Capítulo 10

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⚖️ JULIETTE

1 semana depois

- Tu se cuida, minha menina. Olho atento em tudo e qualquer coisa me avise, que eu vou até onde tu estiver.

- Pode deixar, mainha - disse abraçada com ela - Não se preocupe. Vai dar tudo certo.

- Eu sei que vai. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro vai te proteger, viu.

- Amém, mainha.

Fiquei mais uns minutos ali abraçada, curtindo mais esse tempinho com a minha mãe. Mesmo que sejam apenas seis meses, eu nunca fiquei tanto tempo assim longe dela.

Mona estava ali com a gente e não parava de chorar. Me levantei, deixei mainha sentada nas cadeiras e fui até ela.

- Ei bixinha, não chore não. Já disse que será por pouco tempo.

- Ah, Ju. Semana passada foi a Lara e essa semana tu. Minhas amigas todas estão me deixando.

- Pare de ser dramática, mulher. Prometo que a gente vai se falar todo dia por facetime.

- A Lara disse isso e já faz uma semana que não deu notícias. Só avisou que chegou e mais nada!

- Ah, Mona. A Lara foi para o outro lado do mundo, por isso deve estar com essa dificuldade de comunicação. Eu só estarei a poucas horas de voo daqui...

- Eu sei, Ju. Mas tô acostumada com vocês todos os dias aperriando minha vida. Vou sentir falta.

- Oh, bebê da Juju. Vem aqui me dar um abraço - falei apertando ela nos meus braços.

- Tu promete que vai se cuidar, Ju?

- U-hum, prometo.

- Que qualquer coisa que te acontecer vai me avisar?

- Prometo.

- Que vai dar uma chance pra tu e para o seu coração?

Soltei ela do abraço.

- Daí tu tá querendo demais, né Mona.

- Tu ainda tá brava, né?

- Brava não, talvez chateada seja a palavra.

Não tinha como esquecer o bolo que aquele Adônis me deu. No dia e horário combinado fui até a praia e ele não apareceu. Xinguei até a quinta geração dele, mas, depois me conformei e chorei minhas mágoas agarrada num pote imenso de açaí.

- Ju, já passou pela sua cabeça que talvez tenha acontecido alguma coisa com ele?

- Olha, Mona. Eu até tentei procurar saber. Stalkeei ele nas redes sociais e não vi nada. Só umas fotos profissionais e a vista do hotel dele em João Pessoa.

- Se tu sabe qual hotel ele ficou, poderia ter ido lá pra saber de algo.

- Preferi deixar pra lá, Mona. Não ia dar certo mesmo.

- Como tu sabe?

- O cara além de lindo é rodeado por mulheres maravilhosas. Eu sou só alguém que apareceu de surpresa na vida dele e que deixou ele no mínimo, curioso.

- E bota surpresa nisso! - ela disse rindo - Mas e tu? Não ficou curiosa também?

Pensei um pouco pra responder. Eu sentia que não era só uma cisma, mas, também não iria me aprofundar nisso. Afinal de contas estou a caminho de um desafio na minha vida. Seria muita novidade para os meus quase 1,65.

- Fiquei curiosa sim, Mona. Mas já passou.

Meu vôo foi chamado, me despedi de Mona e mainha.

- Sua bença, mainha.

- Deus te abençoe, te ilumine e guarde minha princesa.

- Tchau, Mona.

- Seja feliz, minha amiga.

Segui para o embarque e logo já estávamos decolando. Olhei pela janela e mentalizei uma oração.

- É Dona Juliette, tem mais jeito não. Hora de seguir em frente - pensei comigo, enquanto olhava a paisagem.

Depois de horas e de quase eu e a poltrona do avião nos tornarmos um único ser, de tão grudadas que ficamos; chegamos, enfim, em São Paulo

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Depois de horas e de quase eu e a poltrona do avião nos tornarmos um único ser, de tão grudadas que ficamos; chegamos, enfim, em São Paulo.

Peguei minha bagagem rapidinho e chamei um carro de aplicativo pra me levar para o meu apartamento no centro da cidade. Na verdade, esse apartamento foi um achado. Um cliente do Gui lá da concessionária comentou com ele sobre esse imóvel, Gui me falou dele e acabamos fechando negócio.

Já era perto da meia noite, quando chegamos no condomínio e o motorista me ajudou a levar minhas malas na portaria. Me identifiquei com o porteiro como a nova moradora do 1302 e fui autorizada a subir até o 13o andar.

O condomínio contava com duas torres com 15 andares cada e duas unidades por andar. Entrei no elevador, e meu coração batia descompassado com a minha nova realidade de chegar em casa.

Isso mesmo. A partir de agora, ali seria a minha casa.

Minha nova casa, minha nova vida com muitas possibilidades. Talvez isso realmente esteja no meu destino: conhecer novos desafios, novas pessoas, um novo am..

Não. Amor não, Juliette. Ou uma coisa ou outra.

Cheguei no meu andar, fui até em frente a porta que marcava o número 1302, puxei a chave do meu bolso, dei um beijinho nela e respirei fundo.

- Seja bem vinda, Juliette ao seu novo começo - disse alto pra mim.

Coloquei na fechadura, girei e...nada. Tava emperrada.

- Oxi, chave maldita, tu não vai estragar o meu co-me-ço - disse forçando a chave.

E nada.

- Parabéns, Juliette. Tu não consegue nem abrir uma porta.

Falei enquanto tentava girar a chave para todos os lados e estava disposta a abrir a porta na porrada. Parei, respirei e tentei manter a calma. Tentei outros métodos alternativos.

- Abre de Sésamo!

Nada.

- Vamos abrir a porta da esperança!

Nada.

- Que se abra o mar vermelho! - falei solene, abrindo os braços.

Nada vezes nada.

- Abre a porta aí, motorista.

Nem balançou.

Estalei os dedos, que nem os tik tokers, rezei pra São Pedro e nada! Então, resolvi xingar.

- Sua chave lazarenta. Besta. Boba. Vira logo, sua fia de um cão.

Por causa dos meus xingamentos e dos barulhos que eu fazia no corredor, esmurrando a porta, o vizinho do apartamento do lado oposto, veio saber o que estava acontecendo. Percebi pelo barulho da porta dele atrás de mim, mas, nem liguei, pois, estava focada em pensar outras formas de resolver o meu problema ali.

De repente, uma voz rouca, potente e familiar ressoou atrás de mim, fazendo o meu corpo vibrar.

- Precisa de alguma ajuda, brabinha?

- Eita bixiga, de novo não!

Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora