Eu não fui atrás de Mackenzie de imediato — apesar de estar morrendo de vontade de largar tudo e ir atrás dela como um cachorrinho abanando o rabo. Tampouco fiz mais ligações, apesar de ter discado o número dela antes de apagar mais de uma centena de vezes. Ainda estou com raiva. Não acredito que ela abandonou o barco sem nem olhar para trás, e é por isso que me mantenho firme, porque sei que nada construtivo pode sair de uma conversa cheia de remorso e mágoa. Estou tentando entender o lado dela, juro que estou, mas eu pensei que estávamos juntos nessa. Pensei que éramos uma dupla. É fácil se sentir magoado quando se é jogado fora como um lixo descartável. Então, sim, eu preciso de um tempo. Pensar, assimilar… há coisas a serem resolvidas antes de tomar qualquer decisão.
Naquela manhã, Casey reuniu mais de sessenta funcionários que trabalham no meu setor. Eu não queria que as coisas tivessem chegado a esse ponto, mas me dignei a entrar naquela sala que mais parecia uma lata de sardinha e pedi desculpas a todos pelo meu erro. Não fui vitimista, apenas sincero. E realmente me arrependo de ter sido egoísta, de ter quebrado as minhas próprias regras. Sou um homem certo, justo, e por isso estou reconhecendo o meu erro.
Mas se tem uma coisa pela qual eu não me arrependo é de ter deixado Mackenzie entrar na minha vida. Eu não sabia que precisava ser salvo até que ela preencheu com luz a escuridão que se apossou da minha vida. Eu não sabia que precisava de carinho e afeto até estar em seus braços, sentir o seu beijo e adormecer ao seu lado por noites consecutivas. Então, por mais que eu esteja odiando-a agora, sei que isso é passageiro. Ela pode ter agido como uma filha da puta covarde, mas o que eu sinto por ela supera qualquer estágio de rancor.
Infelizmente as nossas vidas são um pouco complicadas, e se ficarmos mesmo juntos — estou contando com isso —, mudanças precisam ser feitas. Eu não queria que ela fosse embora, mas seu pedido de demissão acabou favorecendo a ambos, porque, sinceramente, eu não sei se teria coragem, no ato, de demiti-la. Mackenzie apenas facilitou as coisas, mesmo que isso não me faça sentir nem um pouco melhor.
— Como se sente? — pergunta Daniel, depois da reunião de última hora.
— Tirei um peso das costas — confesso.
— Acha que agora as pessoas vão esquecer isso? Você pediu desculpas e tal… foi muito corajoso da sua parte. Aliás, foi um belo discurso. Sempre invejei a sua oratória.
Abro um sorrisinho. É claro que não vou deixar essa passar.
— Então você gosta da minha boca, é?
Daniel ergue o dedo do meio, e eu sorrio mais amplamente. É bom descontrair um pouco depois de tudo isso.
— Viu só? Não dá pra ser legal com um pau no cu.
Eu solto uma risada curta, mas só.
Olho vagamente para a parede de vidro da minha sala que reproduz um belo pôr do sol em Nova York, refletindo a luz laranja que se choca com os grandes janelões dos arranha-céus ao nosso redor. Uma bela vista. Espetacular, na verdade. Mas estou tão afetado pelos últimos acontecimentos que me sinto apenas vazio. Mackenzie foi embora e, junto consigo, levou a porcaria do meu coração no bolso. Não, no bolso, não… na sola daqueles malditos sapatos. Só isso explica as fisgadas que venho sentindo no peito desde que recebi a notícia da sua demissão.
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Sr. Royal
RomanceJames Royal é um clichê: um CEO bem-sucedido bonito demais para ser verdade, ótimo nos negócios e que pode ter a mulher que quiser sem fazer muito esforço. Ele tem apenas dois objetivos: manter a sua empresa no topo e aproveitar a sua vida o máximo...