Alguem a quem amar.

Capítulo Quarenta e sete

  Abigail estava andando por um corredor mal iluminado, todas as portas que encontrava estavam trancadas e o desespero a sufocava, queria gritar e chorar pedindo que alguém ajudasse a sair dali, mas sua voz voltava em ecos, com o medo latente em seu coração começou a correr pelo corredor que ficava cada vez menos iluminado.

  Parou ouvindo uma voz a chamando, quando olhou para trás viu a figura do homem que dizia ser seu marido, ele estendeu a mão e a chamou com uma voz cheia de ternura, Abby deu alguns passos em sua direção levantando a mão para tocar na sua, quando dois braços femininos se entrelaçaram no pescoço de Ezra, e um rosto muito familiar se mostrou. Julieth colocou o queixo sobre o ombro de seu marido e sorriu enquanto acariciava seu peito displicentemente. Abigail começou a correr em direção a eles estendendo a mão para Ezra, mas quanto mais corria mais distante eles ficavam.

  Abby acordou com um grito sufocado e as lagrimas descendo em sua face, olhou para os lados e se viu sozinha em um largo aposento iluminado pela lua. Passou a mão por seu peito apertando o local, queria que aquela dor passasse, não entendia por que teve um sonho tão estranho. Sua mente não estava funcionando como deveria, seus pesadelos pareciam muito confusos.

  A porta se abriu devagar e uma figura grande de cabelos negros deu alguns passos para dentro, parecia não querer assustá-la, manteve a porta entreaberta e caminhou devagar até a lateral da cama.

  - Abby escutei um barulho estranho, por isso entrei – Ezra se sentou ao lado dela e estendeu a mão pousando em seu rosto, com o polegar enxugou algumas lagrimas – O que aconteceu? Lembrou de alguma coisa ou teve um pesadelo?

  Abigail olhou para aqueles olhos negros que transmitiam a mesma ternura que em seus sonhos, mas agora tinham um que de preocupação, ela inclinou um pouco a cabeça roçando de leve sua bochecha na palma da mão de Ezra. Se sentia segura com ele, não sabia como poderia ter esses sentimentos por alguém que nem conhecia.

  - Tive um pesadelo que me deixou muito inquieta – ao perceber como havia cedido ao desejo por algum contato físico, afastou seu rosto rapidamente – E como conseguiu ouvir os sons que fiz? – olhou pelo quarto tentando colocar sua atenção em outra coisa.

  - Eu estou na porta ao lado – deu um sorriso de lado apontando para a porta de ligação entre os quartos – Estava com dificuldades para dormir e então ouvi um som bem estranho vindo daqui, e como estou preocupado vim averiguar.

  - Entendo, somos casados? Por isso uma porta de ligação – Abby aponta para o local – É um pouco estranho, só me lembro de dividir o quarto com minha irmã – sorriu envergonhada.

  - Mas nos dormíamos juntos – Ezra sorri de lado.

  - Você quer dizer na mesma cama? – a voz de Abigail saiu em um guincho, sua face fica corada.

  - Mas é claro sua bobinha – tocou com o indicador a ponta do nariz de sua esposa, estava adorando provocá-la – O que você acha que casais fazem no mesmo quarto?

  - Humm, nunca imaginei o que meus pais faziam – fez uma cara pensativa – Acho que fazem o que todas as pessoas fazem quando deitam.