c a p í t u l o - b ô n u s #4

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Minhas mãos estão tremendo tanto que acidentalmente derrubo o objeto que estou segurando. Estou ofegante, minhas palmas estão suando e meus joelhos estão fracos. Deslizo pela porta, minhas costas contra ela.

Não. Absolutamente não. Eu não posso fazer isso. Isso não vai dar certo. Eu só vou me livrar dele. Eu não estou preparada. Nem Mattheo.

Quero dizer, uma criança? Vamos lá, eu tenho vinte e dois. Não estou pronta para um pequeno humano crescer dentro de mim.

Naquela noite não usamos proteção e agora estou grávida. Odeio a vida.

Eu nem percebi que estou chorando um pouco quando alguém bate na porta do banheiro.

— Querida? Você está bem? Você está aí há quase dez minutos — eu ouço a voz abafada de Mattheo perguntar.

Eu rapidamente limpo sob meus olhos antes de responder.

— Sim! Eu estou bem. Estou - eu estou bem. Está tudo bem... — minha voz diminui no final e é quando percebo que Mattheo sabe que tudo não está de fato bem, é exatamente o oposto de bem... Tudo está... não está bem? Isso é o contrário de bem?

Meus pensamentos confusos são interrompidos por outra batida.

— Saia, eu quero falar com você bem rápido.

— Agora?

— S-só me dê um segundo — eu me arrasto para os meus pés e até a pia. Enxugo os olhos e jogo um pouco de água fria no rosto para deixar meu rosto menos vermelho.

Enfio o teste de gravidez no bolso antes de colocar um sorriso falso no rosto e destrancar a porta.

— Oi — sorrio quando fico cara a cara com Mattheo.

— Ok, o que está acontecendo? O que aconteceu?

— Do que você está falando?

— Você se trancou no banheiro por dez minutos e é você.

— Bom, obrigada por isso, Theo. De qualquer forma, estou bem! — Sento-me na nossa cama e sorrio para ele.

— Você tem certeza, querida?

Eu congelo. Um bebê. Por que.

— ... Estou bem. Sim. Estou bem — eu aceno repetidamente. 

— Tudo bem, o que você fez? Se eu for no banheiro vou ver sangue? Sua lâmina?

— Não! Por que você acha isso?... Ok, eu posso ver por que você acha isso, mas você sabe que eu estou há três meses limpo!

— Eu sei e isso é incrível e estou incrivelmente orgulhoso de você, mas apenas me diga o que aconteceu lá! — Ele se senta ao meu lado e pega minhas mãos.

— Um bebê — eu sussurro, olhando para um ponto muito interessante no tapete.

— Você poderia falar um pouco mais baixo, por favor? Eu não ouvi você bem.

— Vamos ter um bebê — minha voz está um pouco mais alta.

Mattheo solta minhas mãos e se levanta abruptamente, ele caminha para um espaço na sala, ambas as mãos no cabelo.

— Desculpe, eu sei que não estamos prontos. Eu estava pensando em fazer um aborto e talvez no futuro, possivelmente, possamos tentar novamente quando estivermos prontos- — eu divago, mas Mattheo me interrompe.

— Você está brincando comigo? Esta é provavelmente a melhor notícia que eu já ouvi. Além da notícia de que meu pai morreu! — Um sorriso enorme toma conta de seu rosto enquanto ele tropeça em minha direção, pega minhas mãos e o puxa para ficar com ele.

— Você não está bravo? Oh graças a Deus eu pensei que você ia surtar porque eu surtei então eu pensei que você surtaria tão bem quanto eu e eu estou apenas me repetindo neste momento porque eu ainda estou meio surtei por ter que carregar um pequeno humano no meu útero por nove meses e...

Mattheo gentilmente coloca o dedo em meus lábios para me silenciar.

— Shhh — ele sussurra. — Eu não estou enlouquecendo. Você pode parar de enlouquecer porque tudo vai ser simplesmente perfeito. Nós raramente usamos magia, então eu acho que pelo bem da criança e do nosso, não devemos criá-los com magia. Devemos apenas viver nossas vidas como trouxas normais e ocasionalmente usam magia quando e se precisarmos. — Sua voz é suave, pois ele sabe que ainda estou um pouco em pânico.

Eu aceno repetidamente ao longo de seu pequeno discurso, concordando com cada palavra que ele diz.

— Eu estava pensando exatamente a mesma coisa.

— Quando for a hora, você quer saber o sexo?

— Acho que quero saber, mas se você quiser manter uma surpresa, tudo bem — eu sorrio.

— Nós vamos descobrir de uma forma ou de outra.

***

— Tudo parece absolutamente bem. Ambos os bebês parecem saudáveis — a médica sorri.

A mão de Mattheo, que estava segurando a minha empolgada, fica flácida e cai na cama em que estou sendo conduzida.

— Eu sinto muito? — Eu começo. — Ambos?

— Sim! — A mulher sorri. — Você vai ter gêmeos!

— Desculpe, o quê? Olha, eu fiz a coisa toda de gêmeos, não para mim. Existe alguma maneira que podemos gostar-

— Gêmeos parece ótimo — Mattheo sorri, colocando a mão sobre minha boca para abafar minhas palavras.

***

— Eu odeio estar grávida, eu sou tão gorda — eu lamento, jogando minha cabeça para trás e cobrindo meu rosto com meus olhos.

— E aí? — Mattheo pergunta enquanto envolve as mãos em volta do meu estômago e descansa o queixo no meu ombro.

— Meu jeans favorito não me serve mais por causa das crianças estúpidas no meu útero — eu reclamo enquanto me olho no espelho.

— Apenas mais alguns meses, então toda a gravidez acabou.

— Só mais três meses. Mais três meses.

***

— Mattheo, seu idiota! Leve-me para o hospital! — Eu grito, apertando meu estômago.

— Eu não consigo encontrar as chaves estúpidas! — Mattheo grita. — Ok, ok, ok, eu os encontrei. Vamos.

— Finalmente.

— Entre no carro, vamos!

Nós dois entramos no carro e Mattheo nos apressa para o hospital comigo gritando muito no caminho.

***

— Theo! — Eu grito quando pego sua mão e a aperto com força. Ele se encolhe um pouco antes de recuperar a compostura.

— Quase lá, senhorita Malfoy! — A enfermeira diz.

— Oh meu Deus — Mattheo respira quando ouço um choro fraco. A enfermeira entrega o bebê para ele.

𝙉𝙪𝙢𝙗 | 𝙈𝙖𝙩𝙩𝙝𝙚𝙤 𝙍𝙞𝙙𝙙𝙡𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora