Trinta

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Passei a semana toda cuidando do meu pai, e para facilitar nossas vidas, eu dormi todo esse tempo no seu pequeno apartamento no Queens

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Passei a semana toda cuidando do meu pai, e para facilitar nossas vidas, eu dormi todo esse tempo no seu pequeno apartamento no Queens. Isso significa que tenho passado cada vez menos tempo com James. 

Parece que um vazio habita dentro de mim. Depois daquela nossa conversa estranha onde ele me contou sobre o seu passado sombrio e praticamente disse na minha cara que não queria nada comigo além de sexo, as coisas nunca mais foram as mesmas. Ele é um cara legal, tem um bom coração; está sempre me perguntando sobre o meu pai e se preciso de alguma coisa. Isso é o que mais me entristece. Se ele fosse um completo babaca, seria mais fácil aceitar que não podemos ter nada, mas não posso evitar me apaixonar quando ele me trata como se apenas eu importasse. Ou ele está escondendo seus sentimentos ou é realmente um ótimo ator. 

Eu sabia que isso não ia dar certo. Além de ser completamente inconsequente aceitar transar com o meu chefe, fui burra o suficiente para me apaixonar por ele. Porque essa é a verdade: estou apaixonada por James Royal. Não o CEO implacável e calculista, e sim o cara que é gentil e prestativo, que cuida da família e esconde um sorriso de menino. Isso não é justo. James não me prometeu absolutamente nada, e agora parece que ele arrasou com todo o meu mundo. 

A culpa é minha. Eu deveria ter parado quando tive a chance, mas decidi mergulhar de cabeça em águas muito rasas; estou apenas colhendo o que plantei. Apesar de ter a minha parcela de culpa, não deixo de sentir raiva de James. Sei que ele tem motivos para sentir medo, que ele se sente responsável pelo o que aconteceu com sua antiga funcionária e que tem medo de me machucar de alguma forma, mas se quer saber minha opinião, eu acho que ele apenas está escolhendo o caminho mais fácil. Covarde. Às vezes eu cheguei a pensar que ele sentia algo por mim além de atração sexual, mas como posso ter certeza? São apenas especulações, momentos isolados. Preciso ouvir isso saindo da sua boca, ou então não vou mais poder aguentar sozinha essa situação. Vou ter que tirar o meu time de campo, mesmo que isso signifique dar adeus. 

A boa — ou má — notícia é que peguei um resfriado daqueles. Estou afastada do trabalho até melhorar, o que significa que tenho algum tempo longe de James para poder pensar em tudo isso. Eu. Ele. Nós. Trocamos apenas algumas mensagens de celular, e basicamente ele me pergunta se estou bem e eu apenas respondo. Não abro espaço para mais nada, porque não quero continuar me machucando. Não quero passar horas trocando mensagens com ele, porque isso faz o meu coração se encher de esperança. É ridículo, eu sei, mas esse é o efeito James Royal; uma simples atitude vinda do mesmo faz parecer que é um grande feito. 

Idiota. 

Odeio ele. 

Não odeio, não. 

Argh. 

Queria apenas poder odiá-lo. 

Eu me forço a levantar da cama depois que meu estômago implora de joelhos por um pouco de comida. Não comi nada o dia todo. Papai não sabe que estou doente — não quero preocupá-lo agora que já voltei para casa —, e Demi vem aqui quando pode, para cozinhar para mim e garantir que a casa fique em ordem. Mas o estoque de comida que ela guardou em potes dentro da geladeira acabou, e me senti indisposta o dia todo para levantar e cozinhar alguma coisa. Agora já não aguento mais. Estou fraca e enjoada — preciso de energia ou vou acabar indo para a cova. 

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