03| cinco minutos

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Eu abri e fechei minha mandíbula para sentir a dor

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Eu abri e fechei minha mandíbula para sentir a dor.

— Cacete, Ive. — reclamei — E eu pensei que seu soco não poderia ficar mais pesado desde a última vez.

Mogilevich chutou a parte de trás da minha perna direita, me fazendo cair no chão apoiado apenas no joelho.

— Eu poderia ter matado vocês dois. — ela agarrou o cabelo da minha nuca para eu olhar para cima; para ela.

Algo me dizia que Ive adorava me ver de joelhos na frente dela. Eu também gostava, então não reclamava.

— Você teria nos matado se realmente quisesse isso. — rebati, sorrindo para ela através dos meus dentes manchados de sangue.

— Eu teria, se você não tivesse interferido.

É... Ela teria mesmo.

Olhamos em simultâneo para Ab, que estava deitada no sofá empoeirado. Sua barriga estava enfaixada, mas a faixa que era branca já estava começando a ficar vermelha com o sangue que vazava.

— Ela não tem muito tempo.

— O tiro não atingiu nenhum órgão. — Ive respondeu com indiferença, mas desviou o olhar para o relógio em seu pulso — Ele está vindo. Ela vai ficar bem.

— Precisamos voltar para São Francisco logo. Eles estão vindo atrás de nós, devem estar perto agora.

— Quem são eles? — a de cabelo rosa me pegou pelo braço e me ajudou a ficar de pé — Ainda estou esperando que você explique melhor o que está acontecendo.

— Como vou explicar se também não sei? A única coisa óbvia é que eles estavam mantendo Ab como refém, ou você acredita que ela contratou todos esses homens para se proteger dos Folks?

— Ao acordar, ela tem no máximo cinco minutos para contar o que aconteceu. Se não me convencer, termino o que vim fazer aqui.

Cheguei a separar meus lábios para mandá-la calar a boca, porque se Mogilevich realmente quisesse Ab morta, a Del Corneto estaria em um saco preto naquela hora. Eu não disse nada, porém, porque estava cansado de apanhar da Ive, depois de tentar impedi-la de realmente terminar a caçada que durou quase dois anos.

Enquanto lutávamos, aproveitei os momentos em que não estava cuspindo sangue para tentar explicar minha teoria a Mogilevich: Ab era inocente. Ela estava sendo controlada. Era tão óbvio.

Ive não achava suspeito ter que matar tantos homens para encontrar a garota? Por que havia tanta proteção ao seu redor, câmeras e microfones pelo apartamento, carros a seguindo pelas ruas?

Eu sabia que os Folks estavam ferrados quando percebi ser o único pensando direito.

Qualquer que fosse a merda em que Ab estava, era óbvio que era contra sua vontade. Antes de invadir seu apartamento, a observei de longe. Porra, ela estava acabada. Seu cabelo estava mais curto e escuro, suas pernas finas e seus olhos, fundos. Não acreditei que era ela quando a vi pela primeira vez neste estado. Até que a vi dançar — não pude deixar de reconhecer seus movimentos fluidos e como seu rosto se iluminava a cada passo.

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