O típico vilarejo na Floresta Lunar é hoje, o ponto de concentração para os druidas. Antes, toda a floresta abrigava centenas deles e era comum o uso de suas habilidades para germinar uma grande agrofloresta, quando ainda era comum o florescer da rama roxa e eles viviam enlarguecidos dias. É conhecido, que a raça nunca foi muito populosa e sempre contavam com as forças naturais, para batalhas. Nos dias de suas glórias, antes do corte que diminuiu a população dos adoradores da Lua, havia um punhado de gente nos povoados, depois da Obliteração os poucos druidas sobreviviam tão reduzidamente que temiam sua extinção.
Jacinto observava atentamente, pela janela de um casebre, alguns druidas que carregavam peças de madeira para um altar que haviam montado num terreiro entre as árvores, ainda não podia acreditar que, finalmente, havia encontrado a rama, e que estava na Floresta Lunar junto com os druidas e, muito menos, com um minguante.
"— Ainda não acredito que foi tão fácil chegar aqui" — disse Jacinto a si mesmo, enquanto vagava os olhos pelo exterior, como se registrasse a aldeia em sua mente. "— Talvez, eu ainda estaria rodando em círculos se eu não fosse conduzido pelos atalhos de Anroff, certamente isso me poupou um dia."
Antes de desviar os olhos, Jacinto analisou o céu, esticando o pescoço para encarar a face da Lua.
— E ainda chegamos sob a emblemática tendência lunar — disse, com ânimo. Soube que a cada Lua Minguante o ritual de nascimento era realizado, e naquela noite os minguantes pareciam ter mais motivos para acreditar nas benções lunares, pois a chegada de Anroff havia movimentado muito as pequenas ruelas e a Lua Minguante poderia trazer mais esperança para aldeia.
Desviando o olhar do exterior, o monge pegou o unguento que havia preparado com a rama roxa.
— Porquê que não me sinto satisfeito? Pai, eu consegui encontrar a rama, o senhor estaria orgulhoso — disse, de forma rasa. Jacinto finalmente encontrou algo a que havia se dedicado tanto, mas parecia que os conhecimentos que ele adquiriu foram mais compensadores do que o troféu projetado na rama. Sentia uma coisa estranha dentro de si, pois, por mais que ele estivesse feliz, seu espírito não sentia que sua missão havia acabado.
Ele pôs o líquido em um frasco, tapou-o com uma rolha macia de madeira e colocou ao lado de alguns pertences, para que descansasse um tempo, como havia aprendido. Reparando, naquele momento, em algo que havia esquecido.
— O diário da sacerdotisa — falou consigo mesmo —, não tive tempo de ler ainda.
Sentou-se, então, e começou a folhear as anotações, o que fez aquela tarde passar num piscar de olhos. Havia ali algumas anotações de terreno, ameaças e pesquisas diversas sobre a vegetação da área, nenhuma conseguiu ir mais além do que a área do frenesi, na floresta. No entanto, o que mais chamou a atenção do monge foram as últimas anotações do diário:
"No vigésimo Sol de pesquisa, recebi um comando vindo diretamente do regente da Força para que retornássemos a Elosfouth para assuntos de guerra. A decisão, certamente, tinha algo a ver com a prisioneira minguante recém-capturada. Partimos então, suspendendo nossos estudos".
— Eles têm a Mabrangg em cárcere? — disse o monge, em voz baixa. Num sobressalto, saiu à procura de Anroff e percebeu que todos já estavam se preparando para a celebração da noite. O clima na aldeia era de festa, toda a área estava com adereços de flores, alguns troncos posicionados como mesa, cheia de druidas alegres, contando histórias. Em uma dessas mesas estava lá o minguante, destacando-se por sua alta estatura entre guerreiros druidas. Ao ver o monge, ele então se levantou da mesa e foi em sua direção.
— Jacinto, estava a sua espera. Venha, hoje é um dia de alegria, sente-se comigo, vamos tomar raízes fervidas.
O monge se constrangeu e manteve o olhar um pouco distante, percebendo que contar ao minguante agora, acabaria com a alegria para a noite. "Vou poupar Anroff por esta noite, hoje a Lua é Minguante e há gravidas para dar à luz, qualquer má notícia pode esperar" decidiu Jacinto, em monólogo.
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Aspirante à Obliteração
FantasyUm jovem de uma pequena cidade chamada Cravo e Rosa, tem um encontro com uma entidade que o marca e o cerca de mistérios. Um ancião da cidade identifica que ele é provavelmente, o ser que fora professado há cem anos, e o exila, forçando-o viajar o m...