Tento ficar nas pontas dos pés, mesmo de salto, para poder enxergar por cima das cabeças das pessoas, com um nervosismo crescente instalado nas minhas entranhas. Não vejo nenhum sinal do James, como de todas as outras vezes que chequei no relógio ao redor do meu pulso nos últimos quinze minutos, e se ele não aparecer nos próximos segundos, receio que vou ter que entrar sem ele.
Então, como se fosse um sinal do destino, vejo-o surgir em meio às outras pessoas, com um olhar atento para todos os lados, e aceno para chamar a sua atenção, finalmente me acalmando. Ele olha para mim e, com uma expressão de puro alívio, caminha em passos largos na minha direção. Quando chega perto o suficiente, percebo que está com a respiração pesada, como se tivesse corrido uma maratona, e com o cabelo desgrenhado.
— Onde você estava? — ralho com ele em tom baixo.
— Preso em um congestionamento de quilômetros — seu tom é um pouco irritado. — Tive que descer do carro a dois quarteirões e vir correndo.
Arqueio as sobrancelhas.
— Você veio correndo?
Ele abre os braços, como quem diz "olha só o meu estado", antes de deixar os braços caírem ao lado do corpo, bufando.
— Estou muito atrasado? — pergunta, preocupado.
Checo meu relógio mais uma vez.
— Temos dois minutos antes da apresentação começar — informo, um pouco tensa.
Ele agarra gentilmente o meu braço e me puxa.
— Vamos logo.
Nós entramos no teatro, que já está lotado, e paramos por um segundo, preocupados que talvez não tenha sobrado cadeiras vazias, mas James me cutuca e aponta em uma direção onde tem dois lugares disponíveis, bem no meio do auditório, o que significa que teremos que atropelar algumas pernas para conseguir chegar até lá. Recebemos alguns olhares feios enquanto fazemos isso, e muito sem graça, tudo o que eu faço é oferecer um sorriso de quem pede desculpas. Quando finalmente conseguimos nos acomodar, posso soltar um suspiro de alívio.
Sinto dedos longos escorregando sutilmente pelos meus, e olho para nossas mãos entrelaçadas antes de erguer o olhar para o rosto do meu marido, encontrando suas imensidões azuis me observando com amor e ternura. Trocamos um sorriso antes dele levar minha mão à boca e beijar os meus dedos, os lábios roçando sobre a aliança de ouro que brilha ali.
É engraçado que, depois de tanto tempo, um simples toque dos seus lábios ainda cause um incêndio dentro de mim. Meu maior medo era que a rotina do casamento pudesse estragar as coisas, mas conseguimos equilibrar bem a situação e preservar o nosso amor.
James Royal sempre foi e sempre será a minha melhor escolha, e não há nada, nem mesmo os momentos de crise, que me faça duvidar do amor que sinto por ele.
As luzes se apagam de repente e a cortina vermelha se abre no palco. O espetáculo começou.
Várias garotinhas usando tutus rosa e cabelos amarrados em um coque entram no palco de forma coordenada, se movimentando com leveza e graciosidade. Meus olhos estão vidrados na apresentação, e o sorriso orgulhoso não deixa o meu rosto nunca.
— Ali está a nossa menina — James sussurra para mim, a voz transbordando de orgulho, e aponta para o palco como se eu precisasse reconhecer a garotinha que eu carreguei na barriga durante nove meses no passado.
— Ela está tão linda — sussurro de volta, descansando a cabeça em seu ombro enquanto ele passa o braço ao meu redor.
Assistimos à apresentação de balé como dois pais babões, mas que acima de tudo amam e se importam com sua filha.
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Sr. Royal
RomanceJames Royal é um clichê: um CEO bem-sucedido bonito demais para ser verdade, ótimo nos negócios e que pode ter a mulher que quiser sem fazer muito esforço. Ele tem apenas dois objetivos: manter a sua empresa no topo e aproveitar a sua vida o máximo...