Alguem a quem amar.

Capítulo Vinte e sete

  Duque e Duquesa foram embora logo depois do incidente, já se passava mais de metade do evento, e Ezra já havia encontrado com quem precisava. Ele estava com raiva, raiva de sua esposa por ter fugido com outro homem no meio do baile, raiva por uma jovem insolente insinuar que a levaria embora, e raiva de si mesmo porque não entendia o motivo de estar agindo dessa maneira. Ele sempre foi senhor de suas emoções, não permitia que pessoas irrelevantes lhe tirassem a paz, mas nesse momento se encontrava em um estado lamentável. Queria bater em alguma coisa, ou melhor ainda, beijar e possuir sua esposa até ela e todos ao seu redor entendessem que nunca sairia do seu lado, se assim ele quisesse.

  Suspirou para aplacar os ânimos. Olhou para a frente e visualizou Abigail absorta na paisagem, estava tensa, dava para perceber pelo modo como apertava as mãos no tecido do vestido, deixando o local amassado. Gostou disso, ela deve ter entendido que não poderia fugir dele, mesmo que tentasse.

  A carruagem parou e ele olhou pela janela, vislumbrando a fachada da casa ducal, aguardou o lacaio abrir a porta, e logo em seguida saltou, esperando ao lado estendeu a mão para ajudar sua esposa a desembarcar, foram muito silenciosamente para a entrada e antes que abrissem a porta o mordomo já os estava aguardando para saldar os patrões e recolher seus pertences. A casa estava silenciosa nesse horário já avançado, mas ele teria que conversar com Abigail, e precisava ser hoje.

  - Suba para seus aposentos, logo estarei com você - ele a olhou com firmeza - Precisamos conversar - assim que disse essas palavras se virou e foi para seu escritório, não iria aceitar um não como resposta.

  Abigail estava atônita com o comportamento do Duque, ele realmente estava passando de todos os limites naquela noite, e se ele queria ter essa conversa ela colocaria todas as cartas na mesa e falaria que ele não a manteria nesse casamento fracassado a força, nem que para isso tivesse que pedir ajuda de sua família. Plowman pigarreou para chamar sua atenção, e ela se voltou para ele.

  - Desculpe Vossa Graça, mas a Duquesa Viúva e a Srta. Madeleine não voltaram com os senhores?

  - Plowman não, elas ficarão até o final do baile, Sua graça estava com um pouco de pressa para voltarmos, mas acredito que elas logo estarão aqui - olhou para a escada e suspirou - Vou me recolher agora, tenha uma boa noite - subiu as escadas para seu quarto, pensando em como poderia abordar de forma efetiva esse assunto que já estava cansativo.

  Ezra entrou em seu escritório e fechou a porta em seguida, não gostaria de ser incomodado tendo um assunto tão importante a analisar. Puxou do bolso interno do casaco o bilhete deixado na estante de livros na casa do Conde, estava com medo do que poderia estar escrito, as coisas estavam se desenrolando de uma maneira inesperada. Se sentou em sua mesa e rompeu o lacre, abriu o bilhete e leu o conteúdo.

Vossa Graça,

Estabeleci contato com um Monge que cuidou do garoto todos esses anos.

Tenho informações relevantes sobre o assunto.

Voltarei para Londres dentro de alguns dias, aguarde nova comunicação.

A.N.

  Respirando um pouco mais aliviado, releu algumas vezes o bilhete para detectar alguma informação adicional, mas o bilhete era simples e direto, assim como o Agente. Colocou o papel perto da vela e o queimou, esse assunto não poderia se tornar público, a reputação de seu pai estava em jogo. Assim que o papel virou cinzas em uma pequena bacia de metal ele se levantou e foi para a porta, estava na hora de conversar com Abigail.

  Subiu as escadas de dois em dois, não queria encontrá-la dormindo, precisava fazer ela entender que não mudaria de opinião, que ela continuaria em sua vida. E sendo sincero não era apenas pelo motivo onde tudo isso começou, manter a atenção em seu casamento para que o escândalo que poderia surgir sobre uma criança bastarda fosse abafado, ou o debute de Madeleine. Ele estava começando a gostar de ter Abigail ao seu lado, ela era linda, mas não era apenas isso. Ela o fazia sorrir, era muito espirituosa e o seu senso de humor era notável. Parecia que onde quer que ela fosse o ambiente se iluminava, com seus sorrisos e sua presença.

  Chegando à porta do quarto da Duquesa bateu levemente algumas vezes para indicar sua presença, tocou na maçaneta e girou, abrindo a porta levemente. Encontrou Abigail sentada em uma poltrona em frente ao fogo, seus cabelos soltos brilhavam com as luzes das chamas, estava com uma camisola branca onde realçava a brancura de sua pele e as pequenas sardas pelo rosto e colo. Pigarreou para indicar sua presença, e fechou a porta dando alguns passos para dentro do quarto, parou atras da poltrona onde ela estava e sentiu um leve cheiro doce que emanava dela, suspirou, seria um pouco mais difícil do que ele esperava ter essa conversa, pois já sentia um desejo incomum de puxá-la para si e a beijar.

  - Precisamos conversar Abigail.

  - Estou ciente disso Milorde, estou até agora acordada a sua espera - ela o olhou com raiva - Assim como ordenou.

  Ele se sentou na poltrona ao lado, teria que tentar uma conversa franca e direta. Essa mulher era muito teimosa, mas ele tinha que dobrá-la.

  - Abigail, preciso que nosso casamento continue, te dei um motivo razoável e você aceitou - ele esperava que as próximas palavras a fizessem baixar a guarda - E tem outra razão para que eu queira manter essa união - ele se aproximou e segurou sua mão que estava no encosto do acento - Eu comecei a te ver como mulher, não mais como a menina de cinco anos atras, quero fazer essa relação dar certo, me dê uma chance.

  Abigail o olhou intrigada, não entendia nada do que estava acontecendo nesses últimos dias, parecia que sua vida tinha virado de ponta cabeça. Tudo o que ela acreditava parecia um castelo de areia, e esse homem era como uma onda que estava destruindo tudo o que construiu nesses últimos anos, todas as barreiras impostas por seu coração.

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NOTA DA AUTORA: Obrigada por continuar lendo a obra. Se você tiver intenção de acompanhar a história, ficarei muito feliz e ansiosa para ler suas opiniões. Deixe um comentário sobre os seus sentimentos, positivos ou negativos, é um incentivo para que eu continue escrevendo.

Mais uma vez obrigada por ter chegado até aqui. Espero que tenham apreciado a leitura!!!

Capítulos irão sair toda terça e quinta-feira!