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FLAVIA DUARTE

Eu não sei vocês, mas eu odeio Hospital.

Odeio mesmo! Ao ponto de estar morrendo e ficar boazinha só de chegar na porta de um. O cheiro me enjooa, a energia me arrepia dos pés a cabeça e a possibilidade de passar uma noite se quer nesse lugar me faz querer chorar igual um bebê.

E foi exatamente isso que eu fiz quando percebi que esses falsos que até agora eu chamava de amigos me trouxeram pro hospital, quando na verdade me juraram que estavam me levando pra casa.

Flavia: É sério? — olhei pro Hugo que estava manobrando o carro pra entrar numa vaga e virei o corpo no banco no banco do carona olhando pros outros dois mentirosos sentados no banco de trás — Vocês me odeiam ou o que? — o olho ja cheio d'agua, a voz embargando e a certeza que eu estava com um bico enorme na cara. — Eu não vou descer. — voltei a me ajeitar no banco e cruzei os braços.

Escutei o Hugo estalar a língua no céu da boca e suspirar. Vai passar raiva mesmo, to nem aí. Não mandei ninguém mentir pra mim.

Laís: Amiga, a gente precisa saber o que aconteceu com você. Você ficou muito mal!

Flavia: Eu só bebi demais, gente. Que saco! Sério, to muito chateada, eu nunca faria isso com vocês. —agora eu estava chorando MESMO. As lagrimas descendo no meu rosto e meu olho não parava de encher d'agua.

Ruhan: Amiga, a gente não vai te deixar sozinha, calma. Vai ser rapido, eu prometo.

Flavia: Do mesmo jeito que prometeu que tava me levando pra casa? — a voz embargada pelo choro e uma chateação evidente da minha parte.

Hugo: Flavia, tu não é criança pra fazer birra assim. Seria muito mais facil te largar em casa sem saber se alguém colocou droga no teu copo, mas todo mundo aqui se preocupa contigo e se a gente ta aqui é pro teu bem!

Depois de muita conversa e uns 10 minutos pra eu me acalmar o suficiente treinando minha mente pra entrar naquele bendito hospital, eu desci do carro.

Entramos os quatro, Hugo pegou minha bolsa com meus documentos e foi na recepção junto com o Ruhan. E foi eu sentir aquele cheiro de hospital pra minha boca começar a encher d'agua de enjoo e a ânsia de vômito começar. Só deu tempo de abrir a porta do banheiro que ficava do lado pra eu por tudo pra fora ali na pia mesmo.

Flávia: Eu odeio esse lugar, sério. Eu odeio muito! —reclamei apoiada na pia do banheiro pra não cair de tão fraca que fiquei depois de vomitar mais três vezes. Minha perna chega tava bamba já, os olhos lacrimejados pela ânsia, o cabelo amarrado no coque no alto da cabeça e meu reflexo no espelho estava PÉSSIMO. —Eu só quero ir embora logo.

Ruhan bateu na porta, fazendo a Laís se afastar de mim pra ir ver o que era e uns segundos depois ela voltou.

Laís: Ruhan disse que vão te chamar em uns 15 minutos — falou mexendo na bolsa dela e tirando de lá um pacote de lenço demaquilante. — Vem cá, deixa eu tirar essa maquiagem, tu joga uma agua no rosto depois e a gente espera te chamar la no segundo andar.

Flavia: Quem em sã consciência leva lenço demaquilante pra balada? — ri indo me sentar na tampa do vaso que ela tinha indicado.

Laís: A mulher de batom vermelho que tem intenções claríssimas de beijar na boca e sair sem fazer cosplay de patati patatá — riu também começando a deslizar o lenço pelo meu rosto — não beijei, não usei.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora