Capítulo 53

544 79 43
                                    

📸 RODOLFFO

Uai, Ju. Desde que ocê chegou da casa do meu pai tá tão quietinha. Aconteceu alguma coisa?

— Nada não. É só fome — ela desconversou — Falta muito pra gente chegar nesse lugar especial que tu quer me levar?

— Já estamos chegando — falei segurando sua mão — Prometo que depois vou te levar em um restaurante massa e você vai comer o melhor frango com piqui da região.

Nham, nham...agora tu tá falando a minha língua — ela disse me dando um beijo no rosto.

Dirigi por mais uns minutos até que chegamos na portaria do condomínio. 

Oxente ! Que lugar é esse, Rodolffo?

— Ocê vai ver — falei dando uma piscadinha pra ela.

A nossa entrada foi liberada  e seguimos para o terreno que eu havia comprado há algum tempo. 

Logo que eu me casei, comecei a juntar dinheiro para construir a casa dos meus sonhos. Procurei em vários lugares por Goiânia, e acabei me encantando por um  terreno massa em um distrito próximo. O espaço é bonito demais e tem tudo que eu mais gosto. É amplo, iluminado, sossegado e com muita natureza ao redor. Lugar ideal pra mim e minha família. 

Mas, com o término ruim que eu e a Amanda tivemos, acabei abandonando essa ideia de ter uma casa grande e confortável. Afinal de contas, pra quê um homem sozinho como eu precisaria de tanto espaço pra morar?

Eu tinha decidido até vender o terreno, mas daí, a minha brabinha entrou na minha vida e tudo mudou pra mim. Tá bão, sei que tudo é muito novo ainda pra gente, e também não quero assustá-la, mas eu sinto que aqui eu vou ser muito feliz com a minha Juli.

Paramos em frente ao local e ela continuava olhando tudo da janela, curiosa. Saí do carro, dei a volta e abri a porta pra ela, que desceu ainda com cara de curiosidade.

— Juliette, seja bem vinda onde será o lar da futura família Feitosa   — falei fazendo reverência e apontando para o terreno.

Oxi, que lugar é esse?

— Aqui é parte do meu sonho, brabinha — falei olhando cada pedacinho do lugar.

— Não entendi.

— Vem comigo — fui levando ela pra dentro do terreno — Sabe Ju, eu comprei esse terreno tempos atrás pra construir a casa dos meus sonhos.

— Eita, deve ser uma casa massa que tu tem dentro dessa cabeça. Porque o espaço é lindo!

— É sim. Por muito tempo, eu pensei em fazer aqui do jeitinho que eu queria. Com muita área livre, natureza em volta, uma piscina ali naquela canto, um campinho de futebol ali do lado — eu ia falando e mostrando pra ela, onde cada trem se encaixava no espaço e ela me acompanhava atenta — Aqui uma churrasqueira e ali a área de estar.

— Uau, quanta coisa. Quando tu pensa em começar a construir?

— Logo quando comprei eu estava empolgado. Depois, quando eu e minha ex nos separamos, eu meio que desisti da ideia e pra ser sincero eu nem aparecia mais por aqui. Hoje, é a minha primeira visita depois de muito tempo.

— Sei — ela falou com uma expressão que eu não consegui decifrar.

— Mas, agora que apareceu ocê — puxei ela pra mim — A minha vontade de ter um lar pra minha família voltou.

Beijei o topo de sua cabeça. Ela se virou e olhou nos meus olhos e vi que estava chorando. 

— Que foi, Ju? Ocê tá chorando?

— Ai, Rodolffo é que tu falando assim, eu me emociono e eu não sei como te fal...

— Ei ! Calma — coloquei o dedo em seus lábios fazendo ela se calar — Me desculpe se eu fui rápido demais, Ju. 

— É, bixinho. Talvez esteja mais rápido que tu imagina, visse — ela falou com a voz embargada.

— Puxa, me desculpe. Eu não queria te trazer aqui pra te pressionar a nada — falei a abraçando e afundando sua cabeça em meu peito e confesso que fiquei um pouco triste, mas não queria que ela percebesse.

Ficamos assim por minutos e ela parecia ter se acalmado.

Oxi, tu me disse só das partes de lazer da casa e não me falou onde seriam os quartos.

— Tá curiosa é, Xuliette?

Ela deu aquela gargalhada gostosa dela. Eu peguei um graveto, me agachei e desenhei ali no chão batido de terra, o que seriam os cômodos na parte superior da casa.

— Bom, os quartos vão ficar aqui em cima. Serão quatro suítes e mais um quarto simples.

— Nossa ! Pra que tanto quarto assim?

— Uai, sempre sonhei com família grande, brabinha — falei sério — Aqui, vai ficar a suíte principal e logo depois os quartos dos filhos que serão ocupados conforme vão nascendo — eu disse escrevendo cada detalhe no esboço do chão.

— Falando assim parece que tu vai querer uma renca de fio.

— Hahaha. Ter um é bacana, dois é massa, mas três seria incrível.

Ela deu um sorriso e andou olhando em volta, como se também imaginasse os espaços. Fiquei observando ela curioso e confesso que estava querendo saber o que se passava naquela cabecinha linda.

— Sabe o que eu acho, Rodolffo ? — disse sentando no chão, pegando o graveto da minha mão e escrevendo algo em um dos quadrados que indicava um quarto.

— Não. O que a senhora acha, dona Juliette ? - perguntei me sentando ao lado dela no chão.

— Que essa suíte aqui já vai ser ocupada, visse — ela circulou bem o quarto que disse que  seria para o meu primeiro filho — Porque o dono já tá vindo por aí.

Fiquei grilado.

Anêim, Juliette. Ocê pára de ser custosa — falei bravo — Ocê mesma sabe que esse processo de filho é uma trenheira inventada pra me lascar. Por que isso agora?

Oxi doido, e quem tá falando daquela abusada?

— Tá falando de quem, então?

Ela se ajoelhou, ficou de frente pra mim e apoiou suas mãos em meu ombro, fazendo eu fixar o meu olhar no seu. 

— Eu tô falando de outra pessoa, que tá vindo aí?

— Uai, quem ?

Ela pegou a minha mão e colocou em sua barriga.

— Dessa pessoa, Rodolffo — falou com o sorriso mais lindo do mundo.

Eu olhei pra ela com os olhos arregalados, meu coração começou a bater descompassado e eu senti que começava a suar.

— Não brinca comigo, Ju. O que ocê tá querendo dizer?

— Eu tô querendo dizer que tem uma pessoinha aqui, Rodolffo — falou pousando sua mão em cima da minha que estava em sua barriga e eu olhei pra ela e senti meus olhos arderem — Eu tô grávida, amor.

Eu senti um tremor de alegria me dominar e um riso bobo e genuíno escapar. Olhei pra ela que continuava com um sorriso lindo pra mim, tentei falar alguma coisa, mas o ar me faltou, senti tudo girar e de repente tudo ficou escuro e desmaiei.

Destino ou Acaso ? (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora