Capítulo Quarenta e dois

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Dias se passaram e Ezra não conseguia ver Abigail, ele saia para resolver problemas no parlamento ou com seus administradores, e quando voltava para casa sua esposa não se encontrava. Quando voltava se trancava no quarto e não falava com ninguém.


Não sabia o motivo de sua ausência, mas hoje ele teria uma conversa com ela. Não poderiam se manter assim. Ela teria que contar o motivo de sua ausência. Ele se manteve afastado e lhe deu espaço, mas isso estava passando dos limites.


Voltou mais cedo para casa e solicitou aos empregados que se sua esposa perguntasse por ele, dissessem que não havia chegado em casa ainda. Foi direto para o quarto dela, iria aguardar a noite toda se possível.


Abigail estava fugindo de seu marido, mas não sabia como poderia encarar Ezra com todos os sentimentos conturbados. Estava sendo covarde como sempre. Na época que foi praticamente exilada no campo tentou com todas as forças entender e a situação de seu casamento, e passou os cinco anos como cativa em uma prisão de luxo. Mas essa situação ela sabia que não poderia colocar para debaixo do tapete, como se não estivesse acontecendo nada.


Entrou pela porta da mansão desanimada, o mordomo a esperava no hall.


- Boa tarde Plowman, meu marido já chegou? - tinha medo da resposta, porque se estivesse em casa iria novamente bater incessantemente em sua porta.


- Vossa Graça - se curvou em uma saudação - O Duque ainda não chegou de seus afazeres.


- Obrigada - deu um suspiro de alívio e sem pensar duas vezes correu para seu quarto, onde se sentia mais segura naquela casa imensa.


Andou apressadamente pelo corredor até chegar em sua porta, entrou rapidamente e trancou a porta, sentiu seu coração mais leve.


- Por que anda se escondendo de mim Abigail? - ela sobressaltou-se com aquela voz em seu quarto. Ele não poderia estar ali, não naquele momento em que não estava preparada para enfrentá-lo.


Se virou lentamente rígida, sentindo todo o seu corpo tenso, não conseguia mover as mãos e abrir a porta para fugir. Ele estava sentado em uma poltrona de frente para a porta, com as pernas cruzadas e as duas mãos entrelaçadas embaixo de seu queixo. Parecia um deus da morte, seu olhar era ameaçador.


- Não me escondo, queria espaço - sentia as mãos tremerem levemente - Como quero agora, poderia sair do meu quarto?


Balançou a cabeça em negativa e levantou andando a passos largos até ela, colocou sua mão sobre a dela na maçaneta e a removeu para que ela não fugisse novamente, em seus olhos podia ver que a confusão de o encontrar esperando por ela estava sumindo, e uma pequena luz estava surgindo.


- Precisamos conversar - pegou em seu cotovelo a puxando para a cadeira em que estava sentado - Sente-se - indicou o local.


Não - negou com a cabeça e em um rompante de raiva puxou seu braço se afastando dele - Não vou me sentar, muito menos fugir de novo, estou cansada disso - passando os braços pelo seu corpo, tentando se proteger de alguma maneira.

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