A Passagem de Aoklan

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Os grandes vitrais projetavam o tom violeta do céu nos longos corredores da academia que mantinha sua gradação obscura.

Mako já havia acostumado com a arquitetura de Aoklan e não parecia mais reparar na beleza dos balaústres, pêndulos e porcelanato do castelo como fazia nos primeiros dias de seus estudos.

Sendo um prático, passava grande parte de seus dias nos salões de canalização, onde os poucos que vestiam o verde podiam doar suas vitalidades para aprender a classe de feitiços que escolheram.

Mako aprendeu a teoria dos feitiços com bastante facilidade o que seria um risco as práticas. Pois a balança de magia e poder parecia sair de seu controle. Nem mesmo comemorava pequenas conquistas sempre focando em aprender uma conjuração mais forte, mesmo sem um totem para amenizar os danos a seu corpo.

Nos intervalos da prática, Mako nutria a pesquisa aprofundada sobre os mistérios de profecias e registros passados. Já havia lido bastante conteúdo tal como um teórico.

Uma noite passava os dedos entre os livros enfileirados na prateleira de uma coleção bem incomum da biblioteca procurava registros de obliterações e possível ligação com a profecia de Ravih, entre um livro e outro o astrólogo passou a gastar parte de seu tempo com intuito investigativo.

Sentado sob as luzes de doze velas gastas nos castiçais postos em cada ponta da mesa de leitura. Tendo a metade das chamas já apagadas.

— Oh, ainda está aí senhor? — disse o bibliotecário enquanto fazia a última ronda antes de trancar as portas da biblioteca.

Mako, que estava debruçado sobre o livro teve um sobressalto saindo da concentração que acometia aquele estudo.

— Santo pífia! Não vi a hora passar — respondeu olhando a larga ampulheta que já havia transferido toda a areia para baixo.

— Não ver a hora passar é um perigo para vocês práticos — brincou — pode levar o livro caso queira terminar em seu cômodo "resquícios de obliteração" não é um exemplar tão comum, não sentirei falta.

— Agradeço, mas já li antes, estava reforçando algumas partes.

Mako disse fechando o livro deslisando para a esquerda da poltrona acolchoada tão pesada que a opção de se deslizar por ela seria melhor que a erguer. Pôs se de pé e andou até a estante que acolheria o livro.

Puxou com a mão esquerda a fiada de volumes a fim de abrir espaço para retornar o que estava em sua mão, foi quando viu a ponta de um livreto atravessada no canto da estante.

Com pouco esforço tirou o livreto e deu uma olhadela na capa "Dédalo de Aoklan I", não daria tanta importância para aquele livro se não fosse pela rápida foleada que deu nas páginas em branco.

Por instinto, colocou o livreto dentro do livro que tinha em mãos, e tentou disfarçar o feito.

— Na verdade, terminarei a leitura em meu aposento.

— Como quiser — respondeu o bibliotecário.

Naquela noite em seu aposento Mako cismou com o conteúdo daquele livro, até pensou que fosse um exemplar incompleto, mas preferiu acreditar no ocultismo. As páginas estavam em branco e o sumário tinha uma única frase escrita com uma constelação ligada por linhas.

Tentou traduzir os dizeres com o conhecimento que havia adquirido, mas esses não eram suficientes para entender aquela língua. Intrigado, Mako manteve aquele livro por um tempo sem sucesso em sua compreensão.

***

— Qual o bem mais importante pra você Mako? Tempo ou poder? — Suzane relembrava insistentemente ao cravo-rosense esse questionamento a cada aula e acompanhava seu desenvolvimento de perto.

Aspirante à ObliteraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora