16| o primeiro

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Eu evitava ao máximo ir para casa todos os dias

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Eu evitava ao máximo ir para casa todos os dias. Quando fazia isso, me certificava de que não estava sendo seguida — dava voltas e mais voltas no quarteirão, dirigia um carro discreto, não levava ninguém comigo e tentava estacionar longe da casa.

Dessa forma, eu garantia que Eron e os portugueses não soubessem daquele lugar. E, ainda mais importante, sobre Vics e Diamond.

As garotas conseguiram viver uma vida normal lá. Encontraram mais do que uma companheira de cela uma na outra. As duas já haviam se tornado amigas e não se falava de gangues ou portugueses entre elas. Tudo o que havia eram livros, histórias de vida, risos e filmes dramáticos.

Embora Vitória ainda estivesse chateada e preocupada, também estava um pouco mais conformada. Algumas manhãs ela acordava alegre e disposta, em outras ela não queria sair do quarto quando recebia uma ligação de sua mãe. Seus pais estavam começando a ficar inquietos com seu atraso em retornar ao Brasil, mas Diamond ajudava ditando o que ela deveria dizer como desculpas e a mantendo calma.

Eu não poderia colocar em palavras o quão feliz estava por Sylvester Scott ter me apresentado sua neta. E como eu estava com medo de que ele a quisesse de volta.

Com a ajuda dela, também consegui que Vics falasse sobre como Goyola a levou de volta ao Brasil e o que aconteceu depois disso.

— Estávamos saindo da boate quando os carros apareceram e o tiroteio começou. — minha amiga relembrou a noite de dois anos atrás — Eu estava com a Katrina e a Destiny, então um carro parou e três homens saíram. Eles nos cercaram e nos jogaram no banco de trás, depois sopraram uma fumaça na nossa cara e eu dormi.

— Eron fez o mesmo comigo. — contei — Me apagaram e eu acordei em uma casa estranha. Ele me contou sobre o plano e o que ele queria que eu fizesse. Quando eu resisti...

As palavras mal saíram da minha garganta para dizer a Vitória que Destiny morreu naquela noite, em meus braços.

Lembrar daquela cena ainda fazia meu peito apertar. Não por tristeza, pois ela mesma não me permitiria sentir isso. Destiny me queria movida pelo ódio. "Faça o que tem que fazer e, quando puder, mate esse filho da puta." Eu prometi isso a ela. E eu cumpriria.

Vics precisou de um momento para se acalmar quando ouviu a notícia. Diamond entregou um copo de água com açúcar para ela e ficou ao nosso lado enquanto terminamos nossa conversa.

— Eles te deixaram na porta do QG, completamente drogada. — continuei — Quando cheguei você estava inconsciente. Depois nos levaram para um aeroporto particular e o Eron disse que você seria mandada de volta ao Brasil e eu iria com ele.

— Acordei no aeroporto de Curitiba, deitada nos bancos. Tinha malas que não eram minhas do meu lado, mas era como se eu estivesse esperando um voo. — Vitória vasculhou sua memória — Acordei achando que tinha sido um sonho, levei quase uma hora para me lembrar dos carros, da Destiny e da fumaça. Não entendi nada. Tentei ligar para você, mas percebi que algo errado tinha acontecido. Liguei para o meu pai ir me buscar e disse que tinha voltado mais cedo de surpresa. Não contei nada para eles.

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