Capítulo 79

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⚖️ RODOLFFO

Os minutos seguintes passaram em câmera lenta pra mim. Ouvi os tiros e os gritos das pessoas.

Como eu estava próximo, corri em direção ao pai da Carol na tentativa de barra-lo, mas já era tarde. Olhei para o lado e vi Arthur e Carol caídos na calçada. Um tiro havia acertado a moça próximo a barriga e o outro acertou em cheio o peito de Arthur, que havia entrado na frente, na tentativa de que Carol não levasse outro tiro.

O atirador, pai da moça tentou fugir, mas foi impedido por populares e por Paula, que o segurou e retirou a arma de sua mão. Ele agora está sentado no meio fio, chorando com a cabeça baixa, cercado por pessoas que não o deixavam fugir.

Carolina estava desmaiada. Cheguei perto dela e chequei seus sinais vitais. Apesar de fraco, ela tinha pulso e respirava lentamente. Percebi que a bala atingiu de raspão a região um pouco abaixo do peito. Olhei para o lado, onde estava Arthur e notei que ali, a situação era bem crítica e ele já agonizava.

— A ambulância já está chegando — Paula veio até mim — E a polícia também —  eu só assenti com a cabeça.

— Arthur, cara fiquei firme — gritei de onde estava pra ele, que ainda tinha os olhos abertos — Nós vamos te socorrer, vai dar tudo certo.

— Não vai dar mais pra mim, irmão — ele disse num fio de voz.

Deixei Paula cuidando de Carolina e fui até ele.

— Que é isso, irmão? Ocê é forte. Vai vencer, pensa no seu moleque — ele deu um riso fraco.

— O destino é coisa maluca, né? Era pra você cruzar as nossas vidas e a do meu moleque, que ainda nem nasceu — e me puxando pra mais perto — Cuida do meu filho, irmão. Promete?

— Não fala assim, cara. Ocê vai vencer essa — ele parecia nem ouvir o que eu disse, olhou para o lado de Carol e sorriu.

Diz pra ela que ela é linda e que eu a amo muito. Que ela é uma mulher foda pra caramba e vai cuidar bem do nosso moleque. Fala que é pra ela seguir feliz e bem. Porque eu fui embora feliz, pela nossa família. Por favor, fala que eu a amei mais do que tudo na vida e pra me desculpar dos momentos em que a fiz chorar...inclusive esse.

— Pode deixar, eu vou falar irmão — ele tinha lágrimas nos olhos e eu também.

— Rodolffo, cuida do meu filho. Não deixa fazerem mal a ele. E fala pra ele que o pai dele era um cara legal — ele tentou rir.

— Eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance por ele. Seu filho vai saber que o pai dele, já o amava muito — ele tinha o olhar perdido, mas a expressão estava serena.

— Você vai ser um pai incrível pra sua filha.

Uai, filha?

—  Sim, ué. Você tem a maior cara de pai de menina — ele riu, mas sua expressão era de dor — Quem sabe ela e o meu moleq...

— Ei, Bastião. Essa dor tá fazendo ocê delirar, pópará — fingi ficar bravo.

— Meu filho vai ser o maior galã, pô!

Nós dois tentamos rir, apesar da piada, o clima estava triste. Ouvimos sirenes ao longe. Olhei pra Paula e parecia que Carol estava mais estabilizada.

— Ei — Arthur me chamou e eu olhei.

— Você também vai ser um bom padrinho — disse sorrindo e logo fechando os olhos.

— Arthur ! Arthur ! Não brinca não, irmão.

Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora