Capítulo Dezessete

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  Aby estava fora de si naquela manhã, desceu para o café e não encontrou Ezra, e não sabia dizer se aquilo a inquietava ou apaziguava seu humor, não se entendia mais, era uma mulher de vinte e três anos, não diria que estava satisfeita com sua vida sossegada no campo, mas também não estava preparada para as emoções que seu marido lhe despertava. As coisas que fez com seu corpo a desconcertava, nunca imaginou que poderia sentir tais sensações. O amor carnal que ouviu entre sussurros das criadas pela casa era isso? Só poderia ser. Suspirou em frente ao espelho esperando pacientemente Madame Pose ajustar o vestido azul lindo, mas o único que tinha a pronta entrega.


  Sua sogra estava ajudando Sally e Lady Dowdeng em alguns modelos novos, elas se deram bem à primeira vista, o que agradou muito Aby, ela não poderia se afastar de sua família postiça, nem que o marido exigisse, e teria certeza de que poderia fazer tal exigência se pensasse que a família Dowdeng fosse prejudicar a reputação dos Hancock na sociedade.


  Se olhou no espelho e gostou muito do resultado, os modelos que estavam em alta acentuavam sua silhueta de ampulheta, felizmente seu corpo de menina havia adquirido algumas curvas com a idade, o que lhe agradava. Se deu conta que sua sogra estava atras de si a admirando pelo reflexo.


  - Está linda minha querida - passou uma mão pelo seu ombro reconfortante - Sei que está nervosa com o baile de hoje, a sociedade pode ser um pouco injusta as vezes, mas vai se sair bem, tem a todos nos.


  - Injusta é um eufemismo, eles são como cães atras de carniça - Madelaine fez uma careta - Odeio essas pessoas - Modesty fez uma careta para filha repreendendo com o olhar.


  - Não falamos dessa maneira Madelaine, tenha modos - a garota deu de ombros, nada arrependida.


  Sally sorriu, ela percebeu que sua amiga havia simpatizado de cara com a cunhado, mas como não, elas tinham um espírito livre, eram muito mais desenvoltas que ela.


  - Modesty, agora que terminamos todas as nossas compras - sorriu um pouco exausta - Poderíamos ir à casa de meus pais? Mandei um bilhete essa manhã avisando que iriamos, e gostaria mesmo de encontrá-los antes do baile.


  - Mas é claro que sim - sua sogra se voltou para a modista - Entregue os vestidos e demais peças que estiverem prontos hoje em nossa residência, e assim que o restante estiver pronto faça o mesmo por favor - a modista assentiu.


  - Vossa Graça será a dama mais bonita essa noite, acredite em mim, a vesti desde jovem e sei o quanto esconde sua beleza do mundo, não se apavore pelas fofocas, afinal é uma Duquesa - a modista falou baixo somente para Abigail escutar. Ela lembrava de quando ia comprar seus vestidos com a mãe e a irmã, Madame Pose era sempre gentil com ela, tentando manter a mãe longe das cores que não a favoreciam.


  Assim que terminaram as compras, saíram da loja direto para a carruagem, Modesty solicitou ao cocheiro que as levasse a mansão dos Finch. Sally e Frederica resolveram voltar para casa acreditando que aquele era um momento muito particular para Abigail e a família, mas prometeram se encontrar a noite. Ela agradecia internamente a sensibilidade de ambas.


  Abigail estava nervosa, se comunicava com a família apenas por carta nesses cinco anos, e percebia pelo tom das palavras de seu pai que ele estava começando a ficar sem paciência, a queria em Londres para a temporada, queria ver sua pequena Aby. Suspirou assim que viu o portão de ferro da residência, e lembranças lhe vieram à mente. Foi feliz ali, quando era menina ficava no balanço de corda preso em uma arvore com um livro por horas, ou estendia uma manta no chão e ficava vendo nuvens com os irmãos, tentando adivinhar qual formato tinham, uma infância agradável.


  O coche parou e todas desceram e avançaram subindo os poucos degraus que davam a porta da frente, bateu na de leve esperando o mordomo Jenkins aparecer. Olhou em volta pela entrada, a casa era de tijolos, com janelas brancas, tinha um ar austero, mas a amava. A porta foi aberta e o mordomo apareceu, a olhou intrigado, mas tinha certeza de que via um pouco de amor naqueles olhos cansados, ele a tinha visto crescer e sempre a encobriu em suas travessuras.


  - Boa tarde Jenkins, meus pais estão em casa? Gostaria muito de vê-los.


  - Certamente Duquesa, entre e vá para a sala de visitas, anunciarei sua chegada, seu pai tem falado na Srta. com muita frequência.


  - Obrigada - ela entrou seguida pela sogra e a cunhada. Sentiu o aroma familiar de casa, aquele cheiro de cera de abelha e bolinhos de mirtilo. A casa era a mesma, nada havia mudado nesses cinco anos, o hall com sua decoração em creme e relevos em dourado na parede, moveis de madeira polida e as porcelanas de seus antepassados, todos ali. Foi caminhado até a sala de visitas, com mesma decoração na parede, o sofá adamascado, e duas poltronas da mesma cor, caminhou até a janela que dava para a rua e puxou de leve a cortina para o lado, a vista também continuava igual. Ouviu passos apressados pelo corredor e se voltou para a porta, esperando para ver quem estava chegando. Sua mãe apareceu esbaforida, um pouco corada pelo exercício, percebeu em seus olhos um alívio que nunca pensou que poderia ser dirigido a ela.


  - Mamãe, senti saudades - Lady Finch não respondeu, apenas foi ao seu encontro e a abraçou muito apertado, não se importando com as convenções e muito menos com as visitas. Abigail ficou sem fala, a única coisa que pode fazer foi passar seus braços ao redor da mãe e a abraçar de volta, sentiu um bolo na garganta.


  - Ohh minha querida, estávamos tão preocupados, mas não nos atrevemos a ir até você - sua mãe se afastou e segurou seu rosto com carinho - Nunca mais desapareça dessa maneira, nos deixou angustiados - então ela olhou em volta e percebeu a Duquesa Viúva e sua filha no outro lado da sala aguardando, se voltou para elas e as cumprimentou - Queiram me desculpar, mas nesse caso acredito que vão entender minha falta de educação.


  - Não se preocupe Margareth, nós entendemos perfeitamente - sorriu de forma afetuosa.


  - Sentem-se, vou solicitar o chá - assim que falou uma criada entrou com uma bandeja de chá e aperitivos, a Baronesa sorriu, Jenkins era realmente um anjo - Pelo que vejo só precisamos apreciar o bom trabalho de meu mordomo - todas se sentaram e a Baronesa interrogou Abigail, ela queria saber tudo o que não havia contado em suas cartas. O mais importante deixou para o final.


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NOTA DA AUTORA: Obrigada por continuar lendo a obra. Se você tiver intenção de acompanhar a história, ficarei muito feliz e ansiosa para ler suas opiniões. Deixe um comentário sobre os seus sentimentos, positivos ou negativos, é um incentivo para que eu continue escrevendo.

Mais uma vez obrigada por ter chegado até aqui. Espero que tenham apreciado a leitura!!!

Capítulos irão sair toda terça e quinta-feira!

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