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FLAVIA DUARTE 

Passei a semana toda decidida a não vir nesse Numanice hoje, por mais que eu ame e tivesse morrendo de vontade de vir. Só de imaginar que tinha alguma chance do Lucas aparecer por aqui minha vontade minava todinha. É muita coisa pra eu sustentar sozinha e quando eu parava pra pensar, minha melhor alternativa era continuar em casa, sem ter que encarar ninguém. 

Mas é justo eu me privar de tanta coisa assim? Eu precisava distrair minha mente também, sabe?! Dar um descanso desses pensamentos intrusivos que me invadem 24h por dia, e estar no pagode que eu gosto com pessoas que eu gosto me parecia uma boa distração pra essa loucura toda que eu to vivendo. 

Mas se eu soubesse... juro que eu tinha ido pra qualquer outro lugar pra não estar nessa situação de MERDA que eu to agora. 

Não só por estar no mesmo espaço onde o cara que eu ainda sou apaixonada está com a namorada dele, não "só" por isso.

Não só por ele ser o pai do filho que eu to escondendo de todo mundo que está aqui e isso consequentemente aumentar a culpa que eu to sentindo em esconder  isso principalmente do meu irmão. 

Mas por ele saber de tudo isso e ainda sim escolher ficar aqui, podendo estar em qualquer outro canto desse lugar enorme. Mas ele está aqui. Perto de mim. 

Por ele ter a coragem, a frieza e a cara-de-pau de vir me cumprimentar como se nada estivesse acontecendo, como se fossemos meros e bons colegas. Como se o mundo não estivesse caindo sobre a minha cabeça.

Lucas: Como você ta?! — perguntou baixo, meio apreensivo, disfarçando enquanto me cumprimentava com um abraço e beijo no rosto, assim como fez com as meninas. 

Flavia: É sério?! — eu ri sem humor, olhando nos olhos dele paralisada, tentando assimilar o que estava acontecendo. 

Ele não conseguiu me responder. Fiquei sem saber se foi por falta de uma resposta decente ou se foi pelo fato da namorada dele aparecer pra me cumprimentar também, toda sorridente e simpática. 

Tava meio que óbvio que ele ainda não tinha contado sobre a gravidez pra ela. Ou era isso, Ou ele não disse que a grávida era eu. 

— Oii, tudo bem?! — eu fiquei meio estática na hora que ela me puxou pra me dar dois beijos no rosto, mas ela foi tão simpática que mesmo naquela surpresa repentina, eu retribui na mesma educação que ela. — Prazer, Pietra. — sorriu

Flavia: Prazer, Flavia. — sorri de volta quando nos afastamos. 

Pietra: Nossa, que linda sua tatuagem. — disse se referindo a tatuagem que eu tenho entre os seios, que estava em evidência por conta do top que eu usava. —doeu muito? Sou doida pra fazer nesse mesmo lugar, acho lindo,  mas tenho muita sensibilidade a dor.  — riu

Flavia: Nem dói tanto não —respondi — essa foi bem de boa, pra falar a verdade. 

Pietra: Eu tô só adiando, Lucas que ta desde o início do ano tentando me fazer criar coragem, né amor?! — sorriu olhando pra ele por cima do ombro.

"Desde-o-início-do-ano." Minha mente repetiu pra mim mesma pausadamente e eu quis morrer, juro.

 A sensação só não durou muito porque logo em seguida o Lucas se tocou ao ver o meu desconforto e desconversou chamando ela pra ir cumprimentar a Babi que tinha acabado de chegar ali. 

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora