Capítulo 58

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Matheus

Já estava deitado, tentando pegar no sono quando o som de chamada ecoou pelo meu quarto. Minha sorte era estar sentado quando vi o contato.

Era ela, ela me ligando, depois de quase um mês a voz dela novamente.

- Matheus?

Bolhas me surgem na barriga e uma vontade imensa de gritar me vem. Mas eu me controlo e respondo.

- Princesa?

Escuto ela respirar fundo do outro lado da linha.

- Nós precisamos conversar- ela falha na última palavra e eu me frusto um pouco por saber que essa ligação tem álcool como motivo.

- Achei que quisesse fazer isso pessoalmente- respondo escutando ela bufar mais uma vez.

- Sua mãe não me odeia mais- ela fala e eu fico sem entender.

- Isso eu sei, mas o ponto é como você sabe?

- Eita, acho que encrenquei a Gabi- começo a ficar esquentado por minha irmã não ter me falado nada.

- O que a Gabriela tem a ver com isso, princesa?- pergunto.

- Não vou falar, você tá bravo com ela- ela fala e desliga o telefone.

Conto até 3 pra não surtar e retorno a ligação. Ela atende.

- Oi- atende baixinho.

- Responde princesa, foi a Gabi quem te contou?- pergunto tentando parecer o mais calmo possível.

- Não- fala calma.

- Então como você sabe da minha conversa com minha mãe?

- Eu não sei- ela fala e eu entendo que a contradição seja pelo álcool.

- Mas você acabou de falar que sabia, princesa- respondo

- Não, eu não disse isso- ela fala e antes de eu corta-la ela continua- playboy isso foi um erro, eu não deveria ter ligado. Até amanhã- e desliga mais uma vez.

Tenho retornar a ligação, mas cai diretamente na caixa postal, deduzo que ela desligou o telefone, então vou procurar informação direto na fonte.

Ligo 4x até ela atender.

- O que foi- a voz de sono da minha irmã, indicava que eu tinha a acordado, mas aquilo tão pouco me importava no momento.

- Por que a Laura me ligou agora, dizendo que sabe que a mamãe não odeia mais ela e que você tinha alguma coisa a ver com isso?- pergunto diretamente e lido com o silêncio dela por longos segundos.

- Então, eu achava melhor te contar pessoalmente- conto até 3 pra permanecer em silêncio e não esboçar nenhuma reação - a gente tomou um café ontem, e mamãe se desculpou e falamos tudo o que a Alina fez.

Elas definitivamente não eram pra ter feito isso sem falar comigo.

- Vocês não tinham esse direito- falo tentando ao máximo segurar o tom.

- Olha Matheus, entendo que você esteja chateado por eu não ter falado antes, mas dizer que não tínhamos esse direito, é mentira. Na verdade, eu realmente não tinha esse direito, mas a mamãe podia sim querer se resolver com alguém que ela foi injusta, e foi esse o foco da conversa.

Podia até ser verdade, mas eu não consigo simplesmente não ficar puto por elas terem feito isso sem falar comigo. Mesmo que já não importe o que eu ache agora.

- O que ela falou sobre tudo?- pergunto

Escuto uma risadinha prepotente da minha irmã que faz minha vontade de matá-la aumentar.

- Não devia falar, depois desse show de ingratidão. Mas como sou muito benevolente, eu conto: Ela ficou puta com a Alina né, na mesma hora se defendeu das acusações, e disse que não guardava nenhuma mágoa da dona Luiza. Mas que achava que quanto a vocês dois não ia mais dar certo por que você já tinha seguido em frente.

"Oxe, que porra é essa" penso no mesmo instante que ouço a última parte.

- Que história é essa Gabriela, ela falou mais sobre?

- Foi só um mal entendido, por causa da carona pra Bianca. Mas relaxa que a gente fez questão de dizer que definitivamente tu não tinha seguido em frente e que tava na merda sem ela.

- Ei pô, não precisava falar desse jeito não- reclamo.

Minha irmã me dá mais alguns detalhes a respeito do encontro, e minha vontade era pegar a estrada agora e ir encontrar com ela. Mas infelizmente não resolveria muita coisa, pois pela voz dela na ligação a última coisa que ela tava era sóbria pra uma conversa desse naipe.

Traço na mente pontos que eu não posso esquecer de falar pra ela, mas não consigo formular o diálogo, me deixando amedrontado de não saber o que falar na hora.

A madrugada é curta dentro dos meus pensamentos e quando menos percebo já estou quase atrasado pra faculdade.

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Estaciono meu carro na entrada do bloco da civil e procuro Eduardo e Maurício pra contar tudo o que rolou nessa madrugada.

Encontro os dois na entrada da sala que nós teremos prova daqui a alguns minutos, e conto rapidamente tudo o que rolou.

- Puta que pariu irmao, vocês vão voltar!- Maurício fala me dando um abraço.

- Essa é nova, nem sabia que tu gostava tanto assim da Laura- Edu fala pro meu amigo que se recompunha.

- Eu gosto sim, gosto mais dela do que a tua espilicute que fica fazendo a cabeça da Loirinha pra sair pros cantos.

Dou uma risada com Edu e entramos pra fazer a bendita prova de resistência dos materiais.

- Vamos sair que horas?- pergunto pros meninos, assim que saímos da bendita avaliação, na intenção de pegarmos a estrada o mais rápido possível.

- Depois do treino, cara- Maurício fala e eu nego na mesma hora.

- Sabe qual a possibilidade de eu ficar aqui de braços cruzados a tarde inteira, só pra correr atrás de bola mais tarde, enquanto eu posso me resolver com a Laura?- ele revira o olho- Exatamente, NENHUMA! Vou só almoçar e pegar a estrada, se quiser fica pra ir com o Eduardo.

- E perder o final da novela de vocês dois? Nem fudendo, vou na tua cola, se quiser ficar tu procura carona pra ir amanhã ou vai no teu carro, Maurício- Edu fala.

- Vocês sabem que eu não gosto de dirigir, ainda mais pra as brenhas que eu não conheço o caminho- reclama fazendo bico.

- Então nesse caso só tem duas opções, ir com a gente depois do almoço ou procurar uma carona pra amanhã- comento e ele bufa.

- Vou com vocês, é o jeito né, mas eu vou me atrasar um pouco porque ainda tenho que arrumar minha mala- o loiro fala e eu aviso

- 14hrs eu tô saindo, com você ou não- olho no relógio- tu tem mais de 3hrs, se vira.

Sigo pra casa pra ajeitar as últimas coisas na mala.

Quando eu estava quase fechando, eu lembro de mais um item. Busco a caixinha que não foi entregue a dona na viagem de carnaval, e decido que independente do resultado da nossa conversa ela ficará com ela.

Fecho a mala e saio. Tranco a porta torcendo pra que a próxima vez que eu entrar aqui seja com a princesa do meu lado.

Um amor universitário Onde histórias criam vida. Descubra agora