7| trancados

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Katrina estava esfregando gelo de camomila no meu rosto para aliviar a dor dos hematomas

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Katrina estava esfregando gelo de camomila no meu rosto para aliviar a dor dos hematomas. Aquilo não faria muita diferença, meu rosto estava destruído. Meu olho esquerdo mal abria, minha boca estava cortada e um buraco negro parecia ter explodido em minhas maçãs do rosto.

Eu deixava minha amiga cuidar de mim, na cozinha, enquanto Joseph me explicava por que eu deveria tomar aquele remédio. Eu não dava ouvidos e apenas esperava Ive chegar logo para me levar ao QG.

— Não estou louca, Joseph. — resmunguei — Não preciso de remédio.

— Escuta, Ab. — o médico coçou a barba comprida e clara. Agora havia alguns fios brancos nela, notei, assim como nas laterais do cabelo — Não sou psicólogo, então é o melhor que posso fazer por você no momento. Eu poderia te recomendar um, mas sei que não aceitaria.

— Quer me mandar para a terapia? — eu me virei para encará-lo e Katrina aproveitou a oportunidade para passar gelo na minha outra bochecha — Não preciso de alguém que não conheço para me dizer quais são os meus problemas e o que preciso fazer para resolvê-los. Posso te dizer tudo isso agora mesmo: meu problema é que fui torturada por meses e a única solução seria matar quem fez isso comigo.

— Você acha que funciona assim? — Joseph retrucou — Quando Eron morrer, sua memória vai voltar ao normal magicamente? Seus traumas vão desaparecer?

— Tenho certeza que sim. — confirmei com a cabeça — Quando o coração daquele desgraçado bater pela última vez, estarei curada.

Porque parecia que meu corpo só estava me dando um empurrãozinho extra, um sussurro no meu ouvido, me dizendo que eu deveria me esforçar mais pegar o Goyola logo. Era um incentivo.

Afinal, os Young Folks provavelmente passaram por coisas piores do que eu, e nenhum deles estava sofrendo de Alzheimer por aí.

— Ela vai pensar melhor sobre isso. — Katrina interrompeu a discussão ao enxugar meu rosto. Então ela se voltou para o namorado — Mas, amor, se todos nós fôssemos à terapia a gangue não existiria.

O casal começou a debater medicamentos, tratamentos, problemas físicos e emocionais.

Em momentos como aquele, eu me perguntava como funcionava esse relacionamento. Joseph era médico — eu não tinha certeza, mas acreditava que ele tinha estudo e sabia o que estava fazendo. Ele era todo sobre ciência, puramente, enquanto Katrina queria aplicar conhecimento holístico, natural e homeopático.

Por exemplo: Joseph queria passar pomada em meu rosto para os machucados, mas sua namorada o convenceu a passar gelo feito de camomila primeiro.

Além disso, havia a idade. Katrina parecia tão jovem, sua pele era tão branca e macia. Joseph, por outro lado, devia estar se aproximando dos trinta e cinco anos. Ele tinha uma longa barba, embora bem cuidada e penteada, as mangas sempre eram arregaçadas para mostrar as tatuagens coloridas e isso de alguma forma o fazia parecer mais velho.

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