Alguem a quem amar.

Capítulo Vinte e nove

  Depois da noite do baile que tiveram aquela terrível discussão não se viram mais, o Duque teve uma emergência em uma das propriedades, algo relacionado a um de seus arrendatários, e sem pensar duas vezes foi na manhã seguinte encontrar seu administrador e resolver o problema. Deixou apenas uma nota para a esposa, que o mordomo entregou assim que desceu para o café da manhã.

Abigail,

Estarei ausente por alguns dias, houve alguns problemas em uma de minhas propriedades. Assim que estiver tudo resolvido retornarei.

Espero que esses dias sejam suficientes para que me dê uma resposta.

Com carinho
Duque de Birdwhisth

  Abigail estava muito pensativa esses dias, não conseguia tirar as palavras de Ezra da mente. Nem mesmo os livros, sempre seus mais fiéis companheiros lhe davam alento. Mas não ficou confinada em casa, se encontrou com a família Dowdeng para o chá da tarde, e até mesmo um passeio no Hyde Park. Entretanto nem a companhia de seus amigos aquietou seu coração.

  Ela não sabia ainda o que responder, tinha muitas dúvidas sobre o começo dessa relação. Seria muito fácil ingressar nesse casamento e deixar a todos felizes. Mas ela seria feliz cedendo ao marido e família?

  - Aby? - Sally a cutucou no ombro chamando sua atenção - Você está muito diferente esses dias, alguma coisa aconteceu?

  Abigail franziu o nariz. Precisava conversar com alguém sobre essa situação, e quem melhor que sua melhor amiga? Ela não estava no meio disso, e poderia lhe dar uma resposta franca.

  - Sally - olhou em volta para verificar se não havia ninguém. Estavam na sala de visitas da Duquesa, e compartilhavam um raro momento a sós - Eu preciso lhe confidenciar algo, e quero que seja o mais honesta possível.

  - Mas é claro - ouvindo o tom da amiga entendeu a urgência de suas palavras - Ande Aby, está me deixando apavorada.

  Então relatou todos os acontecimentos de noites atras, contou todos os pormenores da conversa que teve com o Duque, e até seus pequenos medos de se envolver ou não nessa relação. Sally a ouviu atentamente, fazendo de vez em quando uma pergunta ou outra para melhor entendimento. Assim que terminou o relato seu corpo desabou sobre o encosto do sofá, não havia imaginado como estava com uma carga emocional tão grande guardada dentro de si.

  - É uma situação que não imaginei quando chegamos - Sally coçou de leve sua testa tentando entender todos os eventos - Pelo que vejo você tem duas opções - colocou a mão sobre a da amiga para dar um pouco de conforto - Aceita a proposta dele de te conquistar ou continua com seu pedido de anulação.

  - Isso já está na cara - Abigail disse de uma maneira debochada.

  - Não me olhe assim, estou dizendo o obvio para você ponderar as suas opções - fez uma careta - Mas eu tentaria dar uma chance, o que você perderia nesse tempo? De qualquer jeito ele não te deixaria ir sem uma boa briga, e se não derem certo nesse tempo ele mesmo pode falar sobre a anulação e vocês se separarem.

  - Você está certa, por isso precisava conversar com alguém que estivesse de fora da situação - colocou as mãos sobre os olhos muito cansada.

  - Mas Aby, antes de aceitar qualquer coisa tem que colocar algumas regras, não o deixe fazer como desejar.

  - O que você me aconselharia? - perguntou perdida.

  - Para mim o mais preocupante é essas amantes que ele já lhe confidenciou, você não pode aceitar começar nada sem antes por um fim nesses encontros - falou muito decidida - E os outros pontos acredito que saberá melhor do que eu - sorriu travessa.

  - Ohhh Sally - Aby puxou a amiga para um abraça apertado, seus olhos estavam marejados ao ouvir a preocupação em sua voz - O que faria sem sua amizade?

  - Não saberemos, não é mesmo? - se afastou mantendo suas mãos nos braços de Abigail - Porque você nunca precisara se preocupar com isso.

  Ezra estava chegando em sua casa depois de dias longe, nunca imaginou que uma pequena inundação nas plantações teria ocupado tanto o seu tempo. Quando chegou a casa dos colonos viu a situação que se encontravam e se colocou a trabalhar, não iria deixar aquelas famílias sem seu sustento. Depois que terminaram todos agradeceram efusivamente, mas Ezra acreditava que estava fazendo apenas seu trabalho, aquelas pessoas moravam em suas terras e ele tinha o dever de protegê-las.

  Apeou do cavalo e entregou as rédeas ao cavalariço, andou depressa para a entrada e ao começar a subir as escadas alguém o puxou pelo casado e lhe deu um soco no queixo. Ele ficou aturdido com a força do golpe, e quando ia retribuir se colocando em uma postura de combate olhou para o seu oponente.

  - Edmund? - limpou um filete de sangue de sua boca - O que diabos você pensa que está fazendo?

  - Só fiquei sabendo agora do regresso de minha irmã, vim buscá-la e a levarei para a casa de meus pais - apontou o dedo para ele - E você dará a maldita anulação que ela deseja.

  Ezra estava perplexo que tal atitude estivesse vindo do jovem que conheceu anos antes. Ele sempre foi espirituoso e brincalhão, na faculdade era um bom aluno, mas não deixava de apreciar as noites londrinas com seus amigos. Nunca imaginou Edmund com raiva, pois sempre tinha um sorriso franco em seus lábios, e nunca se metia em uma briga.

  - Podemos entrar e ter este assunto em particular? - apontou para a porta de entrada, o mordomo estava parado na soleira olhando para a cena com uma sobrancelha arqueada. Edmundo passou por ele se encaminhando para o hall e Ezra o seguiu resignado - Plowman, boa tarde, estarei em meu escritório, não quero ser interrompido - o mordomo assentiu - Me siga por favor - seguiu para seu escritório com um cunhado muito enfurecido atrás.

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NOTA DA AUTORA: Obrigada por continuar lendo a obra. Se você tiver intenção de acompanhar a história, ficarei muito feliz e ansiosa para ler suas opiniões. Deixe um comentário sobre os seus sentimentos, positivos ou negativos, é um incentivo para que eu continue escrevendo.

Mais uma vez obrigada por ter chegado até aqui. Espero que tenham apreciado a leitura!!!

Capítulos irão sair toda terça e quinta-feira!