito pela personagem, eu apresentei o final verdadeiro.

Devo algumas considerações.

A Beatrice escolheu manter o Jimin vivo no livro. Logo, seria um ato desumano colocá-la para narrar essa morte com alguns requintes de crueldade, e eu me recuso. A Cecília poderia? Talvez, mas imaginei a execução dele como um freio na vida dela, o momento chave, quando percebeu que eles haviam perdido, que a operação fracassou e tudo mais deu errado. 

A morte do carrasco foi uma baixa difícil de digerir para as narradoras que restaram.

Eu não queria um desfecho feito unicamente para chocar, ou arrancar algumas lágrimas, entendem? Só com o intuito de machucar ainda mais os pensamentos de duas pessoas já traumatizadas. Gosto de pensar que Mi Frantumi não é sobre isso. Embora existam algumas descrições de violência explícita, quando as produzi, sempre foi pensando em um objetivo ligado a um traço intrínseco, próprio da construção ou da condição de ser o carrasco de uma máfia — não de ser uma jovem apaixonada em amadurecimento ou de ser uma investigadora de saco cheio do trabalho.

O Jimin seria capaz de narrar a própria morte com detalhes sórdidos, Cecília e Beatrice, não. Espero não ter decepcionado quem esperava algo assim.

Mesmo que eu tenha privado algumas informações de uma narração minuciosa, absolutamente todas estão subentendidas, de modo que não há aqui um final aberto, mas apenas um final compatível com quem o está narrando. Obviamente, eu tenho a minha versão do que aconteceu, como eu a descreveria, se fosse a narradora, com base no que está implícito. Sintam-se à vontade para fanficar em cima da fanfic, em relação a morte do carrasco. Tudo que vou dizer é que, de certa forma e ironicamente, ele morreu como herói (e o que mesmo os heróis costumam fazer?)

Sobre o desfecho da operação policial: como eu posso dizer que sou uma pessoa que desacredita o sistema punitivo, sem dizer que desacredita o sistema punitivo? Em um mundo utópico, o plano do Jimin teria funcionado. No mundo real, não muito. Se um mal é sistêmico, tem organização suficiente para se manter em pé depois de um desastre, especialmente em se tratando de pessoas com dinheiro. A roda gira, o bastão do poder é passado adiante e o ciclo continua. Punir ou não punir? Mesmo com algumas responsabilizações, a coisa é tão maior e dona de vida própria, que se torna irrelevante. Cecília estava certa, é como dar um soco humano em uma muralha imensa. Salvatore — meu estúpido vilão — foi um dos sacrificados. Ao menos uma vitória o carrasco obteve (tenho para mim, que esse era o único alvo que ele realmente esperou acertar).

Eu sentirei saudades, com certeza.

Por enquanto, estou apenas aliviada por dizer adeus.

Muito obrigada a quem chegou até aqui, cada voto, leitura e opinião, foi um longo, longooooo caminho que, por vezes, pareceu não ter fim, mas aqui estou: eu e meu ponto final. Não sei como classificar o resultado, se foi satisfatório ou se eu poderia ter feito melhor — não sou mais a mesma pessoa que escreveu o primeiro capítulo e o amadurecimento me impede de analisar o todo positivamente — mas sei que foi planejado e, só pela organização de me comprometer a seguir um roteiro, eu me sinto orgulhosa.

Agora é sem "até breve".

Mas sempre com muito carinho,

Amélia! 🐝



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