Capítulo Dez

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Arniel não estava em seu quarto quando Érico apareceu para encontrá-lo.

Quando viu o aposento vazio, não pensou que o garoto que lhe dera a informação estava mentindo. Ele e o irmão apenas se desencontraram. Livre da conversa com Arniel, Érico correu para o próprio quarto.

Mas foi parado assim que a princesa saiu do próprio quarto.

— Ah, olá — Aurora sorriu. Seu sorriso a deixava mais bonita. — Pensei mesmo ter escutado passos.

Não tinha como disfarçar que estivera correndo. Seu cabelo está bagunçado, fios loiros na frente dos olhos. Sua respiração estava descompassada e seu rosto, vermelho das bochechas até o pescoço.

— Princesa — Érico fez uma mesura apressada e olhou para os lados, buscando uma maneira educada de dispensá-la. Esperava que houvesse alguém para socorrê-lo, mas não havia. Estavam sozinhos no corredor. — Descansou?

— O bastante. Você parece afobado.

— Apenas resolvendo alguns... Assuntos.

Aurora olhou bem para ele e sorriu.

— Sobre o baile?

Aquilo o fez perder a fala.

— Como sabe?

— Seu irmão me contou que não irá. Infelizmente. Irá ficar na biblioteca?

Fora a sugestão da sua mãe.

— Sim, irei. Espero que se divirta por mim esta noite, tenho certeza de que adorará. Eu vi os preparativos, estavam espetaculares.

Ela riu.

Riu dele.

— Por que ri?

— Ah, nada... Só que... Quantos anos você tem, se me permite perguntar tão intimamente.

Ele pensou em mentir de novo para ela, mas menir significava segurar uma corda que seria constantemente puxada, machucando sua mão, fazendo-a arder, e logo cederia, mais cedo ou mais tarde. Ele preferia não ter essa corda em mãos.

— Tenho dezessete — contou-lhe olhando em seus olhos.

— Eu lhe contaria a minha idade se não fosse tão indecoroso.

Ele sorriu minimamente ao se lembrar de que sua mãe lhe disse para nunca perguntar a idade de uma dama, em hipótese alguma, mesmo que já tenha revelado a sua. Não era uma questão que se deveria abortar se quisesse ser gentil.

— Entendo. O que estava indo fazer. Se me permite perguntar tão intimamente — Aurora riu e ele considerou aquilo uma conquista. Seu peito inflou de orgulho

— Eu estava indo encontrar seu irmão — a resposta da princesa fez um pouco do seu orgulho murchar, mas não deixou que isso transparecesse. Colocou mais ideias na cabeça.

— Que bom, estão se dando bem. Na maioria do tempo, Arniel pode ser bem entediante. — Érico sorri.

Aurora iria responder alguma coisa, mas sua dama de companhia apareceu, saindo do quarto, com o rosto um pouco pálido por qualquer que seja a coisa que passou no rosto, cabelos presos por fitas. Ela o cumprimentou com uma mesura elegante e lenta, mantendo a cabeça abaixada o tempo todo. Érico sorriu para elas.

— Tenho que ir. Foi bom conversar com Vossa Alteza.

— Igualmente — Aurora diz.

Érico dá o primeiro passo para ir embora. Quando os passos da princesa e sua companheira se afastam, ele corre até chegar ao quarto. Se tranca e imediatamente chama por Ari. Ela aparece, flutuando em cima da sua cama.

Coroa, Flechas e Correntes (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora