Segunda Chance

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Flávia

Eu fiquei só na água de coco mesmo enquanto o resto deles ficaram bebendo cerveja. Lucas tinha conseguido passar pra final do festival e pessoal usou isso como desculpa pra beber o resto da tarde todinha em comemoração. Limites? Não tem.

E tava tudo indo muito bem até o Lucas passar de fase e vir aqui na gente com uma guria a tira-colo que não saia de cima dele. Meu Deus que castigo gostar de homem galinha e disputado.

O que custava o Lucas ser daqueles meninos que tem o insta privado, 300 seguidores e comentários tipo "lindo da tia" na foto???

Hugo: Qual foi, Lucas. Casou? -Hugo fofoqueiro que só ele perguntou o que eu queria saber, assim que a menina saiu pra ir não sei onde.

Felipe: É tchau pra quem namora. -cantarolou zoando o Lucas, fazendo o Hugo rir

Lucas: Tá maluco -riu negando. - conhecendo só, pô.

Gabriela: Conhecendo ela e mais quantas? Porque tu não tem sossego. -Lucas soltou uma risada safada que me fez bufar e voltar a focar na foto que eu estava editando pra postar.

Não demorou muito pra tal garota voltar com mais cerveja e ir se enturmando mais com o pessoal.

Fiquei meia de fora da conversa porque sou péssima pra disfarçar meus sentimentos, então se algo me incomoda dá logo pra ver na minha cara. E como eu ninguem tinha culpa do meu mal humor, preferi ficar na minha.

Hugo: Vai? - ele sentou do meu lado, me oferecendo a cerveja e eu neguei.

Flávia: tô afim não. -respondi olhando pro mar.

Hugo: E vai ficar com essa cara de bunda o dia inteiro mesmo? - olhei pra ele puta já.

Flávia: Tô te incomodando? -ergui a sobrancelha e ele riu, sabendo que tinha conseguido tirar minha paz.

Hugo: Para de ser grossa, ô cavala.

Rolei os olhos, mas não respondi ele pra não ser mais grossa ainda sem necessidade. Não é que eu queira, mas quando tô estressada não consigo ficar medindo as palavras e o Hugo gosta de me perturbar, esse implicante.

Voltei a olhar pra frente e vez ou outra me pegava prestando atenção no pessoal ali do lado. E o bom de ser observadora é que eu pego MUITO as coisas no ar. Vi uma troca de olhares do meu irmão com a Camila e fiquei observando aquilo por alguns minutos pra ver se não era piração da minha cabeça. Mas não, a tensão entre eles era perceptível demais.

Flávia: Tá vendo isso? -perguntei baixo pro Hugo, apontando pros dois com a cabeça.

Ele olhou na direção e então voltou a olhar pra mim com cara de "?"

Hugo: Isso o que? -perguntou confuso.

Flávia: Meu irmão e a Camila, tonto. -ele olhou de novo e fez a mesma cara de segundo atrás. -Meu Deus como é tapado.

Hugo: ele secando ela? -assenti- normal pô, ela chama atenção.

Flávia: Mas ela tá correspondendo ele, dã! -falei como se fosse obvio

Hugo: Normal também, po.- respondeu naturalmente, chato!- O que não é normal é tu de cara amarrada pra guria que tá com Lucas aqui. -o ar travou no meu pulmão me deixando tensa. -Tá cheia de agonia aí. O que que tá rolando?!

Flávia: Tá rolando nada, ué. Tô sem paciência, só isso.

Hugo: Se eu não te conhecesse Flávia... -falou com sarcasmo, me fazendo rolar os olhos. -Tu vigia hein. -alertou e se eu bem conheço o Hugo ele tava começando a sacar alguma coisa.

Flávia: Vigia o que, Hugo?-falei um pouco irritada- Você que tá viajando aí, me poupe.

Hugo: Tomara que eu esteja viajando mesmo e tu não esteja arrumando treta pra tua cabeça aí.

Flávia: Meu Deus, como você tá insuportável.

Levantei e fui entrar no mar. Já estava quase no por do sol e eu nem queria entrar mais, mas se eu continuasse naquela conversa com o Hugo eu não sei que rumo aquilo tomaria. Na verdade, eu acho que sei exatamente no que daria aquela conversa, mas não estava nem um pouco afim de falar sobre.