📸 RODOLFFO
— Moça ! Moça !Fui até a porta atrás dela. Ela saiu correndo e nem olhou pra trás.
— Credo, braba que nem cupim.
Voltei pra lanchonete e vi que ela esqueceu o livro que estava lendo sob a mesa. Li o título em voz alta.
— Eclipse : quando as paralelas se encontram, por Juliette Rios.
— Sim, é Juliette o nome dela.
— Que foi, Bastião?
— Juliette. O nome da moça que estava aqui — ele disse limpando a mesa.
Voltei para o balcão e fiquei pensativo, tomando o meu café. Que maluquice foi essa que aconteceu aqui na minha frente, moço?
No primeiro dia que resolvo escutar o meu coração, acontece essa trenheira toda. Tem base?
E o dia tinha até começado tranquilin, tranquilin. Levantei mais disposto e fiz uma caminhadinha que foi muito massa. Aproveitei e tirei fotos da praia, da natureza, das pessoas. Tudo de forma natural, sem poses e flashes — do jeito que eu gosto.
Já tinha andado bastante, quando resolvi parar em uma lanchonete de esquina pra tomar um café com pão de queijo e fiquei em um canto do balcão, esperando e vendo no celular as fotos que eu havia tirado.
Estava distraído, quando eu percebi que o casal ao lado falava um pouco mais alto. Eu tinha percebido que era um casal, porque pude escutar a voz da mulher, mas, no meu ângulo visão eu só conseguia ver o homem, que estava de costas pra mim.
De repente, as vozes se alteraram e quando eu olhei novamente, percebi que a mulher estava desconfortável e o homem segurava seu braço com força.
Resolvi intervir.
Quando ela falou comigo e olhou pra mim, eu tive a visão da mulher mais linda em que meus olhos já pousaram. Ela não era muito alta, eu diria que bem baixinha, até. Possuía lábios carnudos e seus cabelos caiam em cascata de forma a emoldurar o seu belo rosto. Era a imagem perfeita, pra qualquer editorial de moda ou beleza.
Usava um vestido que valorizava suas curvas, e apesar dos óculos escuros, era possível perceber que algumas lágrimas teimavam em cair. Talvez por vergonha, por causa da situação. Mas, o que mais me chamou a atenção foi a sua voz.
Apesar das poucas palavras que eu ouvi sair da boca dela, a voz doce e melodiosa despertaram um instinto de proteção em mim, que me fez encarar aquele caboco que estava atormentando ela ali. O estrupício falou mais algumas bobagens pra ela, e eu não aguentei, joguei ele pra fora dali, sem dó.
Voltei minha atenção à ela, que estava bastante abalada e ofereci ajuda e ela recusou nervosa.
— Calma, Bastiana. Não precisa ficar braba, não.
Ela olhou pra mim e simplesmente saiu correndo, sem olhar pra trás.
E agora eu tô aqui, segurando o livro que ela esqueceu na mão, com a maior cara de bocó e um alerta martelando na minha cabeça, que eu ainda não consegui entender.
— Ei coração, já que agora eu tô te ouvindo, ocê bem que poderia facilitar os trem pra mim. Cê num me explica. Credo.
**********
Voltei para o hotel, para me trocar e pegar o equipamento. Eu queria chegar cedo lá na casa da minha amiga.
— Rodolffo, que bom ver tu aqui. Amei quando vi que topou meu convite.
— Imagina se eu não ia aceitar, Lara. Tamo junto, sempre.
— Vem cá que eu quero te apresentar o pessoal.
Ela me apresentou uns amigos dela que já tinham chegado e eu aproveitei e já fui fazendo as minhas fotos com cada um dos convidados. A toda hora chegava convidados e a Lara ia recepcioná-los. Esses últimos que chegaram, acredito ser de muito tempo, porque só ouvi gritos e gargalhadas.
O lugar já estava bem cheio e eu fui pegar os outros equipamentos que eu iria utilizar pra esse trabalho.
Quando voltei já tinha gente em diversos lugares, na piscina, na churrasqueira, nas espreguiçadeiras, nas redes...
Aproveitei que todos os amigos dela estavam espalhados pelo espaço e resolvi fazer algumas fotos aéreas com meu equipamento novo. Um drone de última geração que trouxe nesta minha última viagem para a Europa.
— Droga ! Ainda tenho que pegar as manhas com esse trem.
Eu não consegui controlar direito e o drone acabou de enroscando bem em cima de uma espécie de plataforma baixa, que servia de trampolim para a piscina.
Olhei para o lado e vi que só tinha algumas pessoas na piscina. Um casal sentado na beira conversando e alguém deitada de costas em um bóia que estava indo e vindo a deriva ali na água. Ninguém ia me ver ali.
Subi na plataforma e desenrosquei o drone, só que na hora que fui voltar, acabei me desequilibrando e quase caindo. Por sorte, segurei na borda da plataforma, ficando pendurado.
— Arre, que latada essa que me enfiei.
Tentei balançar o corpo pra ver se minhas pernas alcançavam a base da plataforma, mas não consegui. Minhas costas doíam e meus braços já estavam pedindo arrego.
Olhei pra baixo e percebi que se eu caísse, ia direto pra água da piscina.
— É... não vai ter jeito — falei pra mim mesmo, mirando a piscina.
Pensa comigo: entre tentar voltar pra cima e torcer toda as minhas costas e mergulhar na piscina. Qual seria sua opção?
É claro que eu escolhi mergulhar. Sou acostumado em pular de trampolins ou dar mortais na água, pra desespero da Dona Selma, minha mãe. E além do mais, a altura aqui não passa de dois metros.
Em segundos calculei a questão do vento, da profundidade e da altura. Olhei de novo pra baixo, me certificando não ter nada que me atrapalhasse.
Me preparei. Respirei fundo. Larguei o braço. E saltei para um mergulho.
Só que, exatamente nesse momento:
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Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)
FanfictionJuliette Silva, advogada, linda, inteligente, super divertida e cheia de amigos. Tem o coração machucado por causa de um noivado recente, que deixou marcas que ela nem tinha se dado conta. Mora na Paraíba, mas vai provisoriamente pra São Paulo atuar...