Capítulo 40

512 68 73
                                    

⚖️ JULIETTE

— Te achei, docinho.

— Solta meu braço Alê, senão vou gritar.

— Calma Ju, eu não quero te fazer mal — ele disse soltando meu braço, mas, ficando na minha frente com seu corpo bloqueando a minha passagem.

— Como me achou aqui?

— Tenho meus meios. Mas, eu só quero conversar com tu.

— Eu já disse que não temos mais nada pra falar.

— Puxa, Ju. Em nome dos anos que passamos juntos, eu não mereço nem um pouco da sua atenção?

— Deveria ter pensado antes de comer a minha prima às vésperas do nosso casamento. Aliás, cadê Larissa ? Ela sabe que tu tá aqui?

— Estamos passando por uma pequena crise no nosso relacionamento.

— Problema seu. Agora me dê licença que preciso ir trabalhar.

— Eu queria me explicar com você. Eu fiquei um tempo processando tudo o que aconteceu e tentar me tornar uma pessoa melhor.

— Boa sorte com isso, visse — falei empurrando ele da minha frente.

— Porra, Juliette. Eu vim pra São Paulo pra gente conversar e você vai ficar fazendo doce? O mínimo que tu me deve é a chance dessa conversa.

— Pelo o que me disse, tu veio pra cá porque está com um trabalho aqui e mesmo que não tivesse, isso é também problema seu. Veio porque quis.

— Nossa, não achei que tu ia me tratar assim, depois de tanto tempo juntos.

Eu o encarei com uma expressão de incredulidade. Não era possível que esse 🆒 de calango estava me dizendo isso.  Só que eu conhecia ele e sabia que  não iria desistir tão fácil. Reuni todo o meu auto controle, respirei fundo e falei com voz firme.

— Alessandro, eu vou te ouvir, só se tu me prometer me deixar em paz. Combinado?

— Tu tá tão linda, Ju.

Bufei, revirando os olhos.

— Fale logo o que tu quer.

— Eu quero tu de volta. Eu sinto sua falta, docinho.

Sem consegui me conter, soltei uma gargalhada alta, negando com a cabeça.

— A gente acabou, Alê. Não vamos voltar.

— Juliette, me escuta. Eu sei que errei, mas eu tô tentando consertar. E além do mais, tu sempre disse que todo mundo merece uma segunda chance. Dê uma chance pra mim. Pra nós.

- Não existe nós, Alê.

- Eu quero te fazer feliz, meu docinho. Nós erámos tão felizes juntos. Tu poderia vir pra minha casa no Rio. Largar tudo aqui e vir morar comigo. Pra gente viver como um casal, construir nossa família. Na nossa casa, com nossos filhos. Tu não sente falta de mim, amor?

Eu não queria prolongar mais essa conversa ridícula, a voz e o cheiro dele já estavam me deixando enjoada. 

— Alessandro, vou ser bem clara com tu: Não existe a menor chance da gente voltar. Eu quero que tu pare de me seguir, me ligar. Na verdade eu quero que tu saia da minha vida. Me.deixe.em.paz.

— Tu não entende. Não posso desistir de você, docinho. Eu estou arrependido. Todo mundo erra. Nós dois erramos.

Não, aquilo foi demais pra mim.

— É o quê? Nós dois erramos? — repeti com a voz alterada, chamado a atenção de algumas pessoas — É isso que tu acredita que aconteceu?

— Sim. 

— Eu não vou discutir com tu, rapaz. Faz o seguinte, acredite no que quiser, mas só me deixe em paz. Deixe eu seguir a minha vida !

Ele apertou suas mãos com força, seu rosto ficou vermelho e sua voz ficou bem alterada.

— Que vida? Que porra de vida que tu tem sem mim? Quer saber, Juliette ? Eu te fiz um favor vindo aqui e tentar fazer as coisas darem certo entre nós. Mas tu continua a mesma merda, merece ficar sozinha mesmo.

Sua expressão era de fúria e eu me sentia atacada. De nada adiantaria eu retrucar, seria uma bola de neve e eu não queria que o barraco na frente do meu trabalho ficasse mais intenso. 

— Eu só vou falar mais uma vez, Alê. Fique longe de mim e me deixe seguir em paz. Tuas palavras não me convencem e nem me machucam mais.

Ele pareceu se tocar que estava dando um showzinho e tentou se mostrar controlado.

— Me perdoe, Ju. É que eu fico nervoso, mas eu te amo.

— Último aviso, Alê. Me deixe em paz ou senão vou te denunciar e solicitar uma medida protetiva para que fique longe de mim.

Nem esperei ele falar mais, estiquei a mão e peguei o primeiro táxi que passava na rua. Eu precisava ir embora pra casa, pois, minha cabeça doía e estava enjoada, querendo vomitar.

Eu não estou mais sozinha. Eu não estou mais sozinha — fui repetindo pra mim esse mantra durante todo o meu trajeto.

Quando o elevador se abriu, fui apressada para o meu apartamento. Mas, enquanto procurava as chaves na bolsa, a porta de frente se abriu e Iza apareceu.

— Ju, tá tudo bem?

— Tá sim, Izadora — tentei disfarçar, mas minha voz saiu trêmula e comecei a chorar.

— Ei, o que aconteceu? — ela disse vindo até mim e me dando um abraço.

— Desculpe, Iza. Mas é que passei por estresse muito forte agora.

— Tá tudo bem, Ju.

Enxuguei minhas lágrimas e fiz menção de ir ao meu apartamento.

— Ei, que tal vir aqui comigo e com a Malu? Posso coar um café fresquinho.

— Não quero atrapalhar, Iza.

- Vai atrapalhar nada ! Malu tá morrendo de saudades docê. E eu fiz um bolo de cenoura maravilhoso que cura qualquer problema. Vem !

Pensei um pouco e fui com ela. Talvez um bom papo e o carinho sincero da Maluzinha acalmem o meu coração.

Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora