Só de pensar no azedinho do sorvete de mangaba, minha boca salivava.
Rodolffo foi buscar pra mim, em uma barraquinha do outro lado do espaço e eu fiquei observando ele ir até lá. Pelas caridade, esse homi indo ou vindo é lindo de qualquer jeito. Que desacato.
Agora deu pra inventar que também tá sentindo meus sintomas de gravidez. E deve estar mesmo, porque ele tá mais emocionado do que já é. O póbi.
Eu percebi que ele ficou magoado com aquela bobeirinha que falei sobre a ponte do casamento que tem aqui. Eu não fiz por mal, mas, acho que ele levou para o pessoal. Sinto que precisamos conversar sobre isso.
Mas é que eu quero que seja tudo natural. Não quero que ele pense em casar comigo por causa do nosso bolinho. E além do mais, só pensar na palavra casamento eu tenho arrepios. Eu sei que Rodolffo não é o escroto do meu ex, mas, eu ainda tenho um trauma e preciso me curar. Só ainda não sei como.
— Juliette?
A última voz que eu queria ouvir chamando o meu nome estava bem atrás de mim. Fingi não ouvir e me virei para o outro lado.
— Ju? Docinho? Sou eu, Alê.
Rolei os olhos e bufei. Ele não iria desistir de falar comigo. Olhei para onde estava Rodolffo e ele estava intretido, decerto fazendo o pedido dos nossos sorvetes.
— O que tu tá fazendo aqui? Por acaso tá me seguindo?
— Eu juro que não, docinho. Eu vim pra Campina Grande refrescar minha cabeça — e chegando mais próximo de mim, ele diz me encarando — Larissa foi embora, me traiu com o chefe dela.
— Oxi, problema seu.
— Eu errei, Juliette. Troquei a mulher que me amava por uma aposta infeliz.
— Eu não quero e não preciso ouvir nada o que tu tá me dizendo — me levantei pra sair dali e ele me cercou.
A área em que nós estávamos era um pouco deserta, com algumas poucas pessoas distraídas com seus pares e que pareciam não perceber a nossa interação ali.
— Eu não consigo aceitar a ideia que não vamos mais voltar, docinho.
— Pois deveria. Minha vida não tem mais espaço pra tu. Você não me faz falta.
— Não diz isso, tu sabe que só podemos ser felizes juntos.
— Já te disse pra tu seguir seu rumo e me deixar em paz. Acabou, Alê. Eu estou reconstruindo a minha vida e nela já tenho outra pessoa. Entenda isso de uma vez, homi.
— A sua vida é comigo, Juliette — ele segurou o meu braço forte -— Ninguém vai te fazer feliz como eu.
— Me solta, Alê. Tu tá me machucando.
— Eu te amo.
— E eu tenho nojo de tu, sai de perto de mim, agora — falei o empurrando, mas ele me segurou pelos ombros.
— Ninguém. Ninguém vai ficar com tu. Se não aceitar ser minha, não vai ser de ninguém. Entendeu? — ele disse me chacoalhando pelos ombros.
— TIRA AS MÃOS DELA, SEU FELAPUTA
Duas mãos agarraram Alê pela camisa e ele nem teve tempo de se desviar do soco que recebeu, fazendo ele cambelar, me soltar e cair no chão.
— Você de novo? O que pensa que está fazendo aqui? — Alê ainda estava no chão, seu nariz sangrava e olhava para Rodolffo assustado.
— C.A.I F.O.R.A — a voz de Rodolffo era grossa e grave, não deixando margem para contrariar.
— Quem tu pensa que é?
Não aguentei e respondi sem vacilar.
— Ele está aqui porque é meu namorado. Na-mo-ra-do. Espero que agora tu entenda e nos deixe em paz.
Alê começou a rir de forma sarcástica.
— Tu é engraçada, né Juliette? Paga aí, de mulher independente, forte, corajosa mas não consegue ficar sem um macho. Não consegue se defender sozinha. É uma fragilzinha sem noção — disse se levantando.
Não me contive e dei um tapa forte em seu rosto, que ficou vermelho na hora. Rodolffo fez menção de ir pra cima dele novamente e eu o segurei.
— Não, Rodolffo. Não vale a pena — me posicionei na frente dele, o segurando pelos braços — Já deu pra ele perceber que aqui ele não se cria mais. Vamo embora, meu amor.
— Ah, Juliette tá se fazendo de santinha na frente desse seu namoradinho xucro? — ele tinha um sorriso de escarnio na cara, mesmo inchada.
— Sai daqui, Alê.
— Devo te dizer, docinho. Mesmo tu tendo esse defeito de não sentir prazer, confesso que sinto saudades da sua boca — e chegando perto de Rodolffo, ele falou cínico — Ela amava me dar prazer com essa boca maravilhosa. Ainda fico excitado quando me lembro da carinha dela de safada, enquanto me chupava.
Rodolffo se soltou de mim e partiu de novo pra cima dele e lhe deu vários socos na cara.
— Agora ocê não é mais machão, né seu merda — falava enquanto disparava mais socos na cara do Alê, que tentava revidar, mas Rodolffo era mais forte e mais rápido do que ele.
Era possível ver todo ódio em seu olhar. Eu nunca tinha visto o meu Adônis assim.
— Eu quero que ocê preste bem atenção no que eu vou te falar — Rodolffo segurava Alê pelos colarinhos e falava com a voz firme e pausada — Cê não vai mais chegar perto, encostar, falar, olhar ou ter qualquer aproximação com a Juliette seja aqui, na casa dela, no trabalho dela ou em qualquer outro lugar. Entendeu?
Alê engoliu seco e tinha os olhos arregalados. Ele estava com o olho roxo e seus lábios sangravam, resultado dos socos que Rodolffo deu.
— Se eu souber que ocê tocou nela mais uma vez, eu vou acabar com a sua cara, seu escroto abusivo feladaputa.
— Rodolffo, vamos embora. Tu já deixou ele bem estragado — falei aflita, mas ele parecia não me ouvir — Não vale a pena se sujar mais por causa desse fio do cão machista e imbecil.
Rodolffo tinha o olhar fixo em Alê. Os seguranças do lugar chegaram perto de nós e eu me aproximei dele, que ainda segurava o Alê pela camiseta.
— Amor, pense no nosso bolinho — falei pertinho do seu ouvido — Não vamos mais esticar essa história aqui.
A menção do nosso neném fez Rodolffo aliviar a expressão e soltar Alê, que apanhou tanto, que preferiu se esticar no chão.
— Se ocê tiver amor à vida, vai deixar a Juliette em paz e nunca mais à procurar. Da próxima vez, eu vou bater primeiro e conversar depois.
Alê ficou no chão, totalmente confuso com que tinha acabado de acontecer. Os seguranças o levantaram e o ajudaram a ficar de pé.
— Vamos embora, brabinha — disse me puxando pela mão.
— Vamos, amor.
Mas antes de sair, olhei novamente pra Alê que nos observava e puxei Rodolffo para um beijo intenso e apaixonado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)
FanficJuliette Silva, advogada, linda, inteligente, super divertida e cheia de amigos. Tem o coração machucado por causa de um noivado recente, que deixou marcas que ela nem tinha se dado conta. Mora na Paraíba, mas vai provisoriamente pra São Paulo atuar...