Deserto Sanud, A Submersão

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Naquela altura do deserto, nenhum homem parecia mais os conceituados e bem treinados guerreiros Sanud. Eles ansiavam o retorno para Tarmak, para serem consagrados Capitães de Areia. Mas, a dificuldade que enfrentavam, lançavam dúvidas em suas mentes, e não sabia se seriam intitulados com a gratidão do Rei, ou seriam exterminados pelas condições extremas imposta pelo Sol.

Ravih se perguntava quantos mais soldados já morreram vagando pelo deserto em busca de tesouros, Berik havia mencionado uma vez, que as tempestades mudavam as dunas de posições, e alguns homens nem mesmo encontrava os primeiros marabutos. Então, a visão de parte da cidade submersa a frente, melhorava seu ânimo para o êxito.

Depois de terem se separado de alguns guerreiros na tempestade, o jovem contou dezenove soldados, dois deles foram cegos pela exposição a areia e tinham os olhos coberto por uma crosta seca, os quais cobriram com uma faixa de tecido enrolado na cabeça. Um outro, sentia fortes dores nos órgãos, e andava fragilizado com o braço cobrindo a barriga, o que premeditava morte por ressecamento. O mel de inseto já havia acabado a dias, e cada um deles já haviam bebido suas reservas de água, ansiavam o desejo de urinar para que pudessem consumir o líquido, mas o organismo já havia usado a água do corpo para evitar a falência dos órgãos.

— Se não fosse pela visão da cidade à frente, não sei se duraríamos — cochichou Ravih a Renê, enquanto continuavam a marcha.

— Eu ainda tenho preocupações, registros dizem que há poços funcionais nas áreas de banho da cidade, mas se não encontrarmos água lá, morreremos de alucinações e sede.

Ravih ficou pensativo, embora sentia uma leve tontura, estava muito melhor do que os outros companheiros. Ele considerou que talvez seu corpo jovem teria uma resistência maior, no entanto, lembrando do que estava escrito no pergaminho do ancião de Cravo e Rosa, ele traça os dedos na cicatriz em seu pescoço, e questiona sobre os mistérios que o cercava.

— Será que realmente tem algo em mim? — perguntou-se em pensamento.

Com a dificuldade da degradação os capitães seguem caminho cruzando as ruínas coberta de areias. Algumas torres sobressaiam das areias e conseguiam despontar para o céu, mostrando a magnitude da antiga cidade.

— Veja! — disse Renê apontando para a maior torre entre as ruínas — aquela é a torre do castelo, o tabernáculo pode estar na sala do trono.

Ravih lembrou da escultura nas paredes da entrada de Tarmak, onde os homens prostavam-se para o sacrário, e compreendeu que a imagem era uma representação daquele lugar.

— Se eu sobreviver, não vou aceitar essas determinações de Reis e sábios. Não é justo que fiquem em seus tronos enquanto as pessoas morrem por desejos dos outros. Não quero saber de pergaminhos e anciões — pensou, o exilado sentia um medo fragilizar seus extintos, nunca havia se colocado em tamanho perigo.

— Eu nem mesmo me lembro de toda aquela profecia... — continuou, fermentando a ideia de seguir seus caminhos, visto que foi posto sobre ele, um fardo incomensurável, sem lhe oferecer o direito de escolha.

Enquanto andavam no meio das ruínas, no topo das construções, a infinidade do deserto foi preenchida por estruturas antigas. Espólios da antiga capital do deserto, há muito, deteriorada. Ao se aproximarem da cúpula mais alta, a exuberância do ouro não se deixava enganar:

— Esse é o castelo, estamos sobre o grande Salão — disse Renê, reconhecendo as pedras abaixo de seus pés, que eram posicionadas uma à outra sobreposta, arquitetura comum para os tetos das construções.

— Como vamos entrar? — perguntou Ravih que sentiu um calafrio subir na espinha por achar ter ouvido um ruído.

— Vocês ouviram... — não terminou a frase, e foi parado pela mão de um Capitão, que se chocou com seu ombro impedindo-o de avançar. O homem elevou o indicador aos lábios, silenciando Ravih.

Aspirante à ObliteraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora