Mistérios Estelares

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Era difícil de decifrar a hora do dia, devido a intensa chuva que desabou por ciclos inteiros. As nuvens pareciam ter derramado a precipitação de uma única vez. As cortinas de água levadas pelo vento, eram visíveis batendo na vegetação, deitando o caule das árvores, que resistiam para não terem suas raízes arrancadas do chão.

Alguns candidatos à magos se abrigavam nas ruínas de um posto mercantil, se protegendo da chuva sob as coberturas das pilastras e paredes que se apoiavam uma às outras para não virem ao chão. Depois de viajar aos estremos nordeste, chegando à beira do precipício, o restante do percurso deveria ser feito a pé. Não pela praia, pois o mar feroz era caminho usado por não convidados, mas pela ponte, a longa ponte de cinco mil jardas, que o grupo ansiava conhecer. Mas naquela tempestade, a escuridão da chuva e ferocidade dos ventos, suspenderam o sentido da visão de quem queria avançar e tiveram que esperar a melhora do tempo. Os altos trovões, estrondavam o céu afligindo os corações pela expectativa de não ser acertado pelos raios. E os clarões, mesmo que por um instante, revelava o destino de quem esperava o tempo abrir.

Mako abraçava o caderno de anotações firmemente abaixo da capa de tecido grosso. Esforçando-se o máximo para não deixar as águas o danificar. Em dias comuns, não tinha medo de tempestade, mas estava tão inseguro com medo que algo acontecesse antes de chegar na Academia de Aoklan, que os trovões o estremecia e ele torcia para que o raio cruzasse o céu sentido norte para que ele pudesse ter a visão, mesmo que só um borrão, da península ao mar.

Sentiu-se frustrado, já havia lido em livros, sobre a beleza da visão da ponte no precipício e a tempestade roubou dele essa satisfação.

Enquanto encolhido segurando o peso das pálpebras que queriam lançá-lo num cochilo, um bocejo desencadeia uma corrente de bocas abertas que faz todo aquele grupo ceder a influência de também bocejar.

Mako repara que desconsiderando o Mago que os trouxera até ali, ele é o mais velho das sete crianças que estão indo estudar a Magia de Aoklan.

— Quantos anos tem? — perguntou à menina que tremia ao seu lado, não sabia se com frio ou com medo.

— Tenho onze — respondeu batendo os queixos.

— Ei, não falem uns com os outros — gritou o Mago.

Mako vira seu rosto para chuva, fugindo de qualquer outra repreensão.

— Onze anos? — pensou — como podem vir tão cedo?

Mako estava com quinze anos, já contava os dias para dezesseis, tinha prazer em sentir-se mais velho, pois os avançados de idade eram vistos como mais sábios.

As nuvens carregadas, pareciam estar bem mais abaixo do comum, na manhã que esclareceu o céu em tom cinza, ameaçando mais água a qualquer momento. Mako torce sua capa com o máximo de força, a fim de amenizar o incômodo e o peso das roupas molhadas. Finalmente ele poderia ver a tão esperada academia e cruzar a grande ponte. Colocando sua capa, apressou-se para seguir o grupo que caminhava para o precipício.

Subindo o caminho de pedra, o vislumbre para os olhos estava à frente, o grande portão para a ponte de Aoklan. Duas torres conjugadas e arredondadas prendiam ao meio o portão de aço treliçado. Mensurando a altura abaixo, Mako via as árvores e animais como miniaturas ao pé das colunas bem abaixo de onde estavam.

Mas a maior surpresa para ele, eram as partes da ponte quebradas ao chão. Grandes colunas e passarelas inteiras estavam a margem da praia.

— Como vamos atravessar? — perguntou em voz amena, sem esperar uma resposta.

À meio-mar, no centro da península, estando à beira dos limites da elevação, a Academia de magia, manifesta sua grandiosidade. Com uma arquitetura sombria, o grande salão envolto de torres arredondadas e escadarias circulares, com apêndices laterais de arco e pontas, cercada de longas janelas retangulares de vidro azuis. Abaixo da construção principal, há outras torres como as da entrada do portão. A ponte vinha até a entrada em cinco pedaços separados, cada um pendendo para um lado, e distantes um dos outros, conforme as passarelas destruídas ao chão.

Aspirante à ObliteraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora