Ide e Pregai a Fé dos Anjos

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Força em tudo! Dizia Lamafet a si mesmo como uma prece ou um lembrete. Carregava em suas costas a responsabilidade de se provar. Se provar para os anjos, se provar para a Fé, se provar para os soldados e ao o povo. Só mesmo não precisava se provar a si mesmo, pois desde seu casamento com a regência da força sabia que teria grandes feitos a cumprir.

Lamafet relembrava-se do que Valentina o disse, tanto como um sinal da crença em seu potencial como também um alerta, quem sabe até um conselho para tomar as decisões difíceis de quem tem uma terra para conquistar, "força em tudo".

Ikaros tinha a visão disciplinada que o exército moldou, mas também tomava as decisões baseada na confiança que tinha nos anjos e em sua balança mensurava tudo com rigidez e discernimento. Também trazia à mente com frequência, o dia dos anjos, da família de descendentes de monge executada, e lembrava-se disso como um mantra preparando sua mente para o que estaria por vir.

— Nosso propósito justifica nossas ações — pensou, comtemplando o Anel da Força em seu dedo. Para Ikaros, expandir o reino dos anjos justificava qualquer ação que parecesse monstruosa — Quem não estiver conosco estará contra nós.

E embora cheio de vivacidade, inexperiente. O que fazia muitos de seu exército duvidar de sua liderança mesmo que nunca verbalizado, e disso Lamafet sabia. Mas para ele a linha de liderança e liderado se baseava no servi, servi e será servido. O regente se importava mais em fazer do que mostrar.

Desde que partiram de Elosfouth para as expansões do império, semanas já haviam passado e o pelotão de homens subiam e desciam colinas alinhados como as formigas do maior dos formigueiros carregando os estandartes dos anjos ao invés das folhagens dos insetos. Tantos como a areia da praia eram os soldados e padres que iam ao Leste.

Em uma das carruagens douradas, tão belas que não parecia terem sido feita para cruzar aquelas estradas de terra, o regente quebrou saiu de seus devaneios.

— Façam uma parada — ordenou Ikaros.

— Como quiseres, meu senhor — respondeu um servo que se mantinha quase invisível no interior da carruagem — vais descer?

— Não, não irei. Vá até o comandante de guerra, ao bispo mestre e ao mediador e traga-os a mim.

— Imediatamente, mestre — respondeu, saindo com a cabeça reverencialmente curvada.

A parada muito agradou a tropa que não descansavam desde o último acampamento, e os homens rogavam para que seja lá qual tenha sido o motivo da carruagem primordial haver parado, pediam que o momento se estendesse prologando um descanso.

Não levou muito tempo até que os líderes convocados comparecessem até à presença da Força.

— Que a graça dos anjos esteja contigo — disseram uníssono enquanto adentravam o interior da carruagem.

— Que a graça esteja convosco! Sentem-se.

Bem, deveríamos ter nos reunidos no início dessa expedição, mas não o fizemos, embora pensei em chamá-los várias vezes para esclarecermos algumas coisas. Penso que hoje, um dia antes de nossa primeira conquista seja o momento ideal.

Vós sois o meu conselho nomeado, e irei fazer uso de suas posições, é preciso alinhar nossos trabalhos.

— Servi, servi e será servido. Regente — falou o mediador se colocando submisso à força.

— Ao bispo Peço que faça o possível para que aceitem nossa fé pela graça. Mas se os perversos escolherem o juízo, conto com a experiência dos senhores para oferecermos a justiça dos anjos — falou levando os olhos para o chefe de batalha.

Aspirante à ObliteraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora