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Esse capitulo possui as narrações da Camila e do Felipe. 

CAMILA BERRIEL 

Felipe: Que? —A voz dele saiu baixa. Baixa demais.

Como se ainda tivesse assimilando o que acabei de dizer

Camila: É. —confirmo o que disse. — e essa foi a gota d'água pro meu pai me expulsar de casa também! —ri sem humor, com uma clara amargura na voz.

Lembrar do meu pai ainda dói. Lembrar que ele me botou pra fora da casa e vida dele como se eu nunca tivesse sido importante, dói. Não receber nenhum pedido de desculpa ou qualquer mensagem que fosse desde aquele dia até hoje, dói.

Parece que pra ele eu nunca existi. Parece que eu sou mais uma no meio desses bilhões de pessoas espalhadas no mundo que a gente nem conhece, que nunca viu.

Mas poxa, eu to aqui.

Ele sabe que eu to. Sabe que ao menor sinal de arrependimento da parte dele eu vou perdoar, ele sabe que eu não sei guardar raiva de ninguém, sabe que eu não consigo odiar ele por mais magoada que eu ainda esteja, ele sabe. Ele me conhece. E mesmo assim faz questão de deixar claro o quão descartável eu sou na vida dele.

Eu ainda to aprendendo a lidar com esse sentimento e com tantos outros que envolvem esse assunto. Não é fácil pra mim falar sobre isso por conta de toda a situação, mas confesso que ja foi mais difícil e hoje me sinto mais preparada pra pelo menos ter essa conversa de forma mais leve.

Felipe: Mila, olha só , eu não fazia ideia dessa parada! Eu já passei por isso então, por favor, se você não tiver afim MESMO de falar, se não tiver TOTALMENTE  a vontade pra essa conversa, não precisa tá?! —falou com cuidado, de modo que tentava deixar aquilo bem claro pra mim, e eu quase sorri.— Esquece o que eu falei na sala, esquece tudo e a gente conversa quando você decidir que é a hora. Não quero te forçar a falar disso. Me desculpa! To me sentindo um idiota...

Camila: Eiii —segurei a mão dele, fazendo ele desacelerar — Calma, tá tudo bem! Não precisa se desculpar, não tinha como você saber. E também não é algo que me dói, sabe? Não foi como aconteceu com você, que vocês souberam no susto, mas montaram o quartinho, compraram as roupinhas, fizeram planos com o bebê... não foi.

Entrelacei nossos dedos.

Camila: Eu só soube que eu estava grávida depois que eu já tinha sofrido o aborto. Foi depois daquele lance que eu te contei, que eu tive uma briga com meu pai porque não quis casar lembra?! —ele assentiu, prestando atenção. — Então, a situação foi um pouco mais pesada do que eu te contei naquele dia. Ele acabou me agredindo e por conta de todo o estresse que eu tive naquele dia... eu "sangrei". Acordei no hospital achando que era coisa da minha menstruação desregulada eu só depois descobri que na verdade tinha sido um aborto espontâneo.

Felipe: e teu pai ainda te botou pra fora de casa? —franziu a testa, parecendo inconformado. Eu assenti e vi ele soltar aquele típico riso de raiva, de quando ele fica puto —Ele é um filha da puta, porra! —se agitou passando a mão pelo rosto—  Me desculpa, Mila. Mas teu pai é um arrombado do caralho! Um filho da puta!

Camila: Eiii, minha vó é um amor, tá? —brinquei, tentando deixar o clima menos pesado porque o bichin ja tava ficando com o pescoço vermelho de raiva, o maxilar ja marcando... pra ele parar la em Minas era um piscar de olhos.

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