Dário, Ravih e Celsius se moviam como sombras na noite, conhecedores dos arredores da propriedade. A escuridão era sua aliada, permitindo que atravessassem os estábulos e alcançassem a entrada dos aposentos de serviço sem alardes para sua presença.
O uivo do vento e a chuva torrencial abafavam os sons de sua aproximação. No entanto, por entre os rugidos da tempestade, o trio podia ouvir claramente o estridente choque de aço e os gritos caóticos que ecoavam da batalha em curso entre o minguante e os elos, do lado oposto da mansão.
Alcançando a casa, Dário segurou a maçaneta de madeira da porta e retirou sua espada da bainha com destreza. Com um gesto imperceptível, ele sinalizou a Ravih para que firme o punho em sua espada. Enquanto isso, Celsius, menos adepto à lâminas maiores e armas de longo alcance, desembainhou seus punhais afiados.
Com um cauteloso empurrar na pesada porta de madeira, Dário adentrou a cozinha, onde a escuridão reinava devido à falta de chama nas velas dos castiçais nos cantos do cômodo.
O estado de caos do ambiente que encontraram era opressivo, e a atmosfera estava impregnada de um sentimento sombrio e sinistro. Com passos silenciosos, deixaram espaço para a imaginação preencher os horrores que os anjos haviam trazido poucas horas antes.
O corpo de uma das serventes jazia debruçado sobre uma mesa de madeira, com uma faca ainda cravada em suas costas, o sangue já coagulado formava um grotesco retrato sobre a mesa.
Ravih encarou o rosto conhecido da mulher, agora desprovido de vida, e rompeu o silêncio que pairava sobre o trio:
— Minha mãe estava aqui na mansão... — Sua voz soou fria, como se estivesse guardando suas emoções em uma fortaleza interior.
Dário estava prestes a tomar a liderança mais uma vez pra dizer algo, mas a urgência do momento os pressionou a continuar.
— Vamos! Não sabemos quanto tempo o minguante manterá a atenção na praça — disse, retirando Ravih de seus pensamentos sombrios.
Celsius cochichou com um olhar sério voltado para Ravih:
— Ravih, você realmente acredita que é capaz de fazer isso? Digo... Matar o elo da força?
Ravih encarou sua espada dourada, uma aura misteriosa que a envolvia, e sua resposta refletiu a gravidade do momento:
— Talvez hoje seja a primeira vez que eu deseje matar alguém.
As palavras de Ravih deixaram Dário perplexo, mas ele optou por não questionar mais, mantendo a testa franzida em um misto de espanto e preocupação.
Com cautela, o trio prosseguiu pelos corredores de serviço, cada passo ecoando como um sussurro nas paredes de pedra.
Com os ecos da batalha do lado de fora crescente, alguns homens corriam de um lado ao outro nos corredores da mansão quase todos ainda sem saber pra que era o chamado inesperado.
Próximo do saguão, Dário recostando-se no batente da parede, observou um homem bem vestido que caminhava rapidamente, dando ordens aos soldados. O homem gesticulava com agitação. Dário fez um gesto com a cabeça indicando a direção do homem. Mas o olhar de Celsius indicou que aquele homem não era o líder que procuravam.
O trio então retornou às sombras e tentou ouvir a conversa por detalhes.
— Estamos sob ataque de algo colossal! Atendam ao chamado! O general ordenou que os homens se dirijam à praça. Vocês dois — apontou o mediador para dois soldados — venham comigo, reforcem a guarda da Força.
Os soldados questionaram, suas vozes carregadas de apreensão:
— Ouvimos as trombetas e os gritos, senhor, mas contra o que estamos lutando?
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Aspirante à Obliteração
FantasyUm jovem de uma pequena cidade chamada Cravo e Rosa, tem um encontro com uma entidade que o marca e o cerca de mistérios. Um ancião da cidade identifica que ele é provavelmente, o ser que fora professado há cem anos, e o exila, forçando-o viajar o m...