Laura
Acordo com uma dor de cabeça braba, vinho definitivamente não é minha bebida.
A lembrança da ligação, de como eu descompassei quando ele me chamou de princesa e de que eu tenho que avisar a Gabi que talvez tenha colocado ela numa enrascada.
Afasto meus pensamentos e troco de roupa pra ir tomar café da manhã com as meninas que eu já escutei perambularem pelo corredor.
Faço minhas higienes e coloco meu macaquinho florido soltinho, já que a Rafa já tinha nos avisado que o frio aqui é apenas pela noite, e ela não mentiu.
- Vão sair de lá 14hrs- escuto rafa comentando com Bia enquanto desço as escadas.
- Quem vai sair de lá 14hrs?- pergunto curiosa.
- Bom dia dorminhoca, achei que só fosse acordar amanhã pra festa- Rafa me cumprimenta com humor.
- Vinho não é minha bebida- Eu e Bia falamos juntas com ela imitando minha voz.
- É, nós sabemos! Ainda mais naquela quantidade- Rafa endossa.
- Parem, não quero nem lembrar de ontem. Acreditam que eu liguei pro Matheus, antes de dormir?
A cara delas de surpresa acompanhadas de várias risadas, indicam que elas não ficaram nem um pouco preocupadas.
- Como foi isso- Bibia pergunta dando um gole no suco.
- Acho que preciso de algo mais forte que suco de laranja, pra falar- comento sentindo dor nas têmporas.
- Tem café- rafa estica a garrafa pra mim.
- Esperava um uísque, mas café também vai servir.
Conto a elas sobre a ligação, e sobre ter me arrependido depois que vi que ele não sabia de nada.
- Eu ainda tô morta por ter ligado pra ele, não sei com que cara vou o encarar a noite- comento dando um gole no café.
- Então, sobre isso, eles vão sair de Fortaleza 14hrs, então na verdade eles não vão chegar mais tão tarde como estava nos planos- Bia comenta e eu quase cuspo o líquido.
Um dos meus planos pra caso não tivesse coragem era fingir que estava dormindo quando eles chegassem, pra só falar com ele amanhã.
- Tudo bem, posso lidar com isso- viro pra rafa- Quantos metros tem o poço daqui?
- Você não vai se jogar no poço, vai conversar com ele como uma pessoa madura- Rafa me repreende e eu viro fazendo careta pra Bia.
- Acho que ela tá preferindo o mergulho no poço- bibi fala e damos risada- falando nisso, que horas que nós vamos tomar um banho naquele açude em, tá um calor danado hoje.
- Ana Beatriz são quase 11hrs, nesse sol tu quer desintegrar?- pergunto.
- Pelo contrário, quero uma cervejinha nevada e um banho gelado, vamos por favor.
Rafa e eu concordamos pra não entrar no modo Bia Birrenta, mas confesso que a parte da cervejinha me amoleceu.
Subo pra trocar de roupa e ponho o biquíni vermelho de cortininha, com um short jeans.
Coloco meu celular no carregador, já que não lembrei disso ontem, e desço pra encontrar as meninas.
Pela manhã a fazenda é mais linda ainda, fazemos uma caminhada até o açude e eu deveria beijar os pés da Bia, porque aquilo realmente era o que eu precisava.
A água é geladinha, mas sem congelar, e a dinâmica dos animais vivendo perto do açude é muito legal.
Sem dúvidas, me diverti bastante com as meninas, mas minha mente em diversas vezes me levava ao elefante rosa choque que eu terei que lidar mais tarde.
Na hora do almoço a tensão do meu corpo era palpável, parecia que a cada segundo que se aproximava, eu sabia menos o que falar.
- A comida tava ruim, filha?- Rosa pergunta em um tom cabisbaixo quando recolhe meu prato pouco diferente de quando ela me entregou.
- Não, Rosa, tava maravilhosa, é que eu tô sem fome mesmo- falo dando um beijo na bochecha dela.
- Tá doente, querida?- ela pergunta e eu nego com a cabeça, mas antes de me explicar Rafa me corta.
- Doente de amor, Rosinha- fala com humor.
- Não te preocupa, que linda desse jeito, ele só não volta se for besta- ela me afaga e Bia rir.
- O problema é esse, Rosa, é que ele tá voltando - fala rindo e a governanta entra em dúvida.
- É complicado, rosa- falo em um suspiro com humor mórbido.
- Os melhores são, menina- ela me aconselhou e eu assenti.
As meninas estavam cansadas da manhã, e mesmo sem um pingo de sono também subi pra descansar no meu quarto.
Coloquei uma série qualquer pra rodar, tomei um comprimido natural de ervas e me aninhei aos travesseiros, na intenção de buscar um sono que eu sabia que eu não viria fácil.
Mas eu precisava do descanso, minha mente trabalhava desde de manhã e tudo o que eu ganhei foi nervosismo e ansiedade, o que não ia resolver nada do meu problema.
Aos poucos fui vendo meu corpo pesar e mais rápido do que eu pensava, 3 ou 4 episódios de b99, consegui dormir.
Despertei com o quarto todo escuro, a televisão tinha parado a série perguntando se ainda havia alguém assistindo, e a única claridade que entrava era da lua que começava a subir pela janela.
Em um choque de realidade me dou conta de que se eles não chegaram ainda, estão bem próximos, e o nó começa a voltar a se formar na minha garganta, mas eu impeço. Sabendo que aquele é o momento pra eu manter a calma e refletir seriamente sobre o que eu vou fazer.
Penso em todos os prós, que vão dos motivos mais nobres como o que eu sinto por ele, até os mais bobos como, o sushi de perto da casa dele é gostoso. Assim como os contras seguem a inversa proporção, dos mais bobos como ele torce Ceará e eu, Fortaleza, até os mais sérios como que se não der certo dessa vez o poder de destruição vai ser muito pior do que já foi, porque eu realmente vou me entregar de cabeça.
A brisa gelada da noite começa a entrar no quarto e depois de quase uma hora na poltrona perto da janela, observando a Lua subir, eu tomo minha decisão.
Após um rápido banho, saio do quarto com uma confiança que não é acostumada a me visitar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor universitário
Romance"Quando eu tô perto dele, eu perco qualquer resquício de controle que exista em mim, e é por isso que eu tenho que o manter longe" Laura, estudante de medicina, capitã da equipe de vôlei. Matheus, estudante de engenharia civil, capitão da equipe de...