Capítulo Quarenta e três

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Ezra deu ordens ao mordomo para que todos os passos de Abigail fossem reportados para ele, sabia que ela estava com alguma ideia em mente, e não poderia deixar que fosse embora sem ter a chance de esclarecer todos os mal-entendidos.

Olhou em volta do clube de cavaleiros. O único problema é que não sabia como fazer isso, era sua palavra contra uma carta muito reveladora. Passou uma mão em sua face em frustração. Não gostaria de ver aquela mulher novamente, havia enviado a ela semanas atras uma joia com uma nota indicando que o caso havia acabado, e que não havia mais chances de qualquer reencontro. Por que ele não queimou aquela maldita carta?

Estava olhando para o líquido em seu copo, tentando decidir se pediria outra garrafa ou iria para casa esmurrar a porta até sua esposa a abrir, a arrastar para seu quarto e dormir agarrado ao corpo quente dela. Quando ouviu a cadeira a sua frente sendo arrastada, ao olhar para cima por um segundo não entendeu o que aquela pessoa estava fazendo sentando em sua mesa.

- Boa noite Marques de Melrose, a que devo sua adorável companhia? - podia sentir o sarcasmo escorrendo por sua língua, mas não conseguiria esconder o desagrado de Loftus Cook estar a sua frente, nunca foram amigos e muito menos próximos. Sempre que o Marques estava em sua presença não conseguia deixar de sentir que ele não era quem mostrava, como se aquela aparência angelical escondesse um demônio.

- Ora, ora meu caro Birdwhisth - puxou um copo e encheu com o restante do Whisky que estava em cima da mesa - Te vi ao chegar ao salão - apontou para a porta - O que aconteceu com seu queixo? Seu valete não está sendo muito cuidadoso com Vossa Graça - sorriu de forma afetada.

- Um pequeno arranhão - tocou o local com o polegar - Nada que o Marques precise se preocupar.

- Conheci sua esposa no último baile - agora olhava para o copo admirando a cor âmbar da bebida - Uma mulher reconhecidamente notável.

Ezra trincou o maxilar, não gostava desse homem perto de Abigail, ele era o filho do homem que poderia ter matado seu pai. E não entendia qual papel o filho teria em toda essa história.

- Minha esposa é realmente notável - enfatizou o minha para enfatizar que deveria ficar longe de Abigail.

- Precisarei dançar com ela uma vez mais - sorriu debochado - Tem um senso de humor muito incomum.

O Duque rosnou, seus dedos ficaram esbranquiçados ao apertar o copo com mais força do que deveria. O encarou com um olhar feroz.

- O que o Marques deseja? Não estou com humor para duas brincadeiras.

Loftus levantou as mãos em um gesto de paz.

- Estou apenas elogiando sua esposa, não precisa ser tão sério em relação a isso.

- Vou para casa - se levantou ajeitando seus trajes - Espero que aprecie meu whisky - apontou para o copo na mão de Loftus quase vazio.

O Marques levantou o copo em agradecimento, com esse gesto Ezra se voltou para a porta saindo do local sem olhar para os cavalheiros ali sentados.

Abigail não queria ficar acordada até tarde para ouvir a hora que o Duque votasse para casa. Já estava na cama se virando de um lado para o outro pensando se ele estaria com a amante. Isso a machucava mais do que seus anos separados.

Ouviu passos pelo corredor e alguém parar a sua porta, sabia que era ele então se virou para o lado aposto ao da porta e fingiu que dormia. Não queria confrontá-lo onde estava até aquele horário.

A porta se abriu e sentiu que ele ficava alguns segundos olhando pelo aposento, ouviu seus passos em sua direção e seu coração acelerou. O que ele faria?

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