Capítulo 90

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RODOLFFO

— Adônis, acordaaaa...

— Hummm ?

Acôda, neném — ela pediu com vozinha de bebê e senti os seus beijos em minhas costas.

Eu que não sou bobo, me permiti em aproveitar um pouco mais desse carinho.

— Hum...não quero acordar, Xuliette.

— Quer, sim senhor !

— Quero não — falei com a voz mais manhosa possível.

Oxente, larga a mão de charme — ela disse num tom mais brabo, quebrando a manha da manhã — Vamos, levante ! — falou já se afastando de mim. 

É moço, num vai ter jeito, vou ter que levantar...

Abri os olhos e ela já estava em pé, vestida e falava com alguém via mensagem no celular. Pelo jeito, ela havia pedido à lavanderia do hotel que secassem nossas roupas, pois, o vestido que ela usava ontem estava em um cabide e ela usava a minha camiseta.

Olhei o relógio e ainda eram seis da manhã.

Own, Juliette. Posso saber que boiada tá estourando aí, procê me acordar às seis da madrugada do sábado?

Oxi, minino...desde quando tu reclama de acordar cedo? —  perguntou indignada, mas nem prestou muito atenção em mim, pois, continuava a falar empolgada mandando mensagem pra alguém no celular.

— Ah, Juli...ficamos a noite toda no chamego. Bem que podíamos ficar de preguiça mais um pouco aqui no hotel. O que ocê acha?

Falei com as paredes, pois, ela estava entrertida no celular e agora ria bastante das mensagens que estava trocando com a pessoa do outro lado.

— Ô Bastiana, preste atenção em mim. Ocê me acorda e agora fica aí de papinho no celular e nem me dá bola. Tem base um trem desse, não.

— Ô mimadinho da Juju — falou vindo até cama e foi logo se deitando sobre mim, dando vários beijinhos em meu peito — Eu estava tratando um assunto sério aqui. Que na verdade interessa à nóis dois.

— O que qui é tão sério assim?

Ela  se sentou sob meu quadril, colocou uma perna de cada lado e falou com um tom de voz apreensivo.

— Rodolffo, eu preciso te perguntar, de novo.

— O quê, Ju?

— Tu quer mesmo casar comigo?

Uai, Ju. Ontem a noite naquela piscina achei que fui claro.

— Então repete sua resposta. Pufavô...é importante.

— Ô minha brabinha do algodão doce, eu  já disse que sim ! É o que mais quero nesse mundo — disse tentando puxá-la para um beijo, mas, ela ofereceu resisitência.

— Tem certeza?

Anêim...Juliette ! Qua papo mais esquisito esse. O que mais eu preciso falar pra te convencer que a minha vida só tem sentido com ocê e com a nossa luazinha que tá aqui — disse colocando a mão em sua barriga — Eu amo a ideia de construir uma vida junto contigo. Eu quero envelhecer  ao seu lado, te amando, arengando, sorrindo, enfrentando tudo e todos. Eu te amo, Juliette Silva.

— Também te amo, Rodolffo Feitosa.

Ficamos nos encarando. Sua expressão era carinhosa e apaixonada; e tenho certeza que eu deveria esta com aquele meu olhar rendido pra ela. Puxei ela e grudei nossas bocas, em um beijo que começou lento, mas, logo segurei a sua nuca e fui intensificando meus carinhos, passando a mão em seu corpo.

Então, ela se soltou de mim.

— Não, Rodolffo...espera — ela disse se levantando.

— Ah, Juli...vem cá, vem.

— Nada disso, homi. Levante daí, pois o nosso dia vai ser longo.

— Por isso mesmo, é bom fazer um amorzin matinal pra recarregar as baterias.

— Nada disso, sexo antes do casamento não é bom, visse

Causodiquê?

— Atrasa a cerimônia — ela gargalhou alto e eu acabei rindo mais dela, do que da piada.

— Hahaha...ocê é muito paiaça, Juli. Mas, hoje a gente não atrapalha o casamento de ninguém.

Oxente, não vamos? Tu não quer casar?

Uai, já disse que vamos casar, Juli.

— Então, pronto !  Vamos, se aprume, aí !

— Vamos onde, muié?

— Casar.

Olhei pra ela sem entender. 

— Juliette, minha cabeça foi a mil com essa sua conversinha estranha. Desenrola esse crochê.

— Não tem crochê. Eu só tô falando pra tu se arrumar, pra gente casar.

— Amor... — falei devagar, tentando organizar as ideias — Ocê quer que a gente comece hoje a arrumar as coisas do nosso casamento. É isso? Quando ocê tá pensando em casar?

Ela pegou o celular, viu a hora, fez a uma conta com os dedos.

— Daqui à doze horas.

— É O QUE, MININO?

— Nosso casamento está marcado para hoje, as seis da tarde.

— Juliette, me explique isso direito. Tô entendendo é nada !

Ela se sentou ao meu lado na cama e pegou a minha mão.

— Rodolffo, eu não quero mais esperar. Quero casar hoje !

— Também quero casar contigo, minha brabinha. Só estou encabulado por conta dessa pressa toda, feito bicicretinha sem frei?

— Ah, Adônis.  A nossa história é toda assim: no supetão. A gente se trombou, beijou, transou, fiquei grávida na primeira...

— Eu sou bom em tudo que eu faço, Juliette — falei interrompendo ela com um sorriso convencido e ela rolou os olhos.

— Então...enfrentamos nossos medos, nossos ex, nossas familiares e amigos nos apoiam, tu ganhou um afilhado e eu uma sobrinha linda demais. Tudo isso em tão pouco tempo. Eu também quero envelhecer contigo. Pra que esperar mais?

— Eu acho ótimo, Ju. Mas como a gente vai conseguir em poucas horas resolver esse trenheira de casamento?

— Eu já resolvi. Liguei para Gizele e ela conseguiu o juiz de paz. Iza providenciou sua roupa e uns comes e bebes para uma pequena recepção.

— E onde vai ser isso?

— Tu não vai acreditar ! Gustavo conseguiu com uns amigos do sócio dele, reservar o espaço de um hotel aqui em São Paulo.

— Qual ?

— Tivol...Tifoli...Trivoli..ah, sei lá é Tiv  alguma coisa. Depois pegamos o endereço.  Como será para um grupo super pequeno, eles liberaram o salão nobre e o restaurante pra gente.

— Mas e os nossos pais e amigos?

— Não vai dar pra estarem conosco, mas Iza já providenciou uma super live com eles. Todos estarão com a gente, mesmo que virtualmente, nesse nosso momento especial.

— E nossos padrinhos?

— Iza e Gustavo serão os seus e Preto e Gizele os meus. Aliás, meu irmão já está preparando o meu look e cuidará da minha maquiagem e cabelos.

Uau ! Pensou em tudo, heim minha gata — falei prendendo ela em meus braços.

— Rodolffo...eu sou boa em tudo que faço — disse com um sorriso sapeca no rosto e me dando uma piscadinha.

— Essa é a minha garota — falei já tirando a minha camiseta que ela usava. 

Ah, moço. Não vai ter problema se a nossa cerimônia de casamento atrasar só um tiquin, né?...Arriii.

Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora