Capítulo 53

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Matheus

Todas as vezes em que meus amigos terminavam relacionamentos e ficavam terrivelmente tristes, eu achava ser exagero. Não era possível alguém sofrer tanto por que alguém saiu da sua vida, "o mundo ainda tem milhares de pessoas" e hoje eu entendo o quanto eu tava completamente errado.

Eu não quero milhares de pessoas, eu quero uma, apenas ela. Que não duvido que também me quer, afinal eu podia ver com sinceridade no seu olhar seu coração também em pedaços, mas graças a família merda que eu tenho não tem como ficar comigo.

Eu não quero culpar o destino, meu culpado tem nome e sobrenome. Alina Duarte. O verdadeiro lobo em pele de cordeiro, eu só queria ter percebido antes.

Entro no meu carro e algumas lágrimas ainda insistem em descer, e acabo descontando minha frustração em alguns murros no meu volante.

Dirijo pra casa um pouco acima do que o normal e assim que eu entro, ligo pro Eduardo pra contar absolutamente tudo o que aconteceu.

- Caralho que merda, irmão. Quer que eu chegue aí?- Nem isso eu posso aceitar por que sei que daqui a um tempo vou ter que sair pra pegar Gabi no aeroporto que chega 00:30.

Explico que não dá porque eu fiquei de pegar a Gabriela, mas abro meu coração com ele que eu tanto já ironizei quando tava nessa situação.

Dudu me consola, me dando a falsa esperança que a gente ainda pode voltar, diferente de todas as outras vezes eu sabia o porque de eu estar assim, e saber que dessa vez tinha sido diferente fazia doer ainda mais.

Desligo depois de um tempo, entro na banheira e as lembranças da última vez que eu a usei invadem minha mente e de repente parece que tudo no MEU apartamento me lembra ela.

A maldita escova de dentes rosa, vai pro lixo. As ligas de cabelo que ela sempre esquecia, também. Mas além disso, todo o resto parecia com ela. Inclusive o conjunto de cama que ela tanto reclamava por ser preto.

Adormeço ainda de toalha e acordo com a ligação de Gabi avisando que chegou e tá indo pra esteira buscar as malas. Finjo demência e afirmo já estar chegando lá.

Coloco rápido uma roupa e em 5 minutos estou no carro em direção ao aeroporto que não é mais que 15 minutos de distância da minha casa.

Estaciono próximo e assim que eu chego no portão de embarque vejo ela sentada me esperando com várias malas.

Ela levanta rápido e me abraça forte e eu retribuo, ela não imagina a falta que fez.

- Tá tudo bem? Teu rosto tá inchado- fala apalpando meu rosto e eu respiro fundo lembrando de tudo.

- Não, eu e a Laura terminamos agora a noite- as palavras saem um pouco mais amargas do que eu esperava.

Ela coloca a mão no rosto em surpresa e me dá mais um abraço forte.

- Eu sei do que você precisa, você precisa de álcool, me dá a chave e leva as malas- diz me entregando o carrinho com as enormes malas.

Entrego as chaves pra ela quando chegamos no carro, depois de colocar todas as malas dela pra dentro e entrar no banco do passageiro.

Conto pra ela no caminho até um posto com conveniência 24hrs perto da nossa casa, tudo o que rolou e tudo o que ela falou e parecia que quanto mais detalhes eu lembrava mais doía.

- Eu juro que eu vou quebrar a cara da Alina- fala dando um gole na sua água com gás, enquanto eu colocava mais uma dose de Buchanan's pra dentro, apenas com gelo.

- Faz isso por mim, por favor- digo entre dentes dando mais um gole

Quanto mais eu bebia, mais eu lembrava, e quanto mais eu lembrava mais eu bebia. E sem lembrar de absolutamente nada, eu acordei no meu antigo quarto na casa dos meus pais.

Minha cabeça parecia que ia estourar, tentava puxar qualquer coisa de lembrança, mas não me aparecia absolutamente nada depois da Gabi falando que ia bater na Alina.

Levanto até o banheiro e vejo que eu tô acabado, jogo uma água no rosto, e depois faço minhas higienes.

Visto uma roupa qualquer das que eu deixei no meu closet antigo e abro a porta escutando um grande burburinho na parte de baixo.

Pro meu azar de querer descer fazendo uma cena, encontro Gabi subindo as escadas e logo segura meu pulso forte.

Me acalmo e desço com o máximo de cinismo que eu consigo, encontrando todos meus algozes lá embaixo, até o filho da puta do ex da Laura.

Bendito seja o café da manhã de retorno da Gabi.

Me sento na mesa e corto total o contato visual com os filhos da puta, tento comer calmo até o momento em que eu aguento.

- Pai, não precisamos mais ter aquela conversa em família não- falo respirando fundo pra conseguir manter a calma.

- Tem certeza meu filho? É melhor falarmos disso em outro momento- meu pai pergunta e minha mãe olha pra mim sem entender o assunto.

- Sim, tenho, a Laura viu a foto recado ridícula da mamãe pra ela e terminou comigo. Então não se preocupe mamãe, a única pessoa que eu consegui amar nessa merda desses 23 anos, a senhora conseguiu afastar de mim- falo e antes dela me cortar já passo pra Alina.

- Alina querida, finalmente conseguiu o que queria. Mas não te preocupa tá, que já que tu gosta tanto que eu fique com tuas amigas, assim que eu melhorar, por que não vamos esquecer que eu tô na merda agora tá? Eu vou ficar com uma por uma, começando pela Fernanda já que vocês gostam tanto dela. Mas lembra que não vai ser mais esse Matheus bonzinho não, porque existia um motivo pra ele tá aqui, vai ser o exatamente o mesmo de 1 ano atrás- percebo Leonardo querendo se armar pra cima de mim, como esquecer um ponto tão importante- e aproveita teu namoro enquanto pode, já que ele só tá contigo por que na época ela não quis.

- VAI SE FODER MATHEUS- Alina esbraveja.

- Eu já tô completamente fodido, não deixei claro que vocês conseguiram isso? Só tô dando os créditos a quem merece.

- Matheus!- meu pai grita puto do início da mesa, mas minha mãe seguiu me olhando sem falar uma palavra.

- Foda-se essa merda toda, bom café da manhã e um bom resto de dia, querida família- ironizo saindo da mesa em direção a garagem.

- Que merda foi tudo aquilo, caralho?- Pedro pergunta segurando a porta do meu carro.

- Na moral Pedro, eu te amo, tu não tem absolutamente nada a ver com essa merda inteira, então nem vem- falo tentando puxar a porta mais uma vez.

- Cara olha a quantidade de merda que tu acabou de falar lá dentro, tu ainda acha que tá certo?- pergunta conseguindo me deixar mais puto ainda.

- Acho, completamente certo. Mas não adianta eu dizer pra tu imaginar se fosse com a Bianca, por que é o óbvio, e se tu não tá fazendo isso é porque quer defender a nossa mãe a toda custo- Ele bufa e abre a boca pra falar algo, mas não continua e finalmente deixa eu fechar a porra da porta e arranco de lá em segundos.

Minha marra e dureza ficam até o momento que eu entro novamente no meu apartamento e me vejo sozinho de novo com as lembranças novamente.

Aparentemente, o caminho mais longo de todos é esse tal de superar, e eu não me vejo concluindo ele tão cedo.




Segundo capítulo da semana liberado

Tô tentando deixar sempre no mínimo 2 dentro nos meus rascunhos pra caso eu tenha outro bloqueio criativo (que se Deus quiser não vai rolar) 🤍

Sobre o Matheus nesse capítulo eu tô só a mídia lá de cima 🫠 se errou foi tentando
acertar ?¿

Um amor universitário Onde histórias criam vida. Descubra agora