As caricias dos lábios de Joaquim nos seus era tão apressada que machucava, mas sabia também que não estava tão diferente dele; estava necessitado em saber se conseguiria fazer com que o momento se esticasse ainda mais. Parecia não ter acontecido há tanto tempo, mas seus pulmões começaram a arder, as pequenas lufadas de ar que absorvia não eram suficientes, ele precisava se separar para poder respirar. — Mas não queria, preferia que seu corpo queimasse ao terminar aquele beijo.
O seu primeiro beijo.
Joaquim sentiu a mesma necessidade de respirar e o afastou colocando as mãos delicadamente em seus ombros, que mesmo cobertos pelo roupão, conseguiram sentir o calor dos seus nós, que pareciam ferventes. Érico tentou pensar se estava na mesma temperatura, se seus lábios pareciam estar tão inchados quanto ele sentia.
Ao respirar fundo, encarou o garoto a sua frente e perdeu todas as suas palavras ao notar que ele ainda estava de olhos fechados. Joaquim, Érico sabia, tinha olhos castanhos que poderiam ser considerados apenas comuns. Mas a palavra comum era tão fútil. Comum não era ele, ele não era simples e Érico soube que quando Joaquim mostrasse de novo seus olhos, eles estariam cheios de arrependimento, o que o dilaceraria por dentro.
— Por favor — sussurrou com sua voz rouca — não abra os olhos. Quero beijá-lo de novo.
Por um momento, pensou que fosse a coisa errada a se dizer. Talvez devesse ter pedido desculpas. Poderia ter feito qualquer coisa, mas tendo pedido desculpas antes. Quando a culpa começava a formar moradia em sua mente, Joaquim apenas retrucou, ainda de olhos fechados, obedecendo à ordem:
— Então faça.
E Érico o beijou mais uma vez. Dessa vez, pensou duas vezes antes de o fazer. Acabara de dar seu primeiro beijo e sabia onde havia errado: sua língua seguiu para a boca de Joaquim rápido demais para ser apropriado, ele teria de ir com mais calma e seus lábios teriam que deslizar, e não o devorar. E seus dentes tinham que mordiscar, apenas, o lábio inferior de Joaquim para que ele suspirasse durante o beijo; notou, depois de fazer apenas uma só fez, que ele apreciava tal coisa. O deixava fraco aos seus braços, o deixava ainda mais sedento por seu beijo.
Sem pensar tanto, deslizou a mão para os cabelos de Joaquim e sentiu a franja dele, que não chegava nem às sobrancelhas, e sentiu a maciez daquelas pontas lisas por entre os dedos. Tocou-lhe a nuca que estava molhada de suor. Aquilo deixou Érico mais à vontade para acariciá-lo: O suor de Joaquim não o deixava enjoado, a barba rala dele não o deixava incomodado. Não havia nada nele que o incomodava, tudo, na verdade, fazia com que sentisse vontade de perguntar se podia tocá-lo. Se podia admirar todas as suas curvas e músculos, que ele com certeza tinha. Tinha músculos nos ombros, nos braços, nas coxas, no rosto e na barriga.
— Érico — o ouviu sussurrar, os lábios desgrudando dos seus apenas por um instante —, estou... — e não completou, porque guiou a mão do príncipe até onde estava o seu problema.
Érico sentiu como Joaquim estava só pelas suas caricias e beijos e aquilo o fez ofegar e derreter. Ele queria saber como havia conseguido aquilo. Não era ingênuo ao ponto de não saber como aconteciam relações entre homens e mulheres, mas nunca soube como acontecia entre dois homens. Seu pulso disparou de repente, assustado. E Érico se afastou. Deu um pulo do pequeno sofá e se postou a dois passos de distância do móvel, tentando recobrar o fôlego e os pensamentos.
Parecia ser impossível pensar com cada fibra do seu corpo desejando voltar a sentar, desejando mais um pouco de beijos e mãos pelo seu corpo. Imaginou que se cedesse ao desejo que gritava em sua cabeça, as coisas aconteceria sem que ele percebesse o rumo delas até acordar ao amanhecer.
— O que houve? — Joaquim perguntou.
Érico balbuciou, à procura de algo coerente para dizer.
Envergonhado, Joaquim colocou uma das almofadas do sofá no meio das pernas.
![](https://img.wattpad.com/cover/309962583-288-k928859.jpg)