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Sempre acontece alguma merda quando preciso ir embora

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Sempre acontece alguma merda quando preciso ir embora. E é sempre quando estou com mais pressa.

Às vezes me pegava pensando que se trabalhasse em uma empresa, de carteira assinada e crachá, eu poderia bater o ponto quando finalizasse meu expediente. E então eu iria pegar minha pasta de couro e andar com meus sapatos engraxados até meu carro do ano e dirigir de volta para casa. Não teria que me preocupar com o trabalho quando deitasse a cabeça no travesseiro, tendo flashbacks de tudo que já precisei fazer para não ser demitido.

Mas esta era uma imagem distante que se projetava no fundo da minha mente ao mesmo tempo em que eu lavava minhas mãos. Assistindo a água, agora avermelhada, escoar pelo ralo, eu conseguia voltar para minha realidade.

— Esses vagabundos estão sempre se divertindo... — resmunguei espirrando um pouco de água no rosto para tirar o sangue seco — E eu estou sempre me fodendo.

Todos estavam festejando no beco quando recebi a ligação de Patrick informando que um policial — um daqueles que não conseguimos subornar — estava investigando nossos membros da gangue ao conduzir uma operação por conta própria.

O desgraçado até mesmo teve coragem de tentar interrogar alguns peões novatos, acreditando que eles seriam fáceis de manipular. Era comum a polícia ir atrás dos iniciantes. Eles sempre aceitavam quando recebiam a proposta de um acordo, no qual teriam suas fichas limpas dos crimes cometidos em troca de se tornarem informantes.

Isso nos causou problemas por um tempo, até Lil se juntar aos Young Folks. Sua paranoia podia ser um incômodo em certos momentos, mas o garoto era um filtro ambulante. Tinha talento para julgar as pessoas e, por mais que demorasse, quando depositava sua confiança em alguém não costumava errar. Por isso, era o encarregado dos novos recrutas e a polícia não conseguia mais nada com eles.

Ademais, sempre sabíamos todos os passos da polícia e permanecíamos fora do seu radar. Patrick tomava conta disso. Apesar de não ser muito aplicado, pelo menos ele cumpria bem essa função. Conseguia nos manter informados, só que não fazia muita coisa para mudar a situação ou se voluntariava para resolver algum problema.

Com toda essa precaução, para a maioria, um policial metido a justiceiro não seria uma ameaça considerável. Não para mim. A ideia de um inimigo nos cercando, por mais ínfimo que ele fosse, atrapalharia minha noite e eu precisava resolver aquilo. Quando encontrasse Abella, queria poder focar somente nela e desfrutar meus momentos ao seu lado. Eu não sabia por quanto tempo eu poderia fazer isso, precisava me agarrar a cada segundo antes dela resolver se afastar.

Jimmy era o único que ainda estava no QG à noite. Quando saí da minha sala, acreditando que teria que fazer todo o trabalho sujo sozinho, o encontrei dormindo no sofá do hall. Dei um tapa na sua cabeça para acordá-lo e o rapaz apenas resmungou se virando para o outro lado. Pude perceber que estava bêbado, mas ele teria que servir.

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