19| olho por olho

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Demorei a abrir os olhos

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Demorei a abrir os olhos. Eu já deveria estar habituada a acordar dolorida, mas toda vez tinha que criar coragem primeiro.

Ao invés do chão do meu apartamento no Uruguai ou da minha banheira transbordando, vi paredes amareladas e uma manta azul me cobrindo. Eu estava na enfermaria do QG.

O som dos meus batimentos cardíacos na máquina me preocupou, porém, fiquei assustada mesmo quando senti o tubo soprando em minhas narinas.

"Love" estava tatuado em letra cursiva na mão que segurava a minha. Olhei para a palavra antes de encontrar os olhos preocupados de Zayn.

— Quem é você? Onde estou?

— Vai se foder. — ele resmungou, sem sorrir — Não vou cair nessa de novo.

Malik apertou meus dedos com força. Suas sobrancelhas estavam franzidas — e costuradas. Havia tantos ferimentos em seu rosto que eu não sabia qual olhar primeiro.

— Dessa vez dava para acreditar. Minha memória anda uma merda.

Ele não conseguiu esconder o alívio quando teve certeza de que eu estava testando sua paciência. Isso me fez rir. Ou, melhor, tentar rir. No primeiro suspiro, meus pulmões pareciam estar sendo esmagados.

— Não é para fazer ela falar, muito menos rir. — Joseph chamou a atenção do chefe, se apressando para verificar o tubo preso em meu nariz e os números na tela da máquina ao lado da cama.

— Nem preciso fazer nada, ela sabe se entreter sozinha.

O chefe e o médico dos Young Folks balançaram a cabeça, concordando em algo sobre os Del Cornetos terem nascido com algum problema.

— O que tem de errado comigo? — perguntei, mas não sobre isso — Quantas costelas eu quebrei?

— Nenhuma. Você teve uma contusão pulmonar.

— Em português, por favor.

— Vai ser difícil, já que eu só falo inglês. — Joseph sorriu, enfiando as mãos nos bolsos do jaleco manchado de sangue — Você sofreu um golpe forte no peito, que causou um hematoma no pulmão. Seu nível de oxigênio na corrente sanguínea está baixo, por isso a oxigenoterapia.

— Quanto tempo ela vai precisar ficar aqui? — Malik quis saber.

— Eu diria pelo menos 15 dias, mas sei que se conseguir manter ela aqui por uma semana já será uma vitória.

— E eu?! — o grasnado soou por trás da cortina. A voz estava fraca, mas pela entonação abusada eu já sabia quem era.

O médico puxou a cortina, que fez um barulho estridente. Meu queixo caiu com a cena que se revelou. Todos estavam ali, completamente fodidos. Os rostos dos Folks estavam roxos e inchados, seus corpos cobertos por curativos.

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