📸 RODOLFFO
— Já tô com fome, Ju. Vamos parar em algum lugar pra comer.
A gente já estava saindo de um parque muito lindo que tem lá. Estávamos em um espaço bem florido e o dia estava bem quente.
— Oxente, menino. Tu tomou um café reforçado, com mainha te entupindo de cuscuz e bolo e tu já tá com fome? Benzadeus.
— São os hormônios da gravidez.
— É o que, homi?
— Ah, sabe o que é Ju. Desde que fiquei sabendo que ocê tá grávida eu tô sentindo uns sintomas também — falei meio sem graça.
— Hahahahahaha.
— Ei, não ri não. Eu não tô mentindo. Esses dias mesmo eu tava bem enjoado, tem base?
— Ai, me desculpe, bixinho — falou me dando um selinho — Não quis dizer que é fingimento, só achei engraçado. Dizem que isso pode acontecer mesmo.
— Sério?
— Sim. Isso mostra o quanto tu tá envolvido com a nossa gravidez.
— É, tô bem ansioso mesmo.
— É normal ficar assim e tá tudo bem sentir isso, meu amor. Não precisa ficar envergonhado.
— Obrigado por isso, Ju — falei aconchegando ela em um abraço.
Ficamos ali um tempo, abraçadinhos, vendo o movimento da rua. O cheiro dos cabelos dela me inebriava.
— Porém...
— Porém?
— Tá preparado quando começar a sentir as contrações? — ela perguntou sem se desconectar de mim e na hora, uma ponta de desespero surgiu, fazendo meu corpo tremer.
— Misericórdia, Ju. Nem me lembrei disso.
Ela se soltou de mim, com a cara bem seŕia, mas eu devia estar branco como papel e com os olhos arregalados, porque ela não aguentou um segundo e começou a rir de mim.
— Hahahaha.
— Own, para de rir de mim, muié.
— Hahahah. É brincadeira, leso. Só tô mangando de tu.
Olhei pra ela um pouco grilado, mas também aliviado. Apesar de querer todas as delícias e dores desse período com ela, não sei se teria resistência pra dor de parto, não. Credo.
Pegamos o carro antigo dela e seguimos para mais uma etapa do nosso passeio express em Campina Grande.
— Ô Bastiana, agora que eu percebi. Cadê o retrovisor desse carro?
— Caiu — fiz uma careta de preocupação — Mas não fique com medo, não. Confie na pilota aqui, que vai dar bom, visse.
Não falei nada, só me segurei no banco, fiz o sinal da cruz e rezei um pai nosso alto, com ela me olhando feio.
Depois de dirigir uma meia hora, ela anunciou que chegamos ao ao local que ela queria me apresentar.
— Ô moça, que lugar massa esse, heim.
— Aqui é o Sítio São João, um lugar de Campina Grande cheio de artesanato e comidas típicas. Tu vai gostar.
Entramos no espaço e estava bem cheio, com um povo lotando as barraquinhas de artesanato e as pequenas mesinhas dos restaurantes que tinham ali.
— O que o meu namorado grávido tá com vontade de comer?
— Ocê pára de ser paiaça — ela riu e eu bufei — Eu acho que vou querer provar o baião de dois. Pode ser?
- Sim. Boa pedida. Aqui em Campina Grande nós chamamos de rubacão. Mas, a essência é a mesma: arroz, feijão verde, charque, nata e um queijinho coalho por cima. Nham,nham me deu água na boca, visse.
— Rensga, deu em mim também.
Fizemos o pedido e nos acomodamos. Aguardamos meia hora e logo chegou o nosso prato.
— Oxente, isso tá de comer de joelhos. Ô comidinha boa da piula.
— Verdade. É de comer rezando. Nóóó.
Acabamos de comer e fomos dar uma volta no lugar pra fazer digestão, porque segundo a Ju, ela estava com o "bucho cheio, visse".
Aproveitei a atmosfera do lugar e fui tirando fotos da decoração, das pessoas do artesanato. Quando chegamos próximo de uma ponte, Juli falou em tom de deboche.
— Oxi, é melhor a gente não passar ali não, senão tamo lascado.
— Uai, por quê? -— perguntei rindo.
Mas logo meu sorriso apagou, quando eu olhei para a placa que tinha ali em cima da ponte. Estava escrito " passou, casou! ". E o que tinha de mal nisso?
— É...melhor, não — disse num tom mais baixo.
Ju continuou rindo, mas percebeu que fiquei meio chateado.
— Ei, eu tarra brincando, seu bobo — ela disse me abraçando de lado.
Eu sei que era só uma brincadeira, mas, meu coração doeu quando, mesmo brincando, ela cogitou a possibilidade de não levar tão à sério nós dois.
Own, eu vou falar procê um negócio aqui: eu tô muito afim de subir o level desse nosso jogo. Un-hum.
Que minha mãe Selma, minha irmã Izadora e minha sobrinha Maluzinha não me ouçam, mas, Juliette se tornou a mulher mais importante da minha vida, e ainda por cima, tá carregando o nosso bolinho de amor na barriga!
Eu quero demais entrelaçar cada vez mais, as nossas vidas.Resga, eu tô muito emotivo e sensível. Serão sintomas da gravidez também? Credo.
Resolvi deixar esse trem pra lá. Talvez aqui não é o lugar e nem a hora da gente conversar mais sobre isso. Para afastar o assunto, aproveitei que tinha um trio nordestino, tocando uns forrozinhos gostosin, peguei minha morena e dancei com ela ali, no meio do povo.
— Oxi, seu safado. Por que não me disse que era bom no forró? —- ela disse surpreendida com a minha desenvoltura, enquanto a gente se embalava na dança.
— Juliette, eu já te disse que sou bom em tudo que eu faço.
— É um inxirido mesmo -— ela falou negando com a cabeça.
Dançamos grudadinhos, uns três forrós, até que ela cansou e pediu pra gente sentar em uns banquinhos que tinha ali perto.
— Humm, tô com uma vontade de azedinho.
— Quer que eu compre um sorvete de limão procê?
— Ah, não sei se quero limão — falou pensativa, mas logo seu rosto se iluminou — Já sei ! Quero sorvete de mangaba.
— Uai, onde tem isso muié?
— Em qualquer barraquinha aqui, meu amor. Pega pra mim, pufavô.
— Nem precisava fazer essa cara, minha gravidinha. Eu vou lá — dei um beijo nela e segui para a barraquinha de sorvete.
Fiz o pedido e enquanto aguardava olhei para a direção em que ela estava e não acreditei quando vi aquele estrupício muito perto dela, deixando ela alterada.
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Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)
FanfictionJuliette Silva, advogada, linda, inteligente, super divertida e cheia de amigos. Tem o coração machucado por causa de um noivado recente, que deixou marcas que ela nem tinha se dado conta. Mora na Paraíba, mas vai provisoriamente pra São Paulo atuar...