Capítulo Quarenta e Nove

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— Perdão! Perdão! Eu imploro, perdoe-me!

Os gritos do homem eram como rugidos de um animal ferido.

— Socorro! Por favor... Eu não quero morrer! Socorro!

Era o pior tipo de morte que alguém poderia ser sentenciado. Enquanto o fogo queimava sua carne, formando feridas ardentes e seus pulsos eram amarrados, seu corpo tensionava e o cheiro da sua pele queimando inundava seus pulmões, e você pensava: É assim que será. Morrerei assim, lentamente.

Mortes lentas era a sentença máxima de dor a alguém. Alguns consideravam sua vida a sentença máxima.

Quando chegaram ao final da escadaria e pisaram na terra seca, os gritos do homem já tinham cessado e o fogo serpenteava por suas roupas, dominando as costuras e queimando sua pele. A cabeça do homem pendia, inerte, sobre o peito. Lipe desviou o olhar e Joaquim se aproximou mais dele, querendo que ele não olhasse a cena. As pessoas ao redor arquejavam, algumas em descontentamento e outras apenas em simplória satisfação; a maioria se mantinha calada, apenas observando enquanto o fogo o consumia por completo.

A rainha se levantou do seu trono com pedras preciosas. Ela brilhava. Usava anéis em todos os dedos, joias grandes. Rubis, ametistas, esmeraldas e diamantes. Usava um vestido branco que ficava belíssimo em seu corpo, que tinha uma pele negra mais brilhante que suas joias. Ela tinha cabelos curtos, que não ultrapassavam suas orelhas, que possuíam brincos de diamantes que deviam pesar.

— Este homem — brandou, feliz — foi sentenciado a morte após suas ações chegarem ao meu conhecimento. Ele encurralou um casal em uma noite e os assassinou com as próprias mãos. Casal esse, infelizmente, que não será o último, por mais severa que sejam nossas leis, atitudes assim são sempre feitas por pessoas ignorantes. Em meu reino, eu as puno devidamente.

As pessoas bateram palma, mas a rainha as dispensou com um aceno e retomou a sua fala.

— A pira será sempre o lugar de pessoas assim. E hoje, fomo arrebatados por uma surpresa. Um possível cumplice, a meu ver — sua mão, delicadamente, apontou para Érico ao chão.

Ele balançou a cabeça, porém, manteve-se quieto.

— Tragam-no até mim.

Assim, os guardas fizeram. Érico estava sendo arrastado pelos guardas.

— Temos que... Droga. — Sua perna machucou em um pedregulho e ele parou.

Lipe também parou e gemeu de dor. Por um momento, todos esqueceram que eles estavam machucados.

— Posso tentar conversar com ela — Tayson murmurou, mas estava resignado a ficar com seus próprios prisioneiros que, pálidos como estavam, pareciam prestes a desmaiar. Haviam ficado atônitos com a cena que acabaram de ver.

— Não — Bico disse. — Eu posso dar um jeito... Érico não vai gostar.

— Que se dane se ele vai gostar ou não — Joaquim disse —, faça o que for preciso.

Bico assentiu e então, sumiu a brisa.

Um dos piratas perguntou, a ninguém em específico, com quem Joaquim estava falando. 

Coroa, Flechas e Correntes (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora