Capítulo Quatro

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Bedfordshire, Inglaterra

1819

  Aby estava mais uma vez aproveitando um pouco do sol da manhã no seu lugar favorito, com as mãos apoiadas para trás, pernas esticadas, rosto para cima e olhos fechados para receber todo aquele calor, suspirou ao se lembrar do campo de jacintos azuis que encontrou um pouco depois das terras da propriedade do Duque. Ninguém nunca aparecia por lá, aquele era seu refúgio, onde poderia se esconder dos olhares de pena dos criados, e das cartas dos familiares perguntando quando iria a Londres visitar ou estar com seu marido.


  Seu marido, lagrimas vieram aos olhos. Não o via a quase cinco anos, depois daquele terrível acidente no baile do Visconde de Merseyside sua vida mudou, teve um casamento às pressas, com seu primeiro amor, é verdade, mas não considerava Ezra como marido, não tinha a intimidade de chamá-lo pelo primeiro nome, para ela sempre seria o Duque de Birdwhisth.


  Se lembrou daquela noite, dos olhares de espanto dos pais e dos anfitriões. Não adiantava dizer o que realmente aconteceu, que o Sr. Hancock e ela não tinham feito nada demais, que havia acontecido um terrível acidente, seus pais não queriam saber, o filho do Duque teria que se casar para não manchar a reputação de toda a família Finch. Como sua irmã conseguiria um casamento com uma mancha tão grande no histórico da família?


  Abigail olhou para o céu muito azul, com nuvens parecendo uma trilha de fumaça. Quando estava caída naquele canteiro com Ezra Hancock ao seu lado, imaginou que a pior humilhação a que poderia viver, seria ele a ver naquela situação, mas descobriu que o destino pode ser muito perverso. Os anfitriões os levaram às pressas para a biblioteca, longe do olhar dos convidados, chamaram os pais de ambos, e assim que ficou comprovado que daquela situação nada poderia sair além de um casamento entre eles, Aby desabou. Tinha sonhos infantis, fantasias de menina onde se casava com seu príncipe, mas não dessa maneira, obrigada pelo que a sociedade achava que tinha acontecido.


  Tentou protestar, ahh como tentou. Mas tudo foi inútil. A Duquesa e a Baronesa já estavam conversando sobre a recepção, o melhor lugar para se morar. O Barão e o Duque pensavam na melhor maneira de solicitar uma licença especial de casamento, tinha que ser em poucos dias, eles disseram. E enquanto isso Aby só tinha olhos para Ezra, procurava seu olhar, imaginando que dê certo a culparia por todo aquele problema. Ele se virou para ela e a única coisa que pode ver em seus olhos foi mágoa e resignação. Ele iria cumprir seu dever.


  O casamento aconteceu na igreja de St. James, somente para familiares, não houve recepção e logo em seguida foram para a mansão londrina do Duque, eles morariam lá até Ezra terminar a faculdade, onde ele passava boa parte de seu tempo. Ela ficava normalmente com a Duquesa e sua cunhada, elas eram boas para ela, a tratavam com carinho. Mas isso não durou muito, semanas depois do enlace, seu marido enfim reapareceu na residência depois de outra tragedia familiar.


  O Duque foi dormir no dia anterior muito cedo, reclamando de uma terrível dor de cabeça, assim que a manhã chegou ouviu-se gritos por toda a residência, era a Duquesa chamando pelos empregados e pedindo um médico. Infelizmente não havia nada a ser feito, o Duque faleceu dormindo, ninguém sabia explicar como aquilo poderia ter acontecido.


  E assim a vida de Abigail Hancock muda novamente, e ela é mandada para a residência Ducal no interior, porque o Duque não pode dar atenção a sua esposa nesse momento, nem desejaria assim ela bem interpretou, ele teria que cuidar de um Ducato e precisaria de toda a sua atenção para isso.


  Aby se viu em uma casa grande, com pelo menos dez quartos, sala de música, salão de festas, um jardim que demorava pelo menos meio-dia para ser percorrido. Tinha uma governanta, cozinheira, algumas criadas. Não estava sozinha, mas se sentia assim, estava em uma gaiola de ouro, com expectadores assistindo sua solidão de camarote.


  Cinco longos anos estava naquela região, fez uma amiga de sua idade, a única pessoa fora da família a saber toda a verdade. A querida Srta. Sally Dowdeng era uma criatura adorável, de humor fácil, e faces muito rosadas. Tinha um cabelo loiro e olhos âmbar, alta e curvilínea, era uma armadora de planos e estava sempre tentando atrair Aby para uma nova aventura.


  Se espreguiçou e tomou impulso para se levantar, quando sentiu uma mão pegar a sua, abriu os olhos e se deparou com a mesma tonalidade de âmbar de sua amiga.

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NOTA DA AUTORA: Obrigada por continuar lendo a obra. Se você tiver intenção de acompanhar a história, ficarei muito feliz e ansiosa para ler suas opiniões. Deixe um comentário sobre os seus sentimentos, positivos ou negativos, é um incentivo para que eu continue escrevendo.

Mais uma vez obrigada por ter chegado até aqui. Espero que tenham apreciado a leitura!!!

Capítulos irão sair toda terça e quinta-feira!

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