Os 4 Elos- Interlúdio

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A cidade de Elosfouth, capital dos reinos, está localizada a Oeste de tudo, e todas as estradas a Oeste te levarão a Elosfouth. Sendo a maior cidade do continente é habitada exclusivamente por humanos. Sua força vinha dos números, pois seus exércitos nas histórias de batalhas, eram como as estrelas de uma constelação no céu de um dia negro.

A cidade é, também, o centro político do país e dela emana muito poder. Tal poder é regido pelos governantes dos quatro elos da cidade. O Elo da Força, Sabedoria, Justiça e o Elo da Fé, este o mais importante, regido pela clériga Valentina Pascoal.

A Fé em Elosfouth é a coluna mais forte de toda sua fundação, dado à devoção de todos, aos Anjos redentores, os padroeiros da cidade. Na época de sua fundação, em um evento foi construído um monumento de mármore das figuras religiosas, solenidade que em representação tornou os cargos dos regentes divindados.

A estátua da Justiça é um anjo com a espada e asas apontadas para cima, a Sabedoria é um anjo dedilhando uma harpa-arco, com as asas lhe cobrindo os pés. A Força, um anjo segurando o machado acima da cabeça, com as asas abertas na horizontal, e o anjo da Fé, um deslumbrante anjo com as mãos centralizadas na altura do peito, com as pontas dos dedos ligadas formando um triângulo, vestindo uma túnica caindo sobre o corpo e as asas recuadas ficando quase imperceptíveis ao se misturar com a vestes.

Além da adoração aos elos, os quais os fiéis acreditam ser a representação em carne de sua crença, muitos vem às estátuas para pedir proteção e providência, acendendo incensos, velas e trazendo oferendas, rogando aos anjos por misericórdia para o dia da Obliteração.

Seguindo uma das estradas rumo Oeste, um comerciante de temperos, seu filho e uma donzela avançavam lentamente num balançar inconforme pela estrada empoeirada, sob o sol forte da tarde.

A jovem Estela esfregava os olhos para espantar o cansaço, ansiosa com a perspectiva de em breve chegar a Elosfouth e oferecer servidão aos Anjos.

Ao seu lado, o também jovem Caruso bocejava, cansado da longa viagem.

— Chegaremos amanhã, Pai?", questionou.

— Tomara — resmungou o carroceiro sem tirar os olhos do caminho. Por mais que faziam esse trajeto a cada início de colheita, o caminho sempre parecia diferente.

Estela parecia alheia às reclamações.

— Logo estarei na cidade sagrada, onde os Anjos protegem o mundo dos males — disse, extasiada.

— Protegem? — Caruso ironizou — Ou só querem manter o controle.

O homem mais adiante na carroça ergueu uma sobrancelha.

— Caruso, cale essa boca! — exortou — Sabe como os elos punem quem contesta.

— Como podem contestar? A fé dos anjos é o que traz balanço ao nosso mundo. Ela trouxe a paz a todo Oeste.

Matheus balançou a cabeça.

— Ou só querem que pensemos assim. E se a verdade sobre os Anjos for outra?

O carroceiro sorriu sem graça, temendo que a língua do filho pudesse coloca-los em perigo em alguma ocasião.

— Cada um é livre para crer no que quiser. Não confunda ainda mais a donzela. O caminho está longe ainda. Por ora, descansem!

E com isso, deixou claro que mais questionamentos viriam, alimentando a curiosidade de Estela sobre os mistérios por trás da fé angelical ou mesmo pra preencher o silêncio da viagem que se fazia tediosa quando só os cascos dos burros que puxavam a carroça faziam barulho ao debandar o caminho.

Aspirante à ObliteraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora