Segunda Chance

60

Flávia

O jardim que a horas ainda tinham pessoas bebendo e dançando, estava completamente vazio e silencioso. Conferi as horas e ja eram 4:50hr, eu estava com sono, mas a fome estava maior então fui procurar alguma coisa pra comer antes de ir deitar.

Fucei a geladeira da area de churrasco em busca de algo e achei salgadinhos, doces, comida... peguei um prato, coloquei alguns salgadinhos e umas mini-pizzas esquentei no micro-ondas que tinha ali fora e sentei pra comer ali mesmo, junto com um copo de coca.

-Caralho, Flavia! -quase me engasguei com a bolinha de queijo por causa do susto que eu tomei com a voz do Hugo atrás de mim DO NADA. Dei um gole na coca pra ajudar a descer e logo vi aquela cara sonsa aparecer na minha frente rindo de mim.

Hugo: Ta devendo? -riu. Eu so levantei o dedo do meio pra ele enquanto bebia a coca- Geral ja foi dormir e tu aí amassando um pratão de salgadinho cinco horas da manhã, que isso.  -sentou na mesma mesa que eu, de frente pra mim

Flavia: Nem só de cerveja sobrevive esse corpo né. -dei de ombros o olhando e então reparei seu cabelo e ri prontinha pra gastar ele. - Hmmmm, cabelinho molhado...  -falei em tom sugestivo e ele riu fraco, negando. -quero nomes!!!

ele estalou a lingua no céu da boca

Hugo: Mané nomes. -dei um tapa na mão dele quando ele tentou pegar um salgadinho do meu prato. -Qual foi pirralha, tem um monte aí

Flavia: Na geladeira tem mais. - falei simples e forcei um sorriso. Fala sério, aquilo ali tava contadinho pra matar minha fome, eu hein.

Hugo: Gulosa pra caralho. -resmungou.

Flavia: Me fala o nome e eu deixo tu pegar  - ele franziu a testa e me olhou com tédio,  continuando em silencio. - Por favorrrr -implorei.

Hugo: Tu é chatinha né? Puta merda. - pegou um salgado e dessa vez eu deixei. Eu ja deixaria de qualquer maneira, só estava de implicância mesmo.

Flavia: Sou, mas isso você também é. - dei de ombros- tu não vai me falar mesmo? - ele negou e eu bufei - que espécie de amigo é você que não me conta as coisas? - perguntei irritada por conta da curiosidade e enfiei uma coxinha boca. Ele riu

Hugo: O tipo de amigo que te conhece o suficiente pra saber que tu vai me aloprar assim que eu te falar o nome.  -nessa hora ele nem precisa citar o nome mais porque eu ja sabia.

Flavia: Tu transou com a Morgana?! - perguntei surpresa e até parei de comer só pra olhar pra ele, que confirmou com a cabeça. - Meu Deus, como é burro! -neguei com a cabeça  e escutei ele rir

Tive oportunidade de conversar e conhecer a Morgana melhor hoje e ela me pareceu  muito gente boa, uma vibe incrível, mas o tanto que eu ja ouvi o Hugo lamentar por essa garota não é brincadeira não, ta?!

Hugo: Mas sabe que foi bom?!

Flavia: Ah, não me diga - ironizei e ri.

Hugo: Sério, porra. - disse rindo- eu nunca quis ter uma recaída com ela por mais que vontade batesse muito no início, porque eu tinha medo do sentir tudo de novo, se ligou? - ouvi com atenção porque vi que ele estava realmente falando sério - E hoje quando a gente ficou eu tive a certeza que eu realmente não sinto mais nada por ela, que eu superei a parada de verdade.

Flavia: Mas foi ruim ficar com ela? - perguntei meio confusa e ele negou de prontidão.

Hugo: Não, po. Jamais! -respondeu- Foi bom pra caralho, como sempre foi. Só que eu consegui ficar com ela sem envolver sentimento nenhum além de sexo, foi como se ela fosse qualquer outra garota que eu fico numa noite e não a Morgana por quem eu fui apaixonado por anos, entendeu? -concordei

Flavia: Eu fico boba de ver como homem tem a capacidade de ficar com meio mundo sem se apegar a ninguém - falei pensativa, com os flash back de horas atras na minha cabeça. Apertei meus olhos expulsando o Lucas do meu pensamento.  - Se existir uma próxima vida, eu quero vir homem. Mulher só se fode, êê.

ele riu.

Hugo: ihhh ta apaixonadinha? -rolei os olhos- Qual foi, Flavia?!

Flavia: Qual foi o que, menino? eu hein - dei um gole na coca, fiquei nervosa ja. 

Hugo: Ah ta! Só eu que falo e tu fica escondendo as paradas de mim.

Flavia: Dramaaatico -cantarolei

Hugo: Tu tava com o Lucas até agora né? -jogou o verde e eu não neguei. Ele riu fraco sacando toda a situação. - Depois o burro sou eu. - falou com ironia e riu, me fazendo rir também

Flavia: Para, ta?! - o olhei- acabou rolando, ué. -ele me olhou com aquela cara de julgamento dele -Eu gosto dele, Hugo. -choraminguei - Cê acha que eu vou quebrar a cara muito feio por gostar dele?

Hugo: Não sei, Flávia. Não tem como eu te responder isso. Não sei nem da minha vida direito, quem dirá da dele.

Flávia: Mas você é amigo dele. Não é possível que você não tenha nenhuma opinião formada sobre.

Hugo: Mas eu já te dei o papo sobre o que eu penso.-  respondeu simples e eu bufei de frustração.

Flávia: Em outras palavras você disse que eu corro o risco quebrar a cara. -murmurrei baixo e tombei minha cabeça na mão apoiada na mesa

Hugo: Corre. - respondeu e eu engoli seco. - assim como todo mundo. Ninguem faz "seguro de danos" antes de se envolver com outra pessoa não, pirralha. Todo mundo corre risco de se foder no final de tudo, só que se a gente para pra pensar nisso acaba deixando de viver várias paradas por medo de uma coisa que é incerta.

Flávia: Você é confuso. - reclamei -uma hora fala que eu tô procurando problema, agora fala isso... Tá bugando minha mente.

Hugo: Eu não retiro nada sobre o que eu disse do Lucas pra ti, mas eu também não sou o dono da verdade pô. - me olhou - Eu sei que com mulher ele é tralha pra caralho mesmo, mas isso também não quer dizer que ele nunca vai mudar e vai morrer na putaria. Cada um tem sua fase de fazer merda e de parar também.

Hugo: Por isso que eu não posso julgar se tu vai quebrar a cara ou não. Risco tu tá correndo pra caralho mesmo - debochou e eu rolei os olhos rindo- mas se tu se fuder nisso, eu te ensino meu método do desapego e a gente taca o terror nesse RJ! Jae?! - estendeu a mão pra fazer um toque comigo.

Flávia: Tô torcendo muito pra eu não ter que tacar o terror contigo. - fizemos o toque e ele riu.