𝙤𝙥𝙥𝙤𝙨𝙞𝙩𝙚𝙨

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Bárbara estava sentada na minha cama enquanto olhava para as suas mãos. Ela não estava desesperada igual antes mas ela ainda limpava algumas lágrimas que rolavam pelas suas bochechas rosadas.

Victor - você quer tomar um banho ? - ela levanta o seu olhar para mim e confirma com a cabeça - tudo bem,pode ir que separo um moletom para você.

Bárbara se levanta e vai até meu banheiro fechando a porta.

Caminho até o meu guarda roupa e pego um moletom preto. Com certeza vai ficar enorme nela,ela é minúscula!

Alguns minutos depois Bárbara sai do banheiro enrolada em uma toalha. Entrego o moletom pra ela que volta para dentro do banheiro e em seguida sai vestida.

Victor - ok,quer me contar o que aconteceu ?

Bárbara - briguei com o meu pai - ela se senta na cama e cobre suas pernas com o edredom - nunca demos certo. Meu pai gosta de julgar absolutamente tudo que eu faço! Pela milésima vez,ele jogou na minha cara a vergonha que ele sente em me ter como filha.

Me sento de frente para ela e ela continua a falar.

Bárbara - tipo,eu até que entendo toda a porra da gritaria quando eu faço algo errada mas cara eu só fui beber água e ele começou a puxar briga comigo. Tudo que eu passo hoje em dia é culpa dele, o transtorno alimentar,problemas e insegura com o meu corpo, bebidas,drogas e festas. Eu uso essas coisas para fugir dele e de meus problemas.

Victor - você usa drogas com frequência?

Bárbara - sim, praticamente todos os dias. Quando fico dias sem usar começo a surtar!

Victor - que tipo você usa?

Bárbara - Cocaína e maconha.

Da maconha eu já sabia,ela fumava na minha frente. Mas sobre a cocaína eu não fazia ideia.

Bárbara sempre foi muito fechada,não entendia o motivo mas agora entendo. É o pai.
Nunca desconfiei dos problemas que ela tinha com ele porque pareciam ser uma família perfeita.

Bárbara - porra,ele fodeu com o meu psicológico. Tem anos que eu não sei o que é ficar feliz. Enquanto a maioria das pessoas amam estar em casa eu só quero distância da minha - Bárbara limpa suas lacrimas mas imediatamente suas bochechas estão molhadas de novo - eu só quero que isso tudo acabe. Estou cansada de viver.

Victor - não fala isso - puxo ela para perto de mim e eu seguro seu rosto entre as minhas mãos - imagino o quanto deve ser difícil pra você. Eu não sabia que você passava por esse tanto de problemas,você nunca demonstrou nada.

Bárbara - acontece que com o tempo eu me fechei - ela da um sorriso triste - me afastei de tudo e todos. E me tornei uma vadia sem educação que ninguém suporta ficar perto.

Victor - isso não é verdade.

Bárbara - Victor,você que me disse isso. Não precisa mentir agora,sei que é verdade.

Victor - eu fui um filho da puta por ter falado aquilo!

Bárbara - tá tudo bem.

Victor - você precisa de ajuda. Se tiver disposta,posso te ajudar. Se você contar para os seus pais é bem provável eles te internarem sem ao menos te escutar. Você me deixa te ajudar ?

Bárbara - como você vai conseguir me ajudar ?

Victor - eu vou dar um jeito. Você,fica aqui hoje.

Bárbara - tá bom,eu realmente não tava interessada em voltar pra casa hoje.

Victor - vou na cozinha buscar alguma coisa pra você comer - ela estava prestes a protestar mas a interrompo - não adianta reclamar. Você quer ficar bem não quer?! - ela concorda - então você vai comer.

–

Bárbara comeu todo o sanduíche que eu preparei pra ela por livre e espontânea pressão.

Observo ela se deitar e se cobrir. Era bem estranho ver Bárbara calada. Ela normalmente gosta de me irritar.

Ela realmente está mal.

Acho que essa briga com o pai foi um gatilho para tudo desmoronar e explodir.

Me deito ao seu lado e me aproximo aos poucos, ela não recua,para a minha surpresa.

Abraço ela e coloco sua cabeça em meu peito.
Com a outra mão começo a mexer em seu cabelo. Bárbara rapidamente adormece em meus braços.