Capítulo 64

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Só de pensar no azedinho do sorvete de mangaba, minha boca salivava.

Rodolffo foi buscar pra mim, em uma barraquinha do outro lado do espaço e eu fiquei observando ele ir até lá. Pelas caridade, esse homi indo ou vindo é lindo de qualquer jeito. Que desacato.

Agora deu pra inventar que também tá sentindo meus sintomas de gravidez. E deve estar mesmo, porque ele tá mais emocionado do que já é. O póbi.

Eu percebi que ele ficou magoado com aquela bobeirinha que falei sobre a ponte do casamento que tem aqui. Eu não fiz por mal, mas, acho que ele levou para o pessoal. Sinto que precisamos conversar sobre isso. 

Mas é que eu quero que seja tudo natural. Não quero que ele pense em casar comigo por causa do nosso bolinho. E além do mais, só pensar na palavra casamento eu tenho arrepios. Eu sei que Rodolffo não é o escroto do meu ex, mas, eu ainda tenho um trauma e preciso me curar. Só ainda não sei como.

— Juliette?

A última voz que eu queria ouvir chamando o meu nome estava bem atrás de mim. Fingi não ouvir e me virei para o outro lado.

— Ju? Docinho? Sou eu, Alê.

Rolei os olhos e bufei. Ele não iria desistir de falar comigo. Olhei para onde estava Rodolffo e ele estava intretido, decerto fazendo o pedido dos nossos sorvetes.

— O que tu tá fazendo aqui? Por acaso tá me seguindo?

— Eu juro que não, docinho. Eu vim pra Campina Grande refrescar minha cabeça — e chegando mais próximo de mim, ele diz me encarando — Larissa foi embora,  me traiu com o chefe dela.

Oxi, problema seu. 

— Eu errei, Juliette. Troquei a mulher que me amava por uma aposta infeliz.

— Eu não quero e não preciso ouvir nada o que tu tá me dizendo — me levantei pra sair dali e ele me cercou. 

A área em que nós estávamos era um pouco deserta, com algumas poucas pessoas distraídas com seus pares e que pareciam não perceber a nossa interação ali.

— Eu não consigo aceitar a ideia que não vamos mais voltar, docinho. 

— Pois deveria. Minha vida não tem mais espaço pra tu. Você não me faz falta. 

— Não diz isso, tu sabe que só podemos ser felizes juntos.

— Já te disse pra tu seguir seu rumo e me deixar em paz. Acabou, Alê. Eu estou reconstruindo a minha vida e nela já tenho outra pessoa. Entenda isso de uma vez, homi.

— A sua vida é comigo, Juliette — ele segurou o meu braço forte -— Ninguém vai te fazer feliz como eu.

— Me solta, Alê. Tu tá me machucando.

— Eu te amo.

— E eu tenho nojo de tu, sai de perto de mim, agora — falei o empurrando, mas ele me segurou pelos ombros.

— Ninguém. Ninguém vai ficar com tu. Se não aceitar ser minha, não vai ser de ninguém. Entendeu? — ele disse me chacoalhando pelos ombros.

— TIRA AS MÃOS DELA, SEU FELAPUTA

Duas mãos agarraram Alê pela camisa e ele nem teve tempo de se desviar do soco que recebeu, fazendo ele cambelar, me soltar e cair no chão.

— Você de novo? O que pensa que está fazendo aqui? — Alê ainda estava no chão, seu nariz sangrava e olhava para Rodolffo assustado.

— C.A.I  F.O.R.A — a voz de Rodolffo era grossa e grave, não deixando margem para contrariar.

— Quem tu pensa que é?

Não aguentei e respondi sem vacilar.

— Ele está aqui porque é meu namorado. Na-mo-ra-do. Espero que agora tu entenda e nos deixe em paz.

Alê começou a rir de forma sarcástica.

— Tu é engraçada, né Juliette? Paga aí, de mulher independente, forte, corajosa mas não consegue ficar sem um macho. Não consegue se defender sozinha. É uma fragilzinha sem noção — disse se levantando.

Não me contive e dei um tapa forte em seu rosto, que ficou vermelho na hora. Rodolffo fez menção de ir pra cima dele novamente e eu o segurei.

— Não, Rodolffo. Não vale a pena — me posicionei na frente dele, o segurando pelos braços — Já deu pra ele perceber que aqui ele não se cria mais. Vamo embora, meu amor.

— Ah, Juliette tá se fazendo de santinha na frente desse seu namoradinho xucro? — ele tinha um sorriso de escarnio na cara, mesmo inchada.

— Sai daqui, Alê. 

— Devo te dizer, docinho. Mesmo tu tendo esse defeito de não sentir prazer, confesso que sinto saudades da sua boca — e chegando perto de Rodolffo, ele falou cínico — Ela amava me dar prazer com essa boca maravilhosa. Ainda fico excitado quando me lembro da carinha dela de safada, enquanto me chupava.

Rodolffo se soltou de mim e partiu de novo pra cima dele e lhe deu vários socos na cara.

— Agora ocê não é mais machão, né seu merda — falava enquanto disparava mais socos na cara do Alê, que tentava revidar, mas Rodolffo era mais forte e mais rápido do que ele.

Era possível ver todo ódio em seu olhar. Eu nunca tinha visto o meu Adônis assim.

— Eu quero que ocê preste bem atenção no que eu vou te falar — Rodolffo segurava Alê pelos colarinhos e falava com a voz firme e pausada — não vai mais chegar perto, encostar, falar, olhar ou ter qualquer aproximação com a Juliette seja aqui, na casa dela, no trabalho dela ou em qualquer outro lugar. Entendeu?

Alê engoliu seco e tinha os olhos arregalados. Ele estava com o olho roxo e seus lábios sangravam, resultado dos socos que Rodolffo deu.

— Se eu souber que ocê tocou nela mais uma vez, eu vou acabar com a sua cara, seu escroto abusivo feladaputa.

— Rodolffo, vamos embora. Tu já deixou ele bem estragado — falei aflita, mas ele parecia não me ouvir  — Não vale a pena se sujar mais por causa desse fio do cão machista e imbecil.

Rodolffo tinha o olhar fixo em Alê. Os seguranças do lugar chegaram perto de nós e eu me aproximei dele, que ainda segurava o Alê pela camiseta.

— Amor, pense no nosso bolinho — falei pertinho do seu ouvido — Não vamos mais esticar essa história aqui.

A menção do nosso neném fez Rodolffo aliviar a expressão e soltar Alê, que apanhou tanto, que preferiu se esticar no chão.

— Se ocê tiver amor à vida, vai deixar a Juliette em paz e nunca mais à procurar. Da próxima vez, eu vou bater primeiro e conversar depois.

Alê ficou no chão, totalmente confuso com que tinha acabado de acontecer. Os seguranças o levantaram e o ajudaram a ficar de pé.

— Vamos embora, brabinha — disse me puxando pela mão.

— Vamos, amor.

Mas antes de sair, olhei novamente pra Alê que nos observava e puxei Rodolffo para um beijo intenso e apaixonado.

Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora