Matheus
Uma semana desde o meu término com a Laura, confesso que estou um pouco melhor, mas muito longe de bem, ainda sinto um aperto absurdo toda vez que a vejo na quadra ou quando alguém fala algo dela.
Uma semana também da última vez que eu falei com minha mãe. Não consegui evitar meu pai, por mais de um dia, já que eu tinha que ir pra empresa, mas não me pergunte absolutamente nada do sermão que eu ouvi dele no dia seguinte porque eu não prestei atenção em absolutamente nada.
O Pedro fala comigo pelo WhatsApp de vez em quando, mas quem realmente não me deixa em paz é a Gabi. Ela praticamente inventa alguma coisa todo dia pra me ver ou falar comigo, sei que é cuidado, mas as vezes me dá uma vontade absurda de me esconder dessa versão Felícia da minha irmã.
Passei o final de semana em casa, no sábado o Maurício veio pra cá e assistimos um jogo de futebol americano e tomamos umas cervejas. No domingo Gabi falou que tava afim de ir à praia, então eu topei já que eu não ia fazer nada, e nunca pensei que um banho de mar ia me fazer tão bem.
Na segunda acordei descansado, com bem mais energia que na sexta, segui bem por 99% do meu dia, até eu ver ela a noite no treino e repetirmos o que temos feito, contato visual em que praticamente consigo ler ela, e a quebra do mesmo por algo externo. Na quinta foi o treinador dela, na sexta o Maurício e ontem uma colega dela.
Então chegamos a hoje, que eu não fiz basicamente nada de diferente até agora, fui pra faculdade de manhã e estou na empresa analisando uns projetos.
- Senhor Matheus, seu pai tá chamando você na sala dele- a secretária do meu pai anuncia pelo ramal.
Recolho o projeto, com as observações que eu tinha feito, sabia que ele tinha me dado um prazo curto pra concluir, o que ia me manter bem ocupado essa semana.
Entro na sala coberta por mármore preto que passava a imponência do meu pai, e encontro minha mãe sentada na cadeira dele.
Minha primeira reação é voltar, mas ela me repreende.
- Não te ensinei a ser tão mal educado assim, senta que nós precisamos conversar.
- Me perdoa, mas eu não tenho mais nada o que falar com a senhora, vim aqui pra falar com o meu pai- respondo em direção a saída da sala.
- Eu tenho que te pedir perdão- ela fala levantando e eu aguardo pra ver até onde aquilo vai- eu fui cruel e passei por cima dos seus sentimentos.
Aquilo só podia ser piada, ela dela realmente só ter enxergado isso agora.
- Não mãe, a senhora não fez só isso. A senhora optou por acreditar na Alina, a acreditar em mim, porque eu lhe avisei que ela estava fazendo a sua cabeça, mas a senhora não me escutou, e preferiu pagar pra ver me magoando e pior de tudo, magoando uma pessoa que a senhora nunca trocou uma palavra. Então isso não é só sobre mim, mas sobre sua obsessão em querer ter controle de tudo- respondo em um tom mais alto do que deveria e vejo os olhos dela se encherem de lágrimas.
- Você não entende, não tiro sua razão de ficar com raiva de mim, eu realmente fui péssima, mas tudo o que eu sempre faço é tentar proteger vocês, quando a Alina chegou me contando que aquela menina era interesseira, manipulava você, eu fiquei cega de ódio, e depois da discussão de vocês no apartamento só fazia mais sentido a história dela, já que vocês sempre foram grudados.
- Independente das suas razões, você lembra da quantidade de merda que falou? A senhora literalmente disse que ela não tinha nível pra ficar comigo, aquilo foi ridículo mãe. Eu era seu filho, era em mim que a senhora tinha que acreditar independente de qualquer coisa!- esbravejo.
- Matheus, eu sei absolutamente o peso de tudo o que eu disse, e não espero que você esqueça tudo do dia pra noite, eu tô aqui apenas pra te pedir desculpas e mostrar que eu realmente me arrependo, e se possível esclarecer toda a situação com a Laura, por que eu a vergonha que eu estou sentindo é de outro mundo- e depois de várias semanas eu consigo ver minha mãe normal, mas independente do arrependimento dela, não tô pronto pra simplesmente deixar ela voltar como antes.
- Que bom que a senhora se arrepende, mas acho que tá um pouco tarde pra tentar reverter a situação com a Laura- respondo sentindo um peso extra no peito.
- Eu só percebi naquela manhã, quando eu realmente pude ver o mal que eu tinha feito a você e a reação da Alina. Naquele momento eu vi que eu tinha cometido um grande erro, e a única que tava sendo besta e manipulada na história havia sido eu. Passei dias pensando em como reparar, enquanto seu pai dizia que não adiantava eu ir falar com você no momento, pois eu só iria piorar as coisas. Só ontem conversando com a Bianca que eu realmente criei coragem pra isso. Sei que demorei bastante, mas realmente acho que nunca é tarde pra se redimir por um erro.
Mesmo ainda muito triste com ela, eu não conseguia simplesmente perdoar, mas o ódio que me consumia na estava mais aqui, pelo menos não sobre ela. No fundo eu sabia que minha mãe não era uma megera sem noção, e era aquilo que me magoava mais ainda, saber que logo ela que tinha me dado a maior força pra começar o relacionamento, simplesmente tinha virado uma pessoa terrível.
Ela me pede um abraço e eu dou um rápido nela, e volto pra minha sala com a cabeça a mil, e planejando aproximadamente mil formas de matar a Alina.
- Gabriela tá aonde?- pergunto assim que a minha irmã atende a ligação e responde estar saindo do shopping- Te dou 5 minutos pra chegar na minha casa, por que se alguém ta preservando meu réu primário no momento, e te garanto que não sou eu.
Não me orgulho dos meus pensamentos no caminho, pensei em jogar muita merda no ventilador.
Tipo da vez que o Pedro encontrou ela completamente nua no cama dele, após ele anunciar pra família que tava namorando.
Foi patético, penoso, queria me esconder no chão de tanta vergonha alheia que eu senti quando Pedro me contou, mas ao invés de ficar do lado do meu irmão na época eu discuti pra defendê-la. Aleguei que ele tinha iludido ela, já que tinham ficado cerca de duas vezes, mesmo sabendo que eu estava errado.
Eu queria preservar a harmonia que sempre vivemos, ela apaixonada pelo Pedro, desde sempre praticamente, e eu seu melhor amigo, já que ela nunca se deu bem com a Gabi, que também não fazia o menor esforço pra agradar.
A realidade é que pra Alina se tornar esse monstro não foi da noite pro dia, foram anos dando esse poder a ela. Só que um dia a gente acorda, seja por uma decepção grande ou por alguém especial nos mostrando a verdade, e as vezes dependendo do nível é preciso o combo dos dois pra você perceber quem era realmente aquele lixo próximo a você.
Sorry pelos desabafos do anterior, jaja a fase ruim passa e eu volto com nossa reta final. Amo vocês e obrigada por não desistirem de mim. 🤍
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Um amor universitário
Romance"Quando eu tô perto dele, eu perco qualquer resquício de controle que exista em mim, e é por isso que eu tenho que o manter longe" Laura, estudante de medicina, capitã da equipe de vôlei. Matheus, estudante de engenharia civil, capitão da equipe de...